Inazuma Eleven: Victory Road (Switch) promete trazer o RPG de futebol de volta aos campos

Após mais de dez anos sem novos lançamentos, finalmente vislumbramos o retorno da franquia aos videogames.

em 15/04/2024
Inazuma Eleven é uma franquia multimídia da Level-5 que conta com animes, mangás e jogos. A série marca presença em sistemas da Nintendo desde 2008, mas ficou desde 2013 sem um novo lançamento no Japão, enquanto a Europa demorou até 2015 para receber os títulos de 3DS e ainda ficou sem o último, Inazuma Eleven GO Galaxy (3DS).
 
Após várias mudanças de planos, cancelamentos e um apagamento quase total da Level-5 no Ocidente, estamos cada dia mais próximos de Inazuma Eleven: Victory Road. Um beta aberto está atualmente disponível no Switch, permitindo aos jogadores testarem a funcionalidade do título em jogatinas online. Já adianto a todos: é uma experiência viciante.

Duelos em campo

A atual demonstração beta global é focada estritamente nos duelos online. O primeiro capítulo do modo história será adicionado posteriormente para que os jogadores possam ter uma noção do que esperar.
 
Enquanto essa parte do jogo não chega, podemos escolher entre as equipes disponíveis no Modo Competição e treiná-las. As opções de jogo incluem partidas contra a CPU e partidas online, sendo a primeira ideal para começar por ter níveis mais baixos garantidos, não depender da internet e permitir aprender e pausar a qualquer momento sem perdas.
 
Na primeira partida offline, temos vários vídeos tutoriais de acordo com o contexto para explicar as possibilidades de jogo. RPGs de futebol são uma combinação bem rara de gêneros, então é super natural precisar de um tempo para entender toda a lógica.
Basicamente, todos os elementos do campo são como duelos. Cada jogador tem em mãos um jogador atual e o posicionamento de seus aliados, tendo que usar esses elementos para decidir seus próximos movimentos.
 
Quando duas unidades de equipes adversárias se encontram no meio do campo, temos uma disputa. O oponente sem a bola possui uma área de alcance e quanto mais distante dela, mais fácil é para quem está com a bola cortar caminho.
Ambos os lados podem tentar jogar mais na defensiva ou tentar uma aproximação rápida para poder quebrar essa condição de “duelo”. Técnicas especiais também podem ser utilizadas se o jogador tiver tensão suficiente para tal, uma energia que é acumulada ao realizar bons dribles e conseguir manter a posse de bola.
 
Ao final, ao chegarmos na grande área, ambos os jogadores podem ativar uma espécie de congelamento do tempo. Com tudo avançando de forma bem lenta, é possível armar os ataques e as defesas com mais calma, levando aos grandes momentos de chute ao gol com poderes especiais de ambos os lados.

O que falei aqui cobre só o básico do básico, já que o jogo também inclui faltas, tiros de meta, pênaltis e todos os outros elementos que se espera de um jogo de futebol. Dentro de um contexto de RPG, a discrepância entre times pode ficar absurda pelas diferenças de níveis, mas ainda há uma certa margem de manobra para um bom uso das táticas, posicionamentos e domínio das mecânicas.

Um esquema limitado de times

Para a demonstração, o foco maior é conferir as circunstâncias da jogabilidade e da conectividade em rede. O título já está jogável, mas há bugs e ajustes técnicos que devem ser feitos antes do lançamento final.
 
Da mesma forma, o que temos é só um seleto grupo de personagens e os modos focados estritamente nas partidas. A nossa capacidade de customização é limitada apenas pelo fato de que temos muito menos personagens do que no jogo final, que trará literalmente todos os personagens da franquia, alcançando um total de 4500 opções.
Além das melhorias de atributos e desbloqueio de novas habilidades com o ganho de níveis ao fim das partidas (exceto as peladinhas casuais entre amigos), temos que gerenciar equipamentos e podemos ajustar o posicionamento e disposição dos aliados em formações clássicas de futebol.
 
Um sistema curioso do título é o treino usando Animus, que são cartinhas obtidas ao final de algumas partidas. Como nos gachas de celular, eles servem para melhorar os personagens, desbloqueando rankings que possuem passivas mais poderosas.
Com os sistemas de evolução, quanto mais o jogador entrar em partidas, mais evoluirá seus aliados. Esse loop com notável progressão é viciante, com o jogador aprendendo a dominar as táticas com a própria experiência e vendo os seus personagens se tornarem cada vez mais habilidosos.

Em português pela primeira vez

Um dos pontos mais interessantes de Victory Road é que temos pela primeira vez um jogo da série em português. Até mesmo os lançamentos em inglês dos anteriores foram uma enorme dificuldade, saindo três anos depois e sendo restritos à Europa. A única exceção que chegou às Américas foi a versão de 3DS do primeiro RPG de futebol da franquia.
A tradução tem escolhas interessantes, como o uso dos nomes dos personagens em japonês em vez da tradução para o inglês. Também há alguns termos como “modo Peladinha” que são sacadas excelentes para o nosso idioma.
 
Infelizmente, a tradução vacila em alguns termos, muito provavelmente por problemas de falta de contexto. Por exemplo, logo antes de começar uma partida, temos a frase “Imprensa A botão”, que deveria ser “Aperte o botão A”, mas tendo apenas as palavras “Press” e “Button” livres de contexto, os tradutores acabaram se equivocando e provavelmente não tiveram a liberdade necessária para fazer um ajuste mais drástico, que seria necessário aqui.

Ainda no início da estrada

A demonstração já mostra que temos em mãos uma oportunidade de ouro para Inazuma Eleven ganhar o devido reconhecimento por sua competente combinação dos aspectos técnicos de um RPG com um formato divertido de futebol. A demo de beta global de Inazuma Eleven: Victory Road mostra um primeiro passo acertado para uma experiência densa e viciante de RPG de futebol que até mesmo quem normalmente evitaria jogos de esportes deveria experimentar.

Revisão: Vitor Tibério
Texto de impressões produzido com demonstração gratuita disponível na eShop

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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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