Análise: Rocket Knight Adventures: Re-Sparked! (Switch): uma coletânea que mira e acerta na nostalgia

A coletânea cumpre com o que promete, trazendo três bons jogos da era 16-bits em um pacote feito para fãs da mascote esquecida da Konami.

em 25/06/2024

Uma parceria entre Konami e Limited Run Games traz a coletânea Rocket Knight Adventures: Re-Sparked! às plataformas modernas, que conta com toda a potência da tecnologia Carbon Engine para emular com qualidade esses títulos mais antigos. No entanto, enquanto a aposta é certeira para fãs da chamada "era de ouro dos videogames" — eu inclusa, ainda mais quando falamos de jogos de plataforma —, o pacote em si deixa um pouco a desejar em algumas funcionalidades básicas, algo que também afeta a jogabilidade.

Quem é Sparkster?

Antes de entrarmos na análise em si, quero trazer um pouco de contextualização. Para quem teve a oportunidade de viver a era 16-bits dos videogames, também chamada de quarta geração de consoles, é sabido que Nintendo e Sega viviam em pé de guerra para ver qual empresa conseguiria angariar uma sólida base de fãs. Do lado vermelho, tínhamos o Super Nintendo; do azul, o Mega Drive (ou Genesis, na América do Norte).

No meio dessa disputa, algumas desenvolvedoras se desdobravam para levar suas criações para ambos os consoles, como é o caso da Konami com sua tentativa de trazer uma mascote própria, um simpático gambá chamado Sparkster, munido de uma armadura com foguete a jato. No Mega Drive, tivemos Rocket Knight Adventures e sua sequência direta, Sparkster: Rocket Knight Adventures 2; no Super Nintendo, Sparkster.

Em termos gerais, os três são jogos de plataforma, nos quais controlamos o herói homônimo em diferentes aventuras, cujo enredo muda de um título para o outro. Diferentemente de Sonic, Sparkster não tem à sua disposição uma supervelocidade, porém conta com uma armadura a jato e uma espada que o auxiliam em suas missões, bem como a enfrentar os inimigos pelo caminho.


A principal diferença de jogabilidade está no segundo título da mascote da Konami, Sparkster: Rocket Knight Adventures 2, no qual a barra de energia do jetpack do gambá-cavaleiro é carregada automaticamente, em mecânica similar à de Valis III. Já a estreia desse inusitado protagonista no console da Nintendo superou as expectativas em termos de gráficos e sons, porém trouxe uma abordagem mais próxima do primeiro título, original de Mega Drive.

Fora as sessões de plataforma, os jogos também oferecem algumas fases mais diferenciadas, como porções de shoot ‘em up e o combate de robôs entre Sparkster e Axel, seu rival, diversificando a campanha. Contudo, é importante ter em mente que, mesmo com a possibilidade de escolher a dificuldade, os três jogos trazem um nível de desafio ímpar, algo bastante comum para a época.

A magia da tecnologia Carbon Engine e aquele conteúdo extra que todo mundo adora

Criada pela Limited Run Games, permite que jogos mais antigos sejam portados para plataformas modernas, melhorando sua qualidade gráfica e sonora sem afetar o conteúdo original. Tecnicamente falando, a Carbon Engine usa o sistema de emulação como base e, em cima disso, permite que designers de jogos adicionem recursos como interface de usuário, renderização, áudio, gerenciamento de dados, entradas de controle e funcionalidades específicas de SDK (software development kit, do inglês, kit de desenvolvimento de software) de consoles, como troféus — algo não aplicável para o Switch, vale ressaltar.

Desse modo, Re-Sparked! é um pacote que traz os três jogos supracitados de maneira emulada. Com isso, temos acesso não apenas a um filtro que simula as antigas TVs de tubo (CRT), como também a opção de escolher a resolução da tela e aplicar ou não bordas temáticas para deixar a jogatina mais divertida; ainda, a Limited Run Games adicionou as funções de retroceder (rewind), possibilitando voltar os frames em até dez segundos para tentar refazer uma ação que não deu certo, e de save/load state, que nos permite salvar e continuar a jogatina do ponto em que paramos.


No entanto, o ponto negativo que mais me chamou a atenção foi a impossibilidade de remapear os controles. Isso impacta na jogabilidade, pois gera inconsistência nos botões; por exemplo, para controlar Sparkster nos títulos de Mega Drive, usamos os botões A e B, enquanto no de Super Nintendo, Y e B.

Além disso, em algumas análises do jogo internet afora, pessoas reportaram problemas pontuais na emulação, como meu colega Alecsander Oliveira apontou alguns estalos de som em seu texto para o GameBlast. Felizmente, não percebi nada de estranho na versão para o Switch, seja jogando no modo portátil, seja na dock.


Mesmo que não conte com muitos atrativos em termos de jogabilidade, este pacote de emulação traz alguns mimos para fazer a alegria de fãs do gambá-cavaleiro. Temos uma vasta galeria com as capas dos jogos, manuais oficiais e artes conceituais, um tocador de música (seríssimo, vale a pena tirar um tempinho para ouvir as composições de cada jogo) e até mesmo um modo boss rush para quem quer desafiar os chefes. Até mesmo a animação original feita para a coletânea, com a música-tema remasterizada, é um deleite para quem curte Sparkster.

Por fim, algo bacana por parte da Limited Run Games, na minha opinião, foi adicionar as duas versões (norte-americana e japonesa) de cada jogo. Se formos fazer as contas e considerar que os lançamentos ocidental e japonês trazem certas diferenças em conteúdo — por exemplo, o primeiro lançamento de Mega Drive em terras nipônicas foca mais na história —, então temos aqui uma coletânea robusta com seis jogos.

No fim do dia, é apenas mais um material para fãs das antigas

Por um lado, Rocket Knight Adventures: Re-Sparked! é um ótimo lançamento que não ficou restrito às edições físicas limitadas da Limited Run Games, estando disponível também na eShop (vide a versão digital utilizada para análise); por outro, com poucas opções em termos de emulação, a coletânea se baseia apenas em revitalizar seis jogos icônicos (considerando as diferenças entre as versões norte-americana e japonesa deles) da era 16-bits.

Colocando os prós e contras na balança, trata-se de um software que faz mais apelo à nostalgia e que pouco pode interessar à geração atual, dada a dificuldade dos jogos do simpático Sparkster. Ao menos, os mimos contidos em Re-Sparked! podem ser atrativos para quem realmente é fã do gambá-cavaleiro.

Prós

  • Considerando as diferenças entre as versões ocidental e japonesa de cada jogo, a coletânea traz seis jogos de qualidade da era 16-bits;
  • Além do tradicional gênero plataforma, os três títulos apostam em algumas fases com jogabilidade diferenciada, como shoot ‘em up e batalha entre robôs;
  • Apresentação audiovisual estonteante, potencializada graças à qualidade de emulação da tecnologia Carbon Engine;
  • A coletânea traz mimos bem-vindos, como uma vasta galeria com artes conceituais, manuais e capas dos jogos, bem como um tocador de música com todas as faixas dos títulos da coletânea e a inclusão de um modo boss rush para cada jogo;
  • Adição de ferramentas de qualidade de vida em termos de emulação (rewind e save/load state);
  • Possibilidade de alterar a resolução da tela de jogo e de adicionar bordas temáticas;
  • Ótima jogabilidade no Switch, tanto no modo TV quanto no portátil;
  • A abertura da coletânea e a remasterização da música-tema são excelentes.

Contras

  • Mesmo com a possibilidade de escolher a dificuldade, o nível de desafio dos jogos ainda é elevado e pouco convidativo para a geração atual;
  • Os jogos possuem algumas diferenças na jogabilidade, vide o carregamento automático do jetpack em Sparkster: Rocket Knight Adventures 2;
  • Impossibilidade de remapear botões, impactando na jogabilidade entre os títulos de Mega Drive e o de Super Nintendo.
Rocket Knight Adventures: Re-Sparked! — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Capa: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida por Konami
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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