Análise: Rainbow Cotton (Switch): um ponto baixo para a série de “cute’em ups”

Nova edição do jogo de Dreamcast é interessante apenas para colecionadores hardcore.

em 08/05/2024
Iniciada nos arcades em 1991, a franquia Cotton é uma série de shoot’em ups com ambientação mágica e elementos fofos em seu visual. As obras contam a história de Nata de Cotton, uma bruxinha que viaja em sua vassoura voadora em busca de doces conhecidos como Willows.

Embora a franquia seja mais conhecida pelo seu título original e viva no imaginário dos fãs dentro da perspectiva sidescroller, a franquia também se arriscou para o lado dos rail shooters. Rainbow Cotton é um desses experimentos, tendo sido originalmente lançado no Dreamcast.

Um mundo cheio de carisma

Em Rainbow Cotton, acompanhamos a jornada de Cotton para restaurar a ordem no reino das fadas de Filament. Monstros atacaram o castelo Lasha e tomaram o controle das várias cidades do entorno que produzem o doce preferido da bruxinha: o Willow.

Na prática, a garota não tem nenhuma boa intenção e só quer conseguir mais doces. Porém, sua parceira, a fada Silk, habilmente manobra o apetite de Cotton para fazer com que ela ajude suas amigas em perigo.

Como de costume para a franquia, temos um mundo hipercolorido e vibrante. Mesmo com ambientes que seguem elementos tradicionais de fantasia, como castelos e vilarejos, há um charme bem peculiar por conta disso. O design dos inimigos também segue essa filosofia, com criaturas como gotas de cores variadas sendo comuns.

Outro fator específico deste jogo são as cutscenes animadas. Temos breves trechos de anime que apresentam a situação e mostram as reações de Cotton a lidar com os chefões de cada área. Elas são bem charmosas e mostram o carinho com esse aspecto mais bobo e fofo das personagens.

Originalmente lançado apenas no Japão no ano 2000, este relançamento é a primeira versão ocidental de Rainbow Cotton, com legendas em inglês para as cenas de história animadas, e as vozes em japonês foram mantidas.

O esforço de preservação

O relançamento de Rainbow Cotton é importante no quesito de preservação da história da série. Ao trazê-lo para a geração atual, a ININ dá uma nova chance para que a obra alcance mais jogadores que poderiam apreciá-lo.

É possível jogar a versão original com filtros, a nova edição totalmente reconstruída e um modo co-op local. A versão moderna tem o visual totalmente repaginado e alguns ajustes, como um indicador de inimigos que serão atingidos por golpes carregados.

Porém, sendo franco, as adições de gameplay são elementos triviais que já deveriam estar no título original. No fundo, no fundo, elas não são ajustes significativos para corrigir o fato de que a jogabilidade é simplesmente fraca e mal projetada.

Um rail shooter mal projetado

Rainbow Cotton é uma sequência de Panorama Cotton, e o primeiro título da franquia a ser feito em 3D. Em meio ao medo de se tornar “coisa do passado”, várias séries buscavam formas de se modernizar e acompanhar os avanços tecnológicos da época.

Os desenvolvedores decidiram testar então explorar o formato de rail shooter, fazendo com que o jogador tenha uma visão tridimensional dos ambientes, mas só possa se movimentar nos eixos vertical e horizontal.

Infelizmente temos pouca visão dos elementos que vão nos atingir e a movimentação da personagem não é ágil suficiente para desviar de vários ataques inoportunos. O controle da mira também acompanha a movimentação da personagem, ou seja, é necessário ajustar sua trajetória para tentar atingir o inimigo desejado.

Para piorar, essas dificuldades são o suficiente para fazer com que a experiência geral seja desnecessariamente injusta. Não se trata aqui nem mesmo de um desafio empolgante pela dificuldade, mas sim de um jogo travado.

Para não dizer que é de todo ruim, quero destacar que é muito interessante o fato de que as fases possuem ramificações, sendo possível explorar trechos diferentes de acordo com nossas ações. Por conta disso, temos mais motivações para rejogar, mas quando a base da experiência é medíocre, isso acaba não chamando tanta atenção.

Um doce apenas para colecionadores

Rainbow Cotton é um jogo cuja base fraca não se sustenta apenas com ajustes pontuais e uma recauchutada nos visuais. Embora o carismático universo da série ainda tenha seu charme, esta é uma obra que só vale a pena como um retrato de um momento da franquia e nada mais.

Prós

  • Como preservação de um jogo antigo e primeiro lançamento ocidental, o título cumpre o seu papel;
  • Mundo colorido e cheio de charme;
  • Cutscenes divertidas com legendas em inglês;
  • Fases com ramificações adicionam fator replay.

Contras

  • A dificuldade de enxergar os elementos na tela e se movimentar de forma apropriada faz com que a experiência de gameplay seja muito ruim;
  • O controle da mira é travado à movimentação da personagem;
  • Fora os ajustes visuais, as adições são muito pouco significativas e não corrigem os problemas de gameplay do título original.

Rainbow Cotton — Switch/PC/XBO/XSX/PS4/PS5 — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela ININ Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.