Análise: Outer Terror (Switch): 5 histórias de horror no bom estilo Roguelike

Roguelike Bullet-Hell com temática de terror acerta tiros com ambientação e sanguinolência dignos de filmes B.

O Ataque dos Tomates Assassinos. O Pneu Assassino. A Coisa (no caso, The Stuff, não The Thing). Existe um charme imenso em cima de filmes de terror B, em que as atuações são questionáveis, bem como os roteiros e, principalmente, os efeitos. Mesmo com a qualidade misteriosa, é possível ver o carinho e coração colocados nessas produções. Exemplo maior é a fenomenal trilogia Evil Dead (sendo que cada filme teve um título diferente no Brasil).

A proposta de Outer Terror é justamente trazer o sentimento desses filmes malucos junto com a possibilidade de fazer parte da história. Mas será que vale a pena encarar o terror ou é melhor devolver o filme pra loja? Pegue uma pipoca, fique confortável e aperte o play. 

A Morte do Demônio

Outer Terror é dividido em 5 narrativas diferentes, cada uma estrelada por um par de protagonistas, porém sendo possível usar cada personagem, sem alterar a história. A introdução de cada modo é simples, com quadrinhos muito bem-feitos e narrativa básica, mas que engaja com cada sobrevivente e suas nuances.

The Gray Death remonta à velha história do levante dos mortos-vivos, protagonizada pelos cascas-grossas Gray e Albert; Kill Switch é a revolução dos eletrodomésticos à la Exterminador do Futuro, onde somente Lily e Allen podem salvar o mundo; Other Side conta a história de uma maluca vestida de palhaço, Kaja, que arrastou seu amigo Bobby em uma busca por sua irmã, caindo em um labirinto tirado da mente doentia de H.P. Lovecraft; Frost Bite conta sobre um experimento fracassado de Paul em montanhas cercadas por neve, trazendo uma horda de vampiros mortais, fazendo dele e da inuíte Ahnah as únicas forças de resistência; em Incident Report ( parte da série de terror online SCP), Samad e Cassie estão presos em uma das instalações da organização secreta SCP, infestada por monstros sanguinários e bizarrices do fundo da mente. 
 

Uma Noite Alucinante

As inspirações para o jogo são claras, não somente os filmes de terror B mas também os mitos de Lovecraft e as histórias de quadrinhos Pulp, criando uma identidade própria para Outer Terror. Para quem procura por mecânicas complexas, personagens com camadas e histórias cheias de reviravoltas, esse não é o jogo certo. E tem problema nisso? Nem toda peça precisa ser Macbeth, nem toda música precisa ser Smooth Criminal. Existe beleza em simplicidade e entrega de proposta, atributos que o jogo entrega com maestria.

E por falar em simplicidade, a jogabilidade não poderia deixar de ser a mais básica de todas. O sobrevivente (ou sobreviventes. Existe co-op online e local) deve andar e desbravar os intermináveis círculos infernais em que foi jogado, atirando automaticamente no que encontra e coletando dinheiro para melhorias quando (porque é inevitável) morrer e voltar para a tela de início, onde tem a opção para adquirir novos powerups e melhorias de armas.

Cada personagem conta com uma arma inicial diferente e, com o passar da matança, vai adquirindo experiência, o que desbloqueia novas e aleatórias melhorias como machados, mais alcance de tiro, movimentos mais rápidos e círculos de proteção, além de resgatar reféns no chão que oferecem dinheiro e melhorias temporárias. Tudo com uma ambientação bastante imersiva, trilha sonora cativante e ainda com filtro de TV antiga. Tem como ser mais retrô que isso? 
 

À Meia-Noite Levarei Sua Alma

Não posso dizer que é uma obra-prima do fundo da locadora, porém. Não tem opção de legendas em português, o que honestamente é um insulto nos dias atuais. Existem momentos em que o cenário não renderiza completamente, e ainda tive alguns problemas de ficar preso em partes pequenas, me deixando como alvo fácil para os inimigos e recebendo um game over.

E, por mais que a jogabilidade simples seja viciante, chega um ponto que a falta de variedade cansa. Em um dos modos, fiquei andando a esmo por pelo menos dois minutos sem nenhum inimigo perto, até aparecer algo para atirar. 
 

A Última Balada de Josefel Zanatas

Apesar de uns erros pequenos, Outer Terror é um título muito bom. Não é a fita cassete mais alugada da locadora, mas pode-se dizer que, com o tempo, vira aquele filme com uma fanbase fiel. Sua simplicidade pode atrair tanto jogadores veteranos dos gêneros quanto novatos. Enfrentando vampiros, torradeiras ou ████, só existe uma coisa para se falar: Groovy. 
 

Prós:

  • Jogabilidade simples, mas viciante;
  • Personagens simples, mas carismáticos;
  • Alto fator replay, com Game Over que impulsiona a melhorar o personagem;
  • Estética imersiva, direto dos horrores B;
  • Tiroteio e terror para saudosistas e curiosos dos gêneros Roguelike e Bullet-Hell.

Contras:

  • Falta de variedade nas missões;
  • Falta de localização PT-BR;
  • Alguns delays gráficos dispersos.
Outer Terror — PC/PS4/PS5/XBOXSX/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida por VoxPop Games


Formado em Publicidade e Propaganda na USC e especializado em Marketing Digital, sou Editor de Vídeos também, meu TCC foi sobre a Guerra dos Consoles e evolução da publicidade nos games. Jogo um pouco de tudo e também escrevo. Me descrevo como um artista.
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