Análise: Yohane the Parhelion -Numazu in the Mirage- (Switch) é um deckbuilding charmoso e divertido, mas também um pouco raso

Assuma o papel de Yohane e enfrente versões distorcidas de suas amigas em uma realidade alternativa.

em 13/03/2024
Desenvolvido e publicado pela BeXide, Yohane the Parhelion -Numazu in the Mirage- é uma combinação de deckbuilding e roguelike. O título é baseado em Yohane the Parhelion: Sunshine in the Mirror, uma série spin-off do anime Love Live! Sunshine. Embora repleto de charme e carisma, e capaz de proporcionar uma experiência divertida, o jogo peca pela falta de diversidade em seu sistema de cartas.

Absorvida por um espelho mágico

Em Numazu in the Mirage, somos conduzidos pela história de Yohane, uma cartomante da cidade de Numazu que está passando por dificuldades em suas visões. Em busca de uma mudança em sua rotina, ela decide recorrer a um misterioso espelho mágico, mas acaba sendo absorvida por ele.

Ao despertar, a protagonista percebe estar em seu próprio mundo, porém em uma versão diferente. Neste cenário, ela se depara não apenas com criaturas hostis, mas também com formas alternativas de algumas de suas amigas, cuja existência parece exercer um efeito negativo sobre suas contrapartes no mundo real.

Assim, munida de poderes mágicos canalizados em cartas encantadas, Yohane embarca em uma jornada nesta Numazu paralela com o objetivo de derrotar as versões distorcidas de suas colegas e evitar que essa situação se torne um problema de proporções ainda maiores.

O enredo de Numazu in the Mirage é leve e bem-humorado, em total sintonia com o carisma das personagens. No entanto, essa entrada não se esforça muito para apresentar o mundo em que se passa, o que pode resultar em uma perda de impacto e interesse para aqueles que não estão previamente familiarizados com este universo. Ademais, a ausência de legendas em português limita ainda mais o acesso à trama.

Apesar dessas ressalvas, a jornada de Yohane e suas amigas é divertida e agradável de se acompanhar. Além disso, as animações em cel shading durante os confrontos e os momentos de diálogo são extremamente charmosos, contribuindo para realçar o encanto das jovens e destacar a alegria e leveza do título.

Diferentes rotas para um mesmo objetivo

Numazu in the Mirage é fundamentalmente um jogo que combina deckbuilding e roguelike. A campanha se desdobra em capítulos, cada um apresentando um ou mais mapas que se assemelham a tabuleiros repletos de rotas entrelaçadas. Aqui, o jogador desfruta de certa liberdade para escolher o curso da jornada.

Cada caminho reserva embates com inimigos ou eventos variados, como encontros com personagens que proporcionam recompensas, momentos de pausa para recuperar pontos de vida ou visitas a lojas onde conseguimos adquirir novas cartas ou emblemas que concedem buffs contínuos. No entanto, também podem surgir situações adversas, resultando em penalidades como a perda de dinheiro ou uma redução no HP. Ao final de cada região, é imprescindível derrotar um chefe para avançar para o próximo cenário.

Além das áreas de comércio que surgem durante a jornada, temos a oportunidade de adquirir aprimoramentos de status e trajes para Yohane por meio de um sistema disponível no lobby. O interessante é que essas vestimentas não são apenas estéticamente atraentes, mas também conferem diversos bônus durante os combates, proporcionando uma camada adicional de estratégia e personalização.

Nessa loja especial, utilizamos uma moeda específica conquistada ao concluir determinadas quests, como derrotar uma quantidade específica de inimigos, utilizar certas cartas um determinado número de vezes ou vencer chefes. Nesse sentido, Numazu in the Mirage oferece uma mescla muito agradável entre seu conteúdo obrigatório e opcional, proporcionando oportunidades orgânicas de cumprir e ser recompensado por tarefas alternativas, sem a necessidade de se concentrar exclusivamente nelas. 

Esse equilíbrio é possível devido à natureza roguelike do game, que faz com que a repetição de uma área, causada pela morte da protagonista, nos leve a enfrentar os mesmos adversários e utilizar as mesmas habilidades algumas vezes. Em razão disso, uma corrida que acaba em fracasso dificilmente passará a sensação de desperdício, pois estamos sendo constantemente recompensados por batalhar.

Por fim, caso seja derrotado durante uma tentativa, o jogador perderá os itens que adquiriu pelo caminho e retornará ao início do capítulo; no entanto, os aprimoramentos conquistados na loja especial permanecerão, garantindo que não tenhamos que recomeçar uma nova tentativa totalmente do zero.


Divertido, mas um tanto raso

No campo dos combates, Yohane the Parhelion oferece o básico do que se pode esperar de deckbuilding. Em cada corrida recebemos um baralho com poucas opções, mas vamos incrementando-o com novos elementos que ganhamos pelo caminho.

Além das cartas padrão, também dispomos de algumas especiais que oferecem um efeito semelhante ao de invocações, trazendo algumas das amigas de Yohane para o campo de batalha. Essas aliadas não só concedem diferentes tipos de bônus individualmente, como também desencadeiam efeitos positivos conjuntos quando convocadas juntamente com outras colegas.

A despeito de todos os méritos mencionados, o principal problema de Numazu in the Mirage é a falta de diversidade nas funcionalidades das cartas disponíveis. Embora haja uma boa quantidade delas, a maioria se limita a causar dano ou fornecer proteção à protagonista. Como resultado, os confrontos tendem a se tornar previsíveis e repetitivos a longo prazo, já que é possível vencê-los apenas atacando e se defendendo. Felizmente, a campanha não é longa, o que ajuda a mitigar um pouco essa adversidade. 

Charmoso, curto e simples

Yohane the Parhelion -Numazu in the Mirage- é aquele típico jogo bonito, alegre e descompromissado, ideal para ser concluído em poucas jogatinas. Apesar do seu sistema de combate ser bastante simples, há diversão o suficiente em seu conteúdo para manter a aventura agradável ao longo da maior parte de sua duração.

Prós

  • A trama descompromissada e bem-humorada, aliada à curta duração da campanha, oferece uma experiência leve e divertida;
  • Além das cartas, o jogador pode personalizar o poder da protagonista por meio de trajes e emblemas, o que gera mais alternativas estratégicas;
  • As tarefas opcionais são bem-implementadas ao fator roguelike, resultando em recompensas persistentes a cada corrida;
  • Os belos visuais em cel shading contribuem para demonstrar o carisma das personagens e tornar o jogo alegre.

Contras

  • Apesar da variedade de cartas, muitas delas se resumem a causar dano ou criar escudos, o que limita um pouco as opções estratégicas disponíveis;
  • O jogo não se esforça muito para apresentar o seu universo, o que pode reduzir o interesse dos jogadores que não estão familiarizados com o material original;
  • Ausência de legendas em português.
Yohane the Parhelion -Numazu in the Mirage- — PC/PS5/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa 
Análise produzida com cópia digital cedida pela BeXide
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