Análise: Ufouria: The Saga 2 (Switch) traz uma experiência de plataforma relaxante e muito divertida

O título da SUNSOFT irradia carisma e oferece uma jogabilidade simples, porém incrivelmente satisfatória.

em 25/03/2024
Desenvolvido pela SUNSOFT e publicado pela Red Art Games, Ufouria: The Saga 2 é o mais recente título de uma curiosa série conhecida no Japão como Hebereke. Mantendo muitos dos conceitos introduzidos pelo seu antecessor numerado, que foi lançado no início dos anos 90 para o Nintendinho, esta entrada proporciona uma excelente experiência de plataforma 2D.

Salvando o mundo da sujeira de um alienígena

Em Ufouria, assumimos o papel de Hebe, uma adorável ave branca que se assemelha a um pinguim. Em um dia aparentemente comum, a serenidade de nosso protagonista é abruptamente interrompida pela chegada de um alienígena determinado a contaminar o planeta com uma substância gosmenta e estranha.

Nesse contexto simples e direto, nosso herói emplumado, acompanhado por alguns amigos igualmente encantadores que se juntam à aventura durante a campanha, parte em uma jornada para frustrar os planos do vilão extraterrestre.

A história de The Saga 2 é descontraída e repleta de momentos cômicos, inclusive com quebras da quarta parede. Nesse sentido, é lamentável que o jogo não ofereça legendas em português, o que pode impedir o aproveitamento dessa trama divertida por aqueles que não dominam nenhum dos idiomas disponíveis.

Em perfeita sintonia com a leveza do enredo e o carisma e doçura dos personagens, os visuais feitos à mão de Ufouria são extremamente fofos e charmosos, por vezes transmitindo a sensação de estarmos imersos em uma animação em stop motion. Além disso, a trilha sonora composta por faixas alegres reforça a suavidade da obra.

Plataforma com pitadas de roguelike

À primeira vista, a obra da SUNSOFT pode parecer apenas mais um jogo comum de plataforma side-scrolling 2D; entretanto, ela apresenta algumas particularidades que a tornam muito cativante.

O primeiro ponto importante a ser mencionado é que a casa de Hebe funciona como uma espécie de lobby, enquanto o mundo a ser explorado é composto pelas áreas ao redor, cada uma exibindo um bioma distinto. O interessante é que cada uma dessas regiões é alterada sempre que entramos nela. Não se trata de uma experiência completamente imprevisível, como em alguns roguelikes, mas sim de uma quantidade limitada de variações que se alternam entre si.

Como é de se esperar, encontramos inimigos durante a nossa aventura. Para derrotá-los, utilizamos o tradicional golpe imersivo na cabeça, executado por meio da combinação do botão de salto com outro comando. Contamos também com a possibilidade de atirar Popoons, uma espécie de bolha com rosto. Além de imobilizar os adversários, esse ataque é eficaz contra os Bumyons, criaturas gosmentas que não podem ser derrotadas com a investida padrão.

Os trechos de plataforma e os adversários encontrados pelo caminho são bastante simples e fáceis de superar. Entretanto, graças à variação proporcionada em cada área e à necessidade de adquirir certas habilidades para prosseguir na campanha, como veremos mais adiante, The Saga 2 consegue escapar da monotonia e manter a experiência divertida ao longo de toda sua duração. 

Um aspecto que costuma me desagradar em jogos desse gênero, e que também está presente em Ufouria, é o desafio praticamente inexistente oferecido nas batalhas contra chefes. Claro que não espero enfrentar uma Malenia em um título dessa espécie, mas a movimentação desses inimigos e o método para derrotá-los são praticamente idênticos em todas as situações, tornando esses confrontos pouco divertidos e nada memoráveis. Aqui, a estratégia envolve o uso dos Popoons para romper a defesa do boss antes de desferir um golpe imersivo. Via de regra, esse processo deve ser repetido três vezes.

Também tem um pouquinho de metroidvania

Além de incorporar elementos de roguelike, The Saga 2 apresenta uma característica semelhante ao que é visto em metroidvanias. Isso porque frequentemente nos deparamos com áreas inicialmente bloqueadas que só podem ser exploradas após a aquisição de habilidades específicas.

Essas maestrias são viabilizadas de duas formas: através de novos personagens e de compras. No primeiro caso, além de Hebe, desbloqueamos mais três aliados ao longo da campanha, cada um deles com um talento específico, como a capacidade de nadar ou planar.

Com relação ao segundo quadro, The Saga 2 apresenta um sistema de loja no qual o jogador é capaz de comprar uma variedade de aprimoramentos. Algumas dessas melhorias são indispensáveis para avançar na campanha, como o potencial de escalar paredes; no entanto, muitas outras são completamente opcionais, como aumentar o tamanho da vida ou o limite de Popoons.

Os itens desse comércio são obtidos por meio das moedas que coletamos ao longo da jornada. Entretanto, também existe uma quantidade limitada de latas espalhadas pelos cenários, essenciais para trazer novas opções ao catálogo. Portanto, mesmo que a obtenção completa desses objetos seja opcional, é necessário conquistar pelo menos alguns deles para ter acesso a todos os artigos essenciais do empório.

Esse sistema confere aos coletáveis das fases uma importância que vai além do simples complecionismo. Ainda nessa perspectiva, cada um dos três aliados solicita um objeto específico da loja antes de se juntar ao grupo, o que reforça ainda mais a necessidade e utilidade de recolher as moedas e, principalmente, as latas espalhadas pelo mundo.

Os jogadores que gostam de explorar e coletar todos os segredos também têm seu espaço, já que algumas das latas estão bem escondidas, exigindo uma atenção especial para serem encontradas. Como recompensa por esse esforço, são desbloqueados alguns artigos mais caros e interessantes na loja, como a possibilidade de melhorar a casa de Hebe.

Apesar de apresentar conceitos semelhantes aos presentes em roguelikes e metroidvanias, a jogabilidade de The Saga 2 é extremamente convidativa. Ainda que completar tudo o que o título tem a oferecer possa proporcionar um certo desafio e exigir uma busca mais detalhada em cada uma das áreas, a campanha principal é curta e fácil de ser concluída.

Embora essa simplicidade possa desapontar alguns jogadores que preferem obstáculos mais intensos em jogos de plataforma, pessoalmente, considero que essa descomplicação se encaixa perfeitamente com a trama, os personagens, a trilha sonora e os visuais de Ufouria, tornando-o uma experiência muito relaxante.

Um jogo de plataforma encantador

Ufouria: The Saga 2 cativa com seu enredo descontraído e seus personagens fofos e carismáticos. Apesar de não apresentar grandes desafios, o título da SUNSOFT consegue manter a experiência variada e divertida ao longo de toda a sua duração.


Prós

  • A história descontraída e repleta de humor, aliada ao carisma e à doçura dos personagens, proporciona uma aventura relaxante e divertida;
  • Os belíssimos visuais feitos à mão, acompanhados da trilha sonora alegre, complementam e reforçam a suavidade da trama e da obra como um todo;
  • O sistema de compras vai além do mero complecionismo, tornando a coleta dos objetos espalhados pelos cenários uma parte indispensável da jornada;
  • Graças a grande quantidade de latas espalhadas pelo mundo e aos artigos opcionais disponíveis na loja, os jogadores com senso complecionista terão um considerável conteúdo alternativo para explorar;
  • Embora os trechos de plataforma sejam simples, a variação das áreas e a necessidade de conquistar habilidades específicas para progredir na campanha adicionam um pouco de profundidade ao jogo, evitando que ele se torne monótono.

Contras

  • A falta de qualquer desafio nos confrontos contra chefes e a repetição da fórmula para derrotá-los fazem com que esses momentos não sejam memoráveis e nem muito divertidos;
  • A campanha é bem fácil de ser concluída, o que pode desapontar os jogadores que preferem desafios mais intensos;
  • Ausência de legendas em português.
Ufouria: The Saga 2 — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante 
Análise produzida com cópia digital cedida pela Red Art Games
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