Análise: Paper Mario: The Thousand-Year Door é um clássico em todo o seu esplendor no Switch

Segundo título da franquia Paper Mario chega em uma edição repaginada que mantém a sua alta qualidade e atualiza a experiência para novos jogadores.

em 04/06/2024
Quando se fala de RPGs do Mario, Paper Mario: The Thousand-Year Door é um dos títulos mais conceituados. Lançado originalmente para GameCube, o jogo é muito lembrado como um ápice da franquia. Com o relançamento no Switch, mais jogadores podem ter acesso ao encanto da obra — e já adianto que a nova edição consegue apresentar muito bem a riqueza destse tesouro da Nintendo.

A porta milenar

A história de Paper Mario: The Thousand-Year Door começa quando a princesa Peach consegue um mapa mágico enquanto visitava a cidade portuária de Rogueport. Curiosa quanto ao tesouro que ele poderia indicar, ela envia uma carta para Mario com o item e pede que o protagonista a encontre na cidade.
 
Ao chegar a Rogueport, Mario não consegue encontrar a princesa e começa a jornada em busca de tentar descobrir o seu paradeiro. Em paralelo, de posse do mapa, ele começa a investigar o mistério da Thousand-Year Door e as sete Crystal Stars. Sem rastros de Peach, ele acaba lidando com o seu segundo objetivo com mais rapidez.
No caminho, Mario encontra vários personagens que se tornarão grandes aliados na sua jornada. De forma geral, a história cumpre exatamente o que se deveria esperar de um RPG do Mario: um mundo carismático e colorido, personagens cheios de personalidade e carisma e diálogos muito engraçados.
 
Como foi a minha primeira vez jogando o título, já que não tive a oportunidade de acompanhar a aventura original no GameCube, confesso que fui surpreendido bem positivamente pela trama. Alguns diálogos são bastante inusitados e é interessante ver os personagens não terem papas na língua ou mostrarem um lado de gozação em algumas ocasiões.

Combate para o respeitável público

Os RPGs do Mario usam um sistema de turnos bem peculiar no qual temos a oportunidade de melhorar a performance de nossos ataques e defesas apertando botões nos momentos exatos indicados pelas animações. Esse sistema data do Super Mario RPG original e foi refinado de várias formas em seus sucessores.
 
Em Paper Mario: The Thousand-Year Door, a lógica básica é a mesma. Temos o controle apenas de Mario e um aliado, que pode ser trocado durante o combate de acordo com nossas estratégias. Enquanto o herói pode pular e usar um martelo, cada parceiro por si só é mais limitado em opções, justificando trocas de acordo com a ocasião.
Ao lidar com um Goomba com espinho, por exemplo, o pulo é uma péssima ideia, pois quem sairá machucado será o atacante, no caso, Mario, Goombella ou o pequeno Yoshi; dessa forma, é melhor usar o martelo do protagonista ou o casco de Koops. Além dos ataques, os personagens podem se defender, tentar fugir ou se aproveitar de itens para curar um aliado ou causar dano ou efeitos aos inimigos.
 
Conforme avançamos a história e encontramos as Crystal Stars, Mario irá ganhar novas habilidades especiais que consomem Star Points (SP). Esses poderes têm efeitos variados e podem mudar radicalmente as condições do combate.
 
Um detalhe interessante é que o SP é uma energia que recuperamos graças ao sistema de plateia do jogo. Acertar o timing dos ataques e fazer firulas adicionais nos permitem recuperar esses pontos para poder voltar a usar os poderes especiais mais rapidamente.
Além de tudo isso, ainda temos as badges, que são equipamentos que podem liberar ataques que consomem Flower Points (FP), alterar condições como ataque e defesa de Mario e seus aliados, entre várias outras coisas. Compensa bastante tentar focar o desenvolvimento de Mario na liberação de mais pontos para alocar badges.
 
De forma geral, todos esses elementos fazem do combate de The Thousand-Year Door uma estrutura bem arrojada e divertida de dominar. É um tipo de jogo em que entender todos os sistemas e engajar ativamente com eles é muito recompensador —e isso é um dos fatores que mais tem valor em um RPG.

Explorando um mundo rico em diversidade

Fora das batalhas, também contamos com habilidades variadas para usar na exploração. Aproveitando-se de elementos de plataforma típicos da franquia, The Thousand-Year Door é uma jornada na qual vale a pena explorar todos os cantinhos para buscar mais itens.
 
Começamos a jornada tendo apenas a capacidade de pular e bater nas coisas (e NPCs) com o martelo, mas aos poucos vamos desbloqueando mais habilidades. Além de upgrades para o pulo e a martelada, Mario passa a se transformar em outras formas aproveitando o fato de ser feito de papel, como um aviãozinho ou um barquinho.
Nossos aliados também possuem suas próprias habilidades, que permitem alcançar áreas distantes, explodir paredes, soltar jatos de vento, entre outras coisas. Cada área do mundo exige que usemos esses poderes para avançar e também escondem segredos que só os olhos mais atentos perceberão.
 
Em termos de novidades do pacote, a principal melhoria da versão de Switch de The Thousand-Year Door é relacionada aos aspectos de qualidade de vida. Poder trocar o aliado apertando um botão e voltar rapidamente para áreas já visitadas com a Pipe Room são pequenos ajustes, mas bem significativos para a experiência.
Também houve ajustes na localização, no visual e na trilha sonora. No aspecto gráfico, as novas versões dos ambientes são bem fiéisfieis ao original, mas ficaram de fato parecendo modernas dentro do estilo mais cartunesco.
 
O jogo original rodava a 60 FPS, enquanto a nova versão a 30, mas comparando lado a lado dá para notar o quanto o jogo foi totalmente retrabalhado com novos assets. Honestamente, a única coisa que me incomodou é que o esforço de iluminação fez com que algumas áreas ficassem escuras sem necessidade. Um bom exemplo disso é a cozinha do Zess T., que fica parecendo que ele não pagou a conta de luz.
Porém, o que realmente chama a atenção nas mudanças é a trilha sonora. É possível equipar uma badge com as músicas do lançamento original, mas por padrão usamos uma trilha nova que remasteriza alguns toques, mas também adiciona outros completamente novos.
 
As batalhas de cada área agora possuem versões únicas de sua trilha e isso ajuda a dar um toque bem peculiar para cada capítulo, explorando as sensações charmosas das regiões tão diversas que exploramos. De forma geral, recomendo bastante aproveitar as novas músicas.

Um pacote respeitável

Paper Mario: The Thousand-Year Door
traz de volta um enorme clássico da Nintendo em uma edição respeitável no Switch. As adições de qualidade de vida fazem com que a jornada seja ainda mais confortável para quem não tem costume com RPGs. É muito fácil ver porque a obra é lembrada com tanto carinho pelos fãs, pois ela consegue oferecer tudo o que um bom jogo do gênero precisa ter,  e a nova edição é uma boa forma de vivenciar isso.

Prós

  • Combate de turnos com elementos de timing que incentivam a participação ativa do jogador;
  • Elementos de plataforma, poderes e transformações fazem com que os mundos sejam muito ricos e valorizem a exploração;
  • Um mundo encantador com personagens carismáticos e diálogos muito divertidos;
  • Novos elementos de qualidade de vida tornam a jornada muito mais tranquila para novatos;
  • As excelentes variações das trilhas de batalha fortalecem o charme de cada área.

Contras

  • A animação de ganho de SP demora e acaba atrapalhando o uso de Specials em algumas ocasiões;
  • A iluminação reimaginada deixa algumas áreas desnecessariamente escuras.
Paper Mario: The Thousand-Year Door — Switch — Nota: 9.5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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