Análise: Grounded (Switch): sobrevivendo em um jardim na palma da mão

Edição de Switch do jogo da Xbox Game Studios mantém uma experiência sólida, mas com mais percalços devido à infraestrutura online.

em 06/05/2024
A Xbox Game Studios tem investido na produção de vários jogos e feito parcerias para o lançamento desses títulos em outras plataformas. Um bom exemplo disso é o recente lançamento de Grounded no Switch.

No intuito de expandir a comunidade, a empresa lançou o título no Switch e nos consoles PlayStation. Com isso, mais jogadores têm a oportunidade de conhecer a obra, uma ótima forma de garantir mais viabilidade para o online, que é central para a experiência.

Pequeninos sobrevivendo em um quintal

Grounded coloca os jogadores no controle de crianças miniaturizadas que precisam explorar um jardim recheado de perigos. Insetos que seriam apenas minúsculos inconvenientes se tornam monstros poderosos, buracos viram cavernas e todo tipo de objeto parece muito maior do que o normal.

Para lidar com os perigos, é necessário obter recursos. Plantas e pedras são materiais fundamentais que permitem criar ferramentas variadas, expandindo o leque de opções de interação. No começo, podemos apenas coletar alguns itens de tamanho razoável, mas depois somos capazes de criar uma casa com folhagens para descansar, armas para enfrentar os inimigos, entre outras coisas.

Em uma espécie de mini-laboratório, devemos escanear os itens que já encontramos. Há um limite de três objetos por vez, o que nos força a ficar indo e voltando até o tempo adequado passar em vez de poder fazer tudo de uma vez. É um elemento desnecessariamente inconveniente, mas é uma questão de minutos até poder fazer novamente uma pesquisa, então não chega a ser um problema de fato.

Quando analisamos um material, liberamos novas receitas para fazer mais itens com ele. Além disso, nosso personagem ganha poder cerebral, que é como uma espécie de nível de inteligência, e pontos de Ciência Pura, que funciona como uma moeda. Com ambos os recursos, desbloqueamos ainda mais opções, ampliando consideravelmente o que conseguimos fazer durante a campanha.

Um online inviabilizado

Grounded pode ser jogado em modos single player e multiplayer. Para poder contar com o apoio de outras pessoas, é necessário jogar online, o que implica na obrigatoriedade do Nintendo Switch Online, no caso da plataforma da Nintendo.

Porém, há uma camada adicional de demanda: Grounded só pode ser jogado com amigos. Sem a possibilidade de explorar com aliados aleatórios ou de convidar um amigo que não tem o jogo para experimentá-lo de forma limitada (como era feito no Download Play do 3DS), o modo multijogador é totalmente inviabilizado no Switch.

Um fator que pode mitigar isso um pouco é o fato de que é possível realizar partidas com jogadores de plataformas diferentes. Assim, se você já tiver um amigo que tem o Game Pass do Xbox ou possui o jogo no PlayStation, dá para vincular sua conta do Switch a uma conta da Microsoft e criar partidas.

A dificuldade é justamente ter um amigo que possui o jogo. No meu caso, por exemplo, fui incapaz de testar o multiplayer por não conhecer ninguém que se interesse pelo título e que pudesse me acompanhar no momento. Esse é honestamente o único ponto que considero uma grave falha na experiência, sendo seguido apenas por alguns raros problemas de performance.

Modos e a customização da experiência

Quando falamos de single player, temos dois estilos de jogabilidade: História e Parquinho. No primeiro, devemos realizar missões e avançar na trama, enquanto o segundo é focado na criação do seu próprio design de ambiente.

Dentro do “História”, temos as opções de modo Sobrevivência, Criativo e Personalizado. Ao optarmos pelo Sobrevivência, devemos nos esforçar para lidar com as condições hostis do mundo, gerenciando a ingestão de comida e líquido, assim como as outras taxas que mantém o nosso personagem ativo. Apesar de ser o modo mais focado em desafio, temos as opções de dificuldade “Suave”, “Médio” e “Nossa!” (difícil).

Na opção Criativo, não temos que lidar com o estresse de enfrentar a ameaça dos grandes insetos. É possível eliminá-los totalmente ou optar por mantê-los nos ambientes de forma inofensiva. Infelizmente, o menu em português descreve o modo Criativo erroneamente, mas os símbolos são bem claros.

Por fim, o Personalizado permite ajustar totalmente a experiência por meio dos menus detalhados do jogo. O nível de customização de Grounded é incrível, tendo tantas opções que é possível criar infinitas modalidades, agradando a virtualmente qualquer tipo de jogador.

Podemos definir se os insetos nos perseguirão ou não, ajustar as suas vidas com valores entre morte com um hit e cinco vezes a vida padrão, alterar o ritmo de perda de atributos, fazer com que o tempo passe mais devagar ou mais depressa. Também é possível escolher o que acontece com os itens quando morremos, se o equipamento terá durabilidade, se o menu para o tempo in-game ou não e até dá para colocar desafios auto-impostos como a impossibilidade de criar itens ou se a física atrapalha a criação de construções mal projetadas.

Além de todas essas condições, temos as opções do menu de configurações, que incluem inúmeros ajustes de qualidade de vida e acessibilidade. Só para citar alguns, temos a opção de texto grande que funciona muito bem no modo portátil do Switch; opções de filtro para daltonismo; destaques para objetos; ajustes de mapeamento de botões; gama para clarear as áreas escuras; e o modo anti-aracnofobia que elimina elementos da aparência desses inimigos para deixá-los menos assustadores, entre outras coisas.

Aliado a tudo isso, o “Parquinho” permite focar estritamente em criar a nossa versão do mundo, posicionando objetos variados nos cenários para explorar com outros jogadores. Esta opção é especialmente indicada para pessoas mais criativas e que possam depois aproveitar o online com amigos.

Diversão garantida

Grounded é um jogo de sobrevivência que conta com sistemas sólidos para incentivar a exploração e a criatividade. Porém, o que chama a atenção em particular na obra é o seu esforço em dar ao jogador todas as ferramentas para se divertir do seu próprio jeito. A única falha é o multiplayer limitado a amigos que já possuem o jogo, inviabilizando-o para muitas pessoas.

Prós

  • Sistemas sólidos de sobrevivência e boa variedade de modos;
  • A capacidade de personalizar a campanha em muitos detalhes faz com que seja possível criar experiências ideais para jogadores casuais e hardcore;
  • Rico em opções de qualidade de vida e acessibilidade.

Contras

  • Multiplayer limitado a amigos inviabiliza o acesso a um modo central de jogo;
  • A performance pode cair consideravelmente em alguns raros momentos.

Grounded — Switch/PC/XBO/XSX/PS4/PS5 — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Microsoft


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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