Hoje, quase dez anos após a estreia do título original, podemos finalmente jogar a sua sequência direta, Freedom Planet 2, que prometeu trazer ainda mais do que consagrou o primeiro jogo de Lilac e sua trupe. O resultado é uma aventura moderna com aquele gostinho especial da era 16-bits, capaz de agradar tanto aos fãs nostálgicos pelos anos 1990, quanto quem deseja uma nova e competente experiência dentro do gênero de plataforma. Confira a análise!
Direto ao ponto, o mais rápido possível
Como Freedom Planet 2 não penaliza a agilidade (pelo contrário, a incentiva), tomarei a liberdade de ir “direto ao ponto” já no início desta matéria: caso você tenha gostado do primeiro jogo, certamente apreciará esta sequência, principalmente por seu caráter iterativo. Não há por que mexer demais em uma fórmula que deu muito certo, e, ciente disso, a GalaxyTrail optou por refinar a proposta ao invés de revolucioná-la — algo muito positivo, tendo em vista a qualidade da aventura original.
No entanto, caso este seja o seu primeiro contato com a franquia, compensa lembrar que Freedom Planet foi idealizado inicialmente como um fangame de Sonic the Hedgehog. Conforme o projeto tomou forma, porém, os envolvidos decidiram investir na criação da própria IP, sem deixar de lado a influência dos jogos do ouriço e da colorida e cheia de atitude era 16-bits da SEGA.
Assim, no lugar do ouriço azul, surgia como protagonista a jovem e carismática Sash Lilac. O vilão Eggman, por sua vez, deu espaço ao Lord Brevon. Além deles, todo um elenco de personagens, como Carol e Milla, foi criado para sustentar a narrativa movimentada pelo poderoso artefato Kingdom Stone, que, em mãos erradas como as de Brevon, poderia significar o fim do universo.
Agora, o trio de heroínas embarca em mais uma aventura acompanhado de Neera Li, que ressurge como uma personagem jogável. Desta vez, o objetivo é enfrentar o exército de máquinas de Merga, uma antiga guerreira que consegue romper sua prisão milenar e está contaminada pelo desejo de vingança contra os que a enfrentaram no passado. Preparado(a) para a missão?
Como nos velhos tempos
Assim como seu antecessor, Freedom Planet 2 é dividido em fases 2D. No total, são mais de 20 estágios (mais que o primeiro jogo) com diversas rotas e segredos para descobrir, o que aumenta consideravelmente o fator replay e tende a ser um prato cheio para os speedrunners, que apreciam buscar o menor tempo possível e a nota “S” para cada partida.
Uma característica que retorna do primeiro jogo é a possibilidade de escolher entre dois modos: Aventura e Clássico. O primeiro (e padrão) é para quem quer conferir a continuação da história do primeiro jogo, acompanhando os diálogos e interações entre Lilac e sua turma. Já o segundo modo fica disponível após finalizar o título uma vez e fornece uma abordagem mais direta na escolha das fases, assim como os jogos da década de 1990.
O pré-requisito de ter que finalizar o jogo para liberar o modo clássico não é exatamente um empecilho gigante, porque, sendo sincero, você provavelmente vai querer jogar Freedom Planet 2 mais de uma vez. Como dito, as fases possuem diversos caminhos e tentar encontrar a melhor rota para cada uma das heroínas, levando em conta suas habilidades únicas, é muito divertido.
Inclusive, devo dizer que gostei bastante de jogar com a nova protagonista Neera, que rapidamente se tornou a minha preferida. De posse de um bastão mágico de gelo, a panda é capaz de usá-lo como uma metralhadora elemental e até mesmo congelar inimigos com seu golpe especial Ice Lasso.
Já Carol continua sendo a mais veloz da turma, capaz de se movimentar com agilidade graças ao seu Jump Disc, e Lilac a escolha recomendada para quem deseja uma jogabilidade balanceada em todos os sentidos. Pessoalmente, sugiro que experimente jogar com cada uma delas, pois Freedom Planet 2 pode proporcionar experiências bem diferentes, dependendo da heroína. Com três opções de dificuldade, também é possível ajustar o nível do desafio à vontade, resultando em uma aventura recomendada para todos os públicos, experientes ou não.
Blast processing
Ainda falando da jogabilidade, em Freedom Planet 2, a influência dos jogos 2D do ouriço azul continua muito perceptível, especialmente com as molas, trampolins e tubos espalhados pelas fases. Longe de ser uma cópia barata, porém, a obra da GalaxyTrail consegue transmitir autenticidade enquanto respeita a sua maior influência.
Outro ponto que merece elogios é a apresentação: com cenários coloridos e vibrantes e uma ótima pixel-art — mais detalhada ainda que a do primeiro título —, a sensação que tive foi a de estar jogando algo resgatado diretamente da era 16-bits, no bom sentido.
Se, por um lado, Sonic the Hedgehog é a primeira e mais notável influência de Freedom Planet 2, por outro é difícil não lembrar de clássicos do Mega Drive como Ristar e Gunstar Heroes ao enfrentar os chefes megalomaníacos e observar as paisagens percorridas por Lilac e sua turma nesta jornada contra Merga.
O mesmo posso dizer da trilha sonora. Leilani Wilson, que trabalhou no primeiro game, retorna para o segundo com o apoio de Falk Au Yeong na composição e mixagem. Yeong tem no currículo colaborações musicais em obras-primas como Sonic Mania e Final Fantasy XV. O resultado? Coloque os seus fones de ouvido, escute o tema do menu principal e tire as suas próprias conclusões:
Por fim, mesmo com a velocidade do jogo e os chefes gigantes (que podem ocupar toda a tela ou boa parte dela), convém mencionar que não encontrei problemas de performance no Switch, tanto no modo TV quanto no portátil. A única menção negativa é a triste ausência completa de localização em português brasileiro. Nem mesmo os menus do jogo estão no nosso idioma e também não há legendas para as cenas da história ou para os ocasionais diálogos.
Assim, como o modo Clássico precisa ser desbloqueado e a opção padrão é a Aventura, convém levar esse fator em conta caso você não tenha muita familiaridade com o inglês ou outro idioma incluído, pois não aproveitará as interações do jogo. Caso esteja aqui somente pelos desafios de plataforma, porém, há muito o que aproveitar. Enquanto isso, fica a expectativa por uma atualização por parte dos desenvolvedores para que implementem o suporte ao português brasileiro — nosso mercado certamente agradeceria.
Liberdade, ainda que tardia
Em todos os sentidos, Freedom Planet 2 é uma aventura moderna com aquele gostinho especial da era 16-bits. Quase uma década após o lançamento do primeiro título da saga, finalmente podemos matar a saudade de Lilac e suas companheiras, e é honestamente difícil não elogiar a qualidade de todos os elementos fundamentais nesta sequência, como a jogabilidade envolvente e responsiva e a apresentação colorida e cativante.
Seja você um entusiasta de jogos de plataforma 2D com ênfase na velocidade, ou mesmo um jogador saudoso por um tempo que já não volta mais, a obra da GalaxyTrail é facilmente recomendável e o Nintendo Switch é uma ótima forma de experimentá-la. Só esperamos que não demore tanto para o terceiro título, agora.
Prós
- É uma sequência digna para um dos melhores jogos de plataforma da geração passada, com mais fases, visuais refinados e o mesmo carisma elogiável;
- A jogabilidade característica da série continua ágil, envolvente e divertida para fãs de plataforma com ênfase na velocidade;
- Alto fator replay, graças aos diferentes caminhos dentro dos estágios e às diferentes características de cada protagonista;
- Os vários níveis de dificuldade (três, no total) garantem desafio suficiente para os jogadores experientes e a devida tranquilidade para quem só quer chegar ao final da aventura;
- A nova personagem jogável Neera é muito divertida de controlar;
- Sem problemas de performance no Switch.
Contras
- A ausência de suporte ao português brasileiro, inclusive em menus e legendas, vai prejudicar o entendimento e aproveitamento da narrativa de quem não domina inglês;
- O modo Clássico poderia estar disponível desde o início.
Freedom Planet 2 — PC/Switch/PS5/PS4/XBO/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games