Análise: Megaton Musashi W: Wired (Switch) traz um universo interessante e impressiona na customização

Apesar de deixar a desejar nos combates, o título da Level-5 nos dá inúmeras ferramentas para montar os nossos mechas.

em 05/07/2024
Megaton Musashi W: Wired é um RPG de ação desenvolvido pela Level-5, no qual controlamos robôs gigantes para combater alienígenas que invadiram a Terra. Embora o jogo apresente algumas deficiências, especialmente no desafio proporcionado pelos combates, ele oferece uma infinidade de opções de customização.

Um shounen com robôs

No universo de Megaton Musashi, a Terra foi invadida por alienígenas que dizimaram grande parte da população humana. Nesse cenário apocalíptico, os sobreviventes vivem em abrigos fortificados, alheios ao que ocorreu no exterior, pois suas memórias foram apagadas.

O protagonista da história é Yamato Ichidaiji, um jovem com uma personalidade forte e que constantemente se envolve em brigas. Após certos eventos, ele descobre a verdade sobre a terrível situação do planeta e acaba sendo recrutado por uma força especial que combate os alienígenas com robôs gigantes.

Quando lembramos de mechas, o primeiro pensamento geralmente recai sobre Neon Genesis Evangelion. No entanto, Megaton Musashi adota uma linguagem muito mais direta e típica dos animes shounen, repleta dos exageros característicos desse gênero. Para os fãs de Yoshihiro Togashi, Yamato possui uma relação de amizade/rivalidade com outro delinquente chamado Ryugo Hijikata, uma dinâmica extremamente parecida com a de Yusuke e Kuwabara em Yu Yu Hakusho.

O título da Level-5 também incorpora diversas situações já vistas em outras obras de contexto semelhante (nestes casos, não necessariamente de shounen). Para ilustrar, temos o jovem sem memórias que, de repente, se vê no centro de batalhas de criaturas gigantes, como em SSSS.Gridman, além de um cenário que combina um mundo invadido por alienígenas combatidos por mechas e um protagonista separado de sua irmã na infância, como em Schwarzesmarken.

A história de Megaton Musashi certamente não é inovadora e não provocará reflexões profundas nos jogadores. No entanto, ela é envolvente e desperta curiosidade ao longo de quase toda a sua duração, além de oferecer algumas reviravoltas interessantes, embora não tão surpreendentes para aqueles que já conhecem produções como Parasyte: The Maxim.

Mesmo com todas as caricaturas e exageros, a narrativa traz alguns personagens carismáticos e consegue criar em nós uma genuína empatia por eles, inclusive com respeito a alguns alienígenas. É uma pena que o título não tenha opção de legendas em português, o que pode limitar o acesso ao enredo.

Em suma, para os apreciadores de shounen, este jogo é um prato cheio. Já para aqueles que não têm tanta paciência para esse tipo de linguagem ou têm como referência de mechas obras mais próximas de Evangelion ou até mesmo de 13 Sentinels: Aegis Rim, é bom ter um pouco mais de cautela antes de se aventurar neste game.

Incrível em 2D, mas nem tanto em 3D

A jogabilidade de Megaton Musashi se divide em dois segmentos principais. O primeiro consiste basicamente em uma aventura narrativa, na qual exploramos a cidade em ambientes 2D, interagindo com personagens chave para avançar na história. Vale destacar que os visuais são belíssimos e todos os diálogos são bem dublados em japonês.

Durante esses momentos de navegação, também podemos aceitar e cumprir missões alternativas, algumas das quais servem para desenvolver melhor certos personagens. Um ponto interessante é a possibilidade de viajar rapidamente para todos os principais locais da cidade, o que é extremamente útil para quem não quer perder tempo andando manualmente e prefere focar apenas na campanha principal.

No segundo segmento, controlamos os robôs gigantes de uma perspectiva em terceira pessoa, combatendo os inimigos alienígenas em cenários 3D. Vale destacar que, em ambas as situações, o protagonismo rotaciona entre os principais personagens, embora o foco maior fique em Yamato e uma certa garota, que passa a ter mais relevância a partir de determinado momento da história.

Nos confrontos, os controles dos robôs são funcionais e respondem bem aos comandos, permitindo combos comuns e ataques especiais, saltos, aceleração com propulsores, defesa, esquiva e tiros com armas de longo alcance. Em geral, as lutas são bem ágeis, quase beirando o estilo hack 'n’ slash.

No entanto, um dos grandes problemas dos embates é a falta de atenção aos cenários 3D. Enquanto os ambientes 2D são cuidadosamente construídos, os campos de batalha são basicamente corredores com visual genérico e sem vida. Entendo que o mundo exterior está destruído, mas há muitas formas de mostrar isso além de prédios quebrados que só se diferenciam pelo tamanho.

Customização impressionante, mas de pouca utilização prática 

Além da história, um dos aspectos mais positivos em Megaton Musashi é certamente  a personalização dos robôs. Como é comum em jogos desse tipo, podemos alterar todos os membros do corpo do mecha, como tronco, braços e pernas, além das armas de curto e de longo alcance.

Também é possível modificar os circuitos internos da placa mãe, com cada pecinha atribuindo um efeito diferente à máquina. Além da personalização dos gigantes de aço, cada piloto conta com diversas habilidades que podem ser adquiridas com pontos específicos. 

Nessa perspectiva, os atributos dos mechas podem atingir valores altíssimos, o que pode agradar bastante aqueles que apreciam uma abordagem detalhada de customização. Além disso, a cada batalha vencida, recebemos inúmeras novas peças, variando de comuns até lendárias, fazendo que sempre tenhamos muitas alternativas para mudar o nosso titã blindado.

Infelizmente, toda essa personalização funciona muito mais no campo visual do que nos campos de batalha. Isso porque, embora os controles dos robôs sejam responsivos, os desafios da campanha são repetitivos e, na maioria das vezes, não exigem muita habilidade do jogador, que muito provavelmente conseguirá vencê-los apenas apertando o botão de ataque repetidamente.

O estranho é que existem, sim, alguns confrontos que proporcionam um desafio mais agradável e exigem que utilizemos as funções de combate com inteligência. Temos exemplos nos capítulos 10 e 11, que estão entre os melhores do jogo, narrativamente falando, e trazem diversos confrontos seguidos, alguns contra alvos únicos que contam padrões de golpes mais complexos.

É também depois desse ponto da história que desbloqueamos a possibilidade de alterar a dificuldade das missões principais. No entanto, essa alteração apenas muda a resistência e o poder dos adversários, e não a inteligência e complexidade de suas ações. É realmente uma pena que não haja muitos momentos desafiadores como esses mencionados, pois a maioria das lutas acaba sendo bastante monótona.

Para finalizar, é importante mencionar que Megaton Musashi conta com um modo multiplayer, incluindo PVP e missões em grupo. Dentro desse conteúdo, há algumas fases de dificuldade elevada, mas, mais uma vez, muito mais relacionados aos níveis de força e resistência dos inimigos do que à complexidade de suas ações.

Uma aventura que vale a pena conferir 

Se contasse com adversários mais aprimorados, Megaton Musashi W: Wired certamente se destacaria muito mais e poderia ser visto como um dos grandes representantes do gênero. No entanto, apesar de não ser o caso, ainda vale muito a pena conferir essa interessante história e passar algumas boas horas personalizando as máquinas gigantes.

Prós

  • História cativante, com personagens carismáticos e reviravoltas interessantes, ideal para entusiastas de animes shounen;
  • Personalização altíssima dos robôs, incluindo alteração de todos os membros do corpo, armas, habilidades e circuitos internos;
  • Os ambientes 2D e os personagens possuem visuais atraentes, além de todos os diálogos serem bem dublados em japonês;
  • O sistema de viagem rápida ajuda os jogadores mais apressados a se concentrarem apenas na campanha principal.

Contras

  • Os campos de batalha em 3D não oferecem muita variedade e profundidade visual, contrastando com belos cenários 2D;
  • Embora existam alguns confrontos que ofereçam um desafio mais interessante, esses momentos são escassos em comparação com a enormidade de lutas monótonas e sem graça;
  • O título possui todos os vícios e exageros de animes shounen, o que pode afastar pessoas que não se identificam tanto com esse tipo de produção;
  • Ausência de legendas em português.
Megaton Musashi W: Wired — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Level-5 
Siga o Blast nas Redes Sociais

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).