Análise: Top Racer Collection (Switch) não derrapa e faz bonito ao resgatar clássicos da era 16-bit

Com diversos extras, adaptações impecáveis e até mesmo conteúdo novo, esta é uma coletânea obrigatória para os saudosistas.

em 06/03/2024
Se você, assim como eu, aproveitou o Super Nintendo na década de 1990 ou no início dos anos 2000 aqui no Brasil, são grandes as chances de, em algum momento, ter se deparado com os jogos da franquia Top Gear (conhecida no Japão e em outras partes do mundo como Top Racer).



Composta por três lançamentos no console 16-bit da Big N — Top Gear, Top Gear 2 e Top Gear 3000 —, a série da Kemco não demorou a cair nas graças da crítica e do público, e, graças à boa jogabilidade arcade, gráficos coloridos e trilha sonora impecável, rapidamente foi alçada ao rol de clássicos da plataforma. 

Pois bem: se a franquia estava adormecida em um cenário atualmente dominado pelo hiper-realismo dos Forzas e Gran Turismos da vida, a QUByte Interactive fez questão de acordar o gigante com Top Racer Collection, uma coletânea que reúne os três títulos do Super Nintendo, diversos extras e até mesmo conteúdo novo para fã nenhum botar defeito. Confira a análise!

Três jogos e muita história para contar 

Conforme mencionado, Top Racer Collection reúne os três primeiros (e melhores) jogos da clássica franquia de corrida. São eles: Top Gear (1992), Top Gear 2 (1993) e Top Gear 3000 (1995). 

Apesar do cronograma apertado entre cada lançamento, algo muito interessante é que cada entrada conseguiu possuir diferenças consideráveis em relação às outras. Com mais de 30 pistas baseadas em localidades reais, o primeiro Top Gear/Racer é o clássico absoluto e grande responsável pelo sucesso da saga no Brasil e no mundo, com seus temas musicais invadindo a esfera da cultura popular nacional e ganhando até versões em forró

Já a sequência Top Gear 2 inovou ao duplicar o número de pistas disponíveis e dar ainda mais destaque ao jogador, que já não precisava mais dividir a tela com a CPU se estivesse jogando sozinho. Além disso, com o dinheiro recebido em cada rodada, tornou-se possível investir em melhorias para o veículo para manter-se competitivo. 

Top Gear 3000, por sua vez, ousou ao levar a série de corrida para a galáxia, com circuitos futuristas em diferentes planetas. Com uma influência perceptível de F-Zero e suporte para quatro jogadores, 3000 deu um fim digno à saga no Super Nintendo antes das sequências experimentais no Nintendo 64 e em outros consoles.

Todos os títulos acima estão disponíveis integralmente nesta coletânea, mas a QUByte também incluiu uma surpresa especial: trata-se de Top Racer Crossroads, uma versão especial do primeiro Top Gear com os carros de seu sucessor espiritual Horizon Chase Turbo (Switch).

Crossroads foi desenvolvido com base no código-fonte do primeiro Top Gear, o que garante uma experiência perfeitamente fiel à oferecida originalmente no Super Nintendo. Sendo bem honesto, correr com o icônico carro da firma no primeiro jogo da série em pleno 2024 é tão legal e divertido que já valeria o preço de admissão. No mínimo, é uma prova cabal de que esta coleção foi elaborada por fãs para outros fãs.

Uma coletânea impecável tecnicamente

Logicamente, de nada adiantaria reunir obras clássicas ou conteúdo novo se a adaptação para as plataformas atuais não fosse bem-feita do ponto de vista técnico. Felizmente, não é o caso aqui: Top Racer Collection entrega uma experiência sem engasgos, travamentos e outros problemas tanto no modo TV quanto no modo portátil do Switch. 

De quebra, ainda há suporte a alguns recursos especiais, como os já tradicionais save states, aqui chamados de Registros Rápidos. Com eles, é possível salvar o seu progresso entre as corridas em cada um dos quatro jogos e convenientemente retomar de onde parou, quando assim desejar, algo impossível no hardware original. 

Outra novidade que me cativou foi a possibilidade de criar copas personalizadas para cada título. Com elas, é possível escolher quatro pistas favoritas (ou suas versões espelhadas), convidar um amigo e aproveitar os clássicos de uma forma diferente e bem divertida. 

Opa, os seus conhecidos já não moram tão perto como nos anos 90? Sem problemas, pois em Top Racer Collection é possível criar salas privadas e públicas e enfrentar outros jogadores online, inclusive escolhendo o modo de jogo, a pista e a dificuldade. 

O único ponto negativo nisso é que não há suporte ao crossplay, o que acaba limitando a lista de jogadores ativos em cada plataforma e consequentemente aumentando o tempo de espera para encontrar um rival. Logo, registro aqui a minha torcida para que o recurso seja implementado.

Como nos velhos tempos, ou quase isso

Top Racer Collection também conta com uma série de filtros visuais que permitem ao jogador configurar a apresentação ao seu gosto, inclusive imitando uma TV antiga se assim desejar. 

Particularmente, optei por esticar a tela (um pecado, eu sei) e aplicar um filtro CRT que me levou de volta às sessões de jogatina após a escola em meu SNES e uma saudosa TV de tubo da Toshiba que já não lembro mais que fim teve. Mas há opções para todos os gostos, inclusive para quem almeja a experiência pixel-perfect em 4:3.

Além disso, caso a sua memória muscular já não recorde os botões tão apertados na infância, é possível configurar os controles individualmente e até mesmo conferir um carismático manual animado em português brasileiro para cada título, completo com informações e curiosidades sobre os jogos. 

Por fim, na aba “extras”, é possível conferir alguns scans de manuais e artigos promocionais (em japonês) dos três títulos e descobrir um pouco sobre a trajetória da saga. São aqueles pequenos, mas bem-vindos toques que adicionam valor a um pacote robusto e nos lembram, novamente, que estamos diante de uma parte da história da indústria dos games. Muito legal.

Uma volta perfeita rumo ao passado

Top Racer Collection é, para mim, um exemplo de como se deve fazer uma coletânea de clássicos. Ao reunir jogos antigos com representações fiéis, melhorias opcionais e ainda adicionar conteúdo inédito, a QUByte Interactive surpreende e entrega uma obra que eu classificaria como nada menos que essencial para os fãs da série Top Racer/Top Gear e de outros clássicos do gênero.

Esteja você conhecendo a franquia agora ou só querendo mesmo matar a saudade de um passado que não voltará, esta coleção é hoje a melhor forma de fazer isso sem precisar retirar do armário as fitas envelhecidas e assoprá-las até ligarem junto com o Super Nintendo. Nada como as maravilhas da tecnologia, não é mesmo?

Prós

  • Resgata três jogos clássicos, agora disponíveis de forma integral nas plataformas modernas com suporte a recursos como multijogador online e save states;
  • Sem problemas técnicos como travamentos e lentidão no Switch, tanto no modo portátil quanto no modo TV do console;
  • Manuais animados, personalização de controles e visuais e extras como scans de materiais promocionais elevam o valor e a funcionalidade da coleção;
  • O crossover com Horizon Chase Turbo é divertido e uma bem-vinda adição que por si só já valeria o preço de admissão;
  • Suporte ao português brasileiro.

Contras

  • A ausência de crossplay e o caráter nichado da obra indicam longas esperas em salas públicas no modo online.
Top Racer Collection — Switch/PC/PS5/PS4/XBO/XSX — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela QUByte Interactive
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