Jogamos

Análise: Ace Combat 7: Skies Unknown — colocando o hardware do Switch à prova

O jogo da Bandai Namco voa alto e brilhante no Nintendo Switch.

em 25/07/2024

Ace Combat 7: Skies Unknown chega trazendo uma experiência que combina narrativa envolvente, mecânicas de combate detalhadas e gráficos impressionantes. Parte da longeva franquia Ace Combat, este título se destaca não apenas pela sua jogabilidade refinada, mas também pela maneira como consegue transportar o jogador para um universo fictício, onde guerras aéreas são travadas com maestria.

Lançado para múltiplas plataformas, e recentemente para o Nintendo Switch, Skies Unknown se propõe a entregar uma experiência completa, cheia de adrenalina e emoção, seja para veteranos da série ou novatos no comando dos caças. Exploraremos como o jogo se sustenta em termos de narrativa, mecânicas de voo, customização de aeronaves, e como ele se adapta ao hardware do Switch, além de avaliar sua performance nos modos online e offline.

Guerra, complôs e tecnologia


Uma das características mais marcantes da série Ace Combat é a atenção não apenas às mecânicas de combate, mas também à narrativa envolvente que cria uma imersão maior para o jogador, fazendo com que ele se importe de fato com o jogo. Skies Unknown não é diferente.

Assim como todos os games da franquia, Skies Unknown se passa no universo fictício de Strangereal. Desta vez, encarnamos o piloto, cujo nome não sabemos, mas que é conhecido pelo apelido Trigger. Durante a história da Guerra do Farol, Trigger evolui de um novato, passa para um bode expiatório até se tornar líder de esquadrão. Além de acompanhar Trigger, as espetaculares cutscenes contam a história de diversos personagens importantes para o enredo de ambos os lados do conflito, que nosso personagem vivencia no campo de batalha.

A narrativa de Skies Unknown pode não ser inovadora, mas a forma como é conduzida é muito competente. A construção das conspirações, os questionamentos sobre o avanço das tecnologias e a substituição humana, e a ação são apresentados de modo coerente e imersivo. Tudo isso é embalado com uma trilha sonora e músicas incríveis.

Entre o arcade e o simulador


Ace Combat é uma franquia que flerta com a simulação, mas não pretende ser um simulador completo, nem abraça o arcade puro. Sem rodeios, o jogo oferece basicamente dois modos de pilotagem: padrão e avançado.

O modo padrão apresenta um controle mais simplificado das aeronaves, sem a necessidade de ações complexas para virar os caças e mantê-los estáveis no céu. Isso entrega uma jogabilidade mais arcade, lembrando o modo all-range do Star Fox 64, mas sacrificando a possibilidade de realizar manobras avançadas livremente.

O modo avançado, por sua vez, oferece uma dinâmica mais próxima dos simuladores, dando controle sobre diversos aspectos da movimentação do veículo. É consequentemente mais difícil de controlar, mas proporciona uma sensação mais realista e de maior liberdade, especialmente para realizar manobras avançadas e aproveitar a vasta quantidade de aeronaves e modificações disponíveis.

Árvore de aeronaves e muita customização


A customização dos caças é um ponto importante do jogo. Além de adquirir novas aeronaves com os pontos obtidos nas missões ou nas partidas online, a árvore de aeronaves permite a aquisição de novas peças e tipos de armas. Antes das missões e partidas online, esses itens podem ser modificados, alterando os status e a jogabilidade do veículo.

A árvore de aeronaves oferece uma grande quantidade de caças, armas e peças, algumas exclusivas para o modo online. Isso permite um alto grau de personalização e um fator replay considerável, já que rejogar as missões com diferentes caças e configurações pode ser bastante divertido.

Nuvens e clima como mecânica funcional


O ponto mais importante das mecânicas de Ace Combat 7 está nos efeitos climáticos, na volumetria das nuvens e em como eles interferem no funcionamento dos caças e dos combates. Diferente dos jogos anteriores da série, ou de muitos outros jogos do gênero, elementos como nuvens, trovões e situações climáticas em geral não são apenas efeitos visuais em Skies Unknown.

As nuvens são elementos presentes no ambiente 3D, interagindo diretamente com o veículo, ajudando a evitar miras inimigas, mas também dificultando a travar a mira nos adversários e causando efeitos adversos como congelamento e turbulência. Outros efeitos climáticos, como descargas elétricas e raios, presentes em nuvens mais carregadas ou em missões durante tempestades, acrescentam ao realismo do jogo.

Voar em meio a condições climáticas adversas, perseguindo e sendo perseguido por adversários, enfrentando turbulência e estresse da aeronave, é uma experiência cheia de adrenalina e diversão. Além disso, ouvir o rádio dos companheiros de esquadrão com o nervosismo e estresse do combate cria um clima de ação e emergência. É difícil descrever essa experiência como algo além de emocionante.

Estabilidade e qualidade gráfica impressionante


Desde que o port de Ace Combat 7 foi anunciado, uma questão provavelmente surgiu na mente de todos: como um jogo com visuais, efeitos e mecânicas tão complexos rodaria no Nintendo Switch? E o que se provou é que o Switch não apenas consegue rodar o jogo, mas o faz muito bem, mantendo as principais características e pontos fortes do jogo.

Os diversos efeitos visuais e físicos estão completamente presentes na versão de Switch. As mecânicas de clima funcionam perfeitamente, o calor da turbina, os modelos das aeronaves e suas reações ao ambiente, tudo está lá, embora com uma resolução menor devido à natureza do hardware.


A fluidez do jogo, tanto na dock quanto no modo portátil, impressiona, mantendo-se sem queda de frames durante quase toda a campanha e sem falhas no modo online. O jogo roda a 30 fps travados, o que não prejudica em nada a experiência do game, e se mostrou uma escolha acertada pela equipe de desenvolvimento, visto que as versões dos consoles em que saiu primeiro apresentam quedas bruscas de quadros.

Uma das maiores, ou únicas, perdas da versão de Switch em relação às demais é a ocorrência de pop-ins de elementos no cenário em missões mais próximas ao solo. Elementos como árvores e algumas estruturas, como prédios e outras construções, surgem no campo de visão conforme o veículo se aproxima. Há também uma menor densidade desses itens em relação às outras versões. Ainda assim, essa escolha permitiu que o jogo não adicionasse elementos em excesso, mantendo a fluidez. Uma troca justificável e compreensível.

Modos online fluídos 


O modo online foi uma grande surpresa. Embora não esteja sendo tão jogado quanto merece, o online de Skies Unknown, assim como o modo campanha, funciona de forma fluida. Não há grandes lags e travamentos que poderiam arruinar a experiência online. Assim, as partidas, tanto no modo battle royale — que na verdade é ao estilo cada um por si — quanto no modo de equipes, mantêm-se frenéticas, cheias de velocidade, ação e diversão.

O modo online ainda oferece peças que podem ser liberadas na árvore de aeronaves e que podem ser equipadas exclusivamente para uso nele, permitindo ainda mais possibilidades de customizações únicas. Há também a opção de criar salas fechadas para jogar com amigos.

Competência define

Se há algo que a equipe de desenvolvimento da Namco e do Project Aces pode ser chamada, é de competente. Ace Combat 7: Skies Unknown é um claro exemplo do que uma equipe pode fazer ao dominar o hardware do Nintendo Switch. Enquanto vimos vários ports duvidosos ou desastrosos surgindo ao longo da vida do console, o jogo da Namco prova o quanto o Switch é versátil e pode entregar resultados quase inacreditáveis quando bem trabalhado.

Prós:

  • A possibilidade de escolher o modo de controle permite maior acessibilidade ao jogo;
  • Ótima narrativa, recheada de reviravoltas e com trilha sonora marcante, tornando a experiência imersiva;.
  • Não perde em nada nos aspectos de jogabilidade em relação às versões de outros consoles;.
  • Visuais incríveis, especialmente os modelos das aeronaves, efeitos visuais e cutscenes espetaculares.

Contras:

  • Os pop-ins perceptíveis em algumas missões podem ser incômodos para jogadores mais exigentes quanto ao realismo;
  • O jogo conta com apenas 20 missões principais, o que pode ser considerado relativamente curto;
  • O modo online não possui crossplay;

Ace Combat 7: Skies Unknown — PC/PS4/PS5/Switch/XBOX One — Nota: 9 
Versão utilizada para análise: Switch 

Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco


Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde é Bacharel em Letras, redator na web há mais de dez anos e escritor com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, é fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Ocasionalmente faz lives na twitch: @lordeverso
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.