Análise: Potion Permit (Switch): curando a desconfiança de uma pequena cidade

Ajude um jovem alquimista a mudar a opinião pública da comunidade de Moonbury sobre a alquimia.

em 17/07/2024
Desenvolvido pela MassHive Media e publicado pela PQube, Potion Permit é um simulador de alquimista lançado para Nintendo Switch em 2022. Com belos visuais e a interessante premissa de nos colocar como o principal médico de uma pequena cidade, o título oferece uma aventura divertida, embora não isenta de problemas.

Uma comunidade com aversão aos alquimistas

Em Potion Permit, assumimos o papel de um protagonista personalizável que é alquimista de uma instituição conhecida como Associação Médica. Certo dia, nosso protagonista é enviado à aldeia de Moonbury, onde os moradores desprezam a alquimia devido a um evento trágico do passado.

Após curar a filha do prefeito, que estava doente há muito tempo e sem que nenhum método da medicina local conseguisse resolver, nosso herói é convidado pelo governante a permanecer na pequena comunidade para ajudar os moradores com eventuais problemas de saúde.

Assim, em meio à desconfiança e desprezo de algumas pessoas, o protagonista deve trabalhar duro para conquistar a confiança do povo e mudar a visão desses indivíduos sobre a alquimia. Considerando que o relacionamento com os NPCs é parte fundamental da experiência, é importante ressaltar positivamente o fato de o jogo estar completamente legendado em português, o que o torna muito mais acessível.

Diagnosticando problemas e fabricando poções

Logo no início da campanha, além de uma casa, recebemos um consultório. De tempos em tempos, surgem notificações informando que temos algum paciente. Conseguir curar o enfermo no limite de tempo estipulado melhora a nossa reputação na cidade, enquanto perder o prazo tem o efeito contrário.

O processo médico se inicia com o diagnóstico, que se apresenta em forma de minijogos simples, consistindo principalmente em apertar botões no momento correto ou memorizar e repetir sequências. Após a etapa de descoberta da enfermidade, o próximo passo é fabricar a poção adequada.

A produção dos elixires funciona como um puzzle, no qual devemos encaixar os ingredientes nos espaços vazios de um quadro. É importante destacar que cada receita e cada ingrediente possuem formas distintas, o que torna algumas poções um pouco mais complexas de se preparar, já que todos os quadradinhos devem ser preenchidos.

Com respeito aos ingredientes, eles são encontrados espalhados em alguns locais do mapa e se regeneram todos os dias. Além de plantas comuns, que devem ser recolhidas com uma foice, podemos adquirir matéria-prima de árvores, por meio de um machado, e de pedras, com o uso de uma marreta.

Outra fonte de materiais são os monstros que vagam por algumas áreas. Nesse sentido, os confrontos ocorrem em tempo real e utilizamos essas mesmas três ferramentas para derrubar as criaturas. Para ser sincero, o sistema de combate é extremamente raso e acaba sendo bem sem graça pelo fato de os adversários serem bobos e não oferecerem qualquer tipo de perigo.

Criando laços em Moonbury

Potion Permit também incorpora aspectos de simulação social, oferecendo cerca de três dezenas de NPCs com os quais somos capazes de nos relacionar (inclusive amorosamente com alguns deles). Como de praxe, cada indivíduo possui uma rotina e pode ser encontrado em diferentes locais da cidade, dependendo do dia ou horário.

Um aspecto que torna a comunidade mais viva é o fato de alguns personagens conversarem entre si sobre assuntos diversos. Outro ponto que merece ser mencionado é que cada pessoa apresenta quatro níveis de afeição, desbloqueados através da conclusão de eventos que exploram um pouco mais de suas personalidades.

No geral, o elenco de NPCs é cativante, com alguns indivíduos sendo carismaticos e possuindo um background bem interessante. Além disso, à medida que avançamos no jogo, alguns locais da comunidade vão sendo restaurados ou aprimorados, tornando o ambiente ainda mais bonito. Nessa perspectiva, é importante ressaltar que o título da MassHive possui um visual 2D muito caprichado.

Problemas de ritmo e superficialidade

Potion Permit dispõe de muitos elementos interessantes, mas também falha por não se aprofundar adequadamente em algumas mecânicas e oferecer um ritmo de progressão um tanto lento e problemático.

Em primeiro lugar, o tradicional sistema de presentear NPCs funciona de maneira diferente do tradicional aqui, já que temos apenas um item específico utilizado para todos os indivíduos. Essa abordagem acaba diminuindo bastante a individualidade de cada personagem, eliminando o conceito comum ao gênero de aprender o que cada personagem gosta.

Além disso, a falta de profundidade dos elementos de combate e a pouca variedade dos minijogos que compõem o sistema de diagnósticos e o de fabricação de poções acabam fazendo com que essas mecânicas se tornem monótonas a longo prazo.

Contudo, o aspecto mais problemático de Potion Permit é o fato de praticamente todas as melhorias exigirem quantidades enormes de pedra e madeira, fazendo com que muitas vezes tenhamos que passar dias seguidos cortando árvores e quebrando rochas apenas para aprimorar um único objeto.

Se tomarmos Stardew Valley como exemplo, temos as melhorias das ferramentas requerendo objetos coerentes com o resultado final e em quantidades muito mais justas. Para ilustrar, no maravilhoso simulador de fazenda, construir um machado de ferro exige cinco barras de ferro, ao passo que Potion Permit exige 125 pedaços de madeira e mais 100 unidades de pedra para produzirmos a mesma ferramenta.

A despeito dos problemas, vale a pena ser um alquimista 

Apesar de falhar e não se aprofundar adequadamente em algumas áreas, Potion Permit ainda oferece muitos momentos agradáveis e merece ser conferido, especialmente por aqueles que apreciam elementos de simulação social e gostariam ou tem curiosidade de ver esses aspectos introduzidos em um título que não seja de fazendinha.

Prós

  • O jogo apresenta visuais encantadores e bem-detalhados que ajudam a dar vida à cidade de Moonbury e seus habitantes;
  • Boa quantidade de NPCs com os quais o jogador pode interagir e desenvolver relacionamentos, com alguns deles sendo muito carismáticos e cativantes;
  • A premissa de eliminar a desconfiança da comunidade em relação à alquimia é envolvente;
  • Legendado em português.

Contras

  • O combate é raso e traz monstros que não oferecem desafio significativo;
  • As mecânicas de diagnósticos e fabricação de poções podem se tornar cansativas devido à falta de variedade nos minijogos;
  • A utilização de um único item de presente para todos os NPCs reduz a individualidade dos personagens e a profundidade das interações sociais;
  • As quantidades excessivas de pedra e madeira necessárias para melhorias podem tornar o progresso lento e frustrante.
Potion Permit — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Mobile/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia adquirida pelo próprio redator
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