Análise: Contra: Operation Galuga (Switch) é uma reimaginação de um clássico impossível

Retorno ao clássico tem grandes acertos, mas erros bobos.

Quando se menciona jogos difíceis, alguns nomes têm a obrigação de serem mencionados, como Ninja Gaiden, Ghosts n Goblins, a primeira versão de Devil May Cry 3, Zelda II: The Adventure of Link e, claro, Contra. Lançado para arcades em 1987 e logo trazido para o NES em 1988, o jogo consagrou-se por sua dificuldade absurda, mas ótima trilha sonora e jogabilidade viciante, cementando o gênero run n’ gun e originando uma franquia de sucesso.


Mesmo com altos e baixos, Contra se manteve vivo na mente de seus fãs e, com o lançamento de Contra: Operation Galuga, a primeira aventura dos soldados mais casca grossa no gênero de tiro poderá ser revivida. Mas será que vale a pena aceitar a missão ou é melhor fazer motim? Pegue sua arma e parta para a missão.

Inferno Verde

No arquipélago Galuga, um grupo mercenário temível chamado Red Falcon invade a comunidade e estabelece comando pela região. Em retaliação, o time especial Contra é despachado, operando com os dois soldados excepcionais Bill Rizer e Lance Bean para deter Red Falcon e salvar o mundo, adquirindo novos aliados ao longo do caminho e desvendando segredos de Galuga.

A trama não poderia ser mais simples e os personagens não poderiam ser ainda mais rasos, mas isso não é uma coisa ruim. Nem sempre precisamos de uma trama complexa ou personagens cheios de camadas para ser uma aventura divertida e poder curtir com os personagens, estes que têm seu charme e, inclusive, diferentes pontos de vista (mesmo que leves) para as situações da narrativa. O jogo ainda é dividido em três modos: História (desenrolando os eventos), Arcade (podendo rejogar os níveis desbloqueados) e Desafio (onde deve-se cumprir certas tarefas para completar as missões).

Trovão Tropical

Parafraseando meu amigo da NintendoBoy que fez a análise do jogo também, Contra não tenta reinventar a roda (por bem ou por mal). Conhecido por sua dificuldade hercúlea, a notícia de que teriam movimentos mais fluidos como saltos duplos e esquiva deixaram fãs de longa data com um pé atrás, como se tivessem deixado o jogo mais fácil para as gerações atuais que não aguentam jogos difíceis. Bom, eu tenho uma boa notícia para quem gosta de sofrer: se os mocinhos estão fortes, os vilões estão mais fortes ainda.

Se escondendo por trás de barricadas, mirando diretamente no jogador e ofensivas ainda mais ferozes mostram que o Red Falcon não está pra guerra de brincadeira e, como já mencionado, tão pouco os soldados Contra. Em posse dos clássicos upgrades, cada variação tem uma versão ainda mais poderosa, como lança-chamas mais longo, mísseis teleguiados mais fortes e metralhadoras mais rápidas.

Além disso, Bill e Lance não estão sozinhos na investida, recebendo auxílio de aliados como a nativa de Galuga Ariana, a fuzileira do grupo X-FLO Lucia e o tenente da GX-Army Stanley Ironside. No modo Arcade, existem ainda os robôs Probotector, a versão censurada da Europa, o que é uma adição muito legal, mas uma pena que não estão incluídos no modo História.

⬆️⬆️⬇️⬇️⬅️➡️⬅️➡️🅱️🅰️

O jogo está traduzido com legendas em português muito bem adaptadas, um trabalho comum tanto da WayForward quanto a Konami, que vêm traduzindo seus títulos muito bem para nossa língua (mesmo que ainda lhe falte vontade de dublar as vozes). Operation Galuga seria um título perfeito se não fossem por certos erros bobos que danificam a diversão.

Operation Galuga tem multiplayer para até 4 pessoas no modo Arcade, o que é sempre muito divertido na série Contra. Mas isso somente localmente, sem opção online. Os comandos clássicos respondem muito bem e a barra de vida é bem vinda para quem quer uma leveza no desafio. Em contrapartida, a mira livre de 360 graus é péssima, mais atrapalhando que ajudando a acertar os inimigos.

Eu jamais julgaria um jogo por seus gráficos, até mais porque Operation Galuga tem um visual bonito a distância e adaptando os gráficos originais ao século XXI. O problema ocorre nas cutscenes, que parecem ter sido feitas para algum jogo de 2008, sem contar o extenso tempo de carregamento para simplesmente começar o jogo.

Por fim, a coisa mais icônica de Contra, além de sua dificuldade e música: o Código Konami. No original, ganha-se 30 vidas super úteis para desbravar o território inimigo. Em Operation Galuga? As 30 Vidas são desbloqueadas, bem como músicas extras… mas antes você tem que acumular moedas sem fim para desbloquear esses extras por um preço absurdo. De que adianta colocar o Easter Egg se ele é inútil? E falando na música, a remixagem deixa bem a desejar, deixando temas icônicos praticamente irreconhecíveis e com volume super baixo, tirando boa parte da alma que fez essa discografia eterna.

Platoon

Contra: Operation Galuga é um jogo difícil. Ele é uma boa reinterpretação de um clássico eterno mas que comete erros fortes em sua execução. É possível ver alma e coração no seu desenvolvimento, mas também é óbvio que alguns retoques eram necessários (eu mesmo fiquei preso em um bug que me deixava para fora da tela, tirando todas as minhas vidas rapidamente).

Mesmo com seus problemas, é ainda Contra. É ainda o rei do terror. Uma boa pedida para sentir poder de fogo e o mais brando suco de testosterona da década de 80. Talvez se pelo menos os jogos antigos estivessem disponíveis como bônus especiais e multiplayer online, seria a versão definitiva desse titã da dificuldade.

Prós:

  • Traduzido com muita qualidade para português;
  • Personagens e história simples mas carismáticos;
  • Gameplay intuitiva e viciante;
  • Dificuldade alta proposital que desafia a fibra de quem joga;
  • O suco de testosterona, raízes e limão da década de 80.

Contras:

  • Bônus especiais presos por trás de preços absurdos;
  • Falta de extras;
  • Alguns bugs na jogabilidade;
  • Gráficos datados e trilha sonora abaixo da qualidade da franquia;
Contra: Operation Galuga — PC/PS4/PS5/XBOXSX/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida por Konami
Siga o Blast nas Redes Sociais

Formado em Publicidade e Propaganda na USC e especializado em Marketing Digital, sou Editor de Vídeos também, meu TCC foi sobre a Guerra dos Consoles e evolução da publicidade nos games. Jogo um pouco de tudo e também escrevo. Me descrevo como um artista.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).