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Análise: Vampire Survivors (Switch) é um excelente roguelite caótico

Um jogo sobre simplesmente derrotar todos inimigos que aparecem na tela.


Em um mundo cheio de jogos complexos e discussões intermináveis sobre FPS e gráficos, Vampire Survivors surge como uma boa opção para quem quer ficar longe disso tudo e apenas curtir partidas rápidas, com mecânicas simples de entender. Este roguelite cativante convida os jogadores a mergulhar em um campo de batalha onde a única certeza é o caos, com poderes piscantes na tela o tempo todo, enquanto hordas e mais hordas de inimigos são destruídos e nada mais importa. 

Uma missão acessível


Quando digo que as mecânicas de Vampire Survivors são simples, não é um exagero. Ao selecionar a opção de “iniciar jogo” na tela inicial, simplesmente escolha um personagem e comece a matar todos inimigos que aparecem em sua tela, controlando apenas a direção do boneco, já que os ataques são executados automaticamente no intervalo de alguns segundos.

No entanto, não pense que, por causa disso, este é um jogo monótono e repetitivo: derrotar inimigos concede experiência, e, ao passar de nível, selecionamos uma dentre uma lista aleatória de armas ou habilidades de melhoria para seu arsenal. Dessa forma, dá para montar, com o mesmo personagem, diferentes combinações de armas e habilidades que podem render arsenais cada vez mais poderosos e visualmente interessantes.




O objetivo é simples: sobreviver por cerca de trinta minutos em cada mapa. Nas primeiras partidas, é normal não passar dos minutos iniciais, mas, graças à incorporação de elementos roguelite, conseguimos melhorar cada vez mais esse tempo. É possível comprar melhorias, como aumento de experiência ou dano, que auxiliam na árdua tarefa de sobrevivência contra as hordas que ficam cada vez mais fortes e insanas. Além disso, conquistas in-game desbloqueiam novos itens e personagens, proporcionando ainda mais variedade nas escolhas de evolução do jogador. 

Após algumas partidas, você vai se sentir em um verdadeiro bullet hell. A diferença aqui é que quem tem que se virar para sobreviver à chuva de projéteis cada vez mais potente não é você. Os vampiros que lutem…

Simplicidade acima de tudo

Todo o aspecto audiovisual de Vampire Survivors remete à sua simplicidade: seu visual é inteiramente feito em pixel art e a música-tema de cada personagem toca em loop do começo ao fim da partida. 

Apesar disso, essa falta de complexidade visual e auditiva até ajuda a compreender melhor o que está se passando na tela, já que esta estará quase sempre preenchida de canto a canto, seja com seus projéteis, seja com centenas de inimigos simultâneos. Quanto à repetitividade da música, isso não chega a ser um problema gritante, já que é possível selecionar o tema de diferentes personagens (atualmente, o jogo conta com 70 bonecos no total, sendo 17 secretos e 25 provenientes de DLCs)  antes de iniciar a fase, então basta descobrir qual é sua favorita para caçar vampiros e criaturas das trevas em geral e curtir.




Por falar em fases, cada mapa tem alguns objetivos específicos e segredinhos escondidos. Assim, enquanto luta pela sobrevivência, o jogador é incentivado a sair andando pelo cenário para coletar artefatos, armas e até mesmo encontrar alguns personagens secretos. Tudo isso ajuda a aumentar ainda mais o fator replay do título, e vale citar que Vampire Survivors conta com 5 estágios-base e várias fases bônus e desafios.

Para auxiliar na progressão, após completar algumas fases e objetivos, desbloqueamos modos diferenciados, como o hiper, pressa e infinito, que, respectivamente, aumentam o número de inimigos do mapa, fazem com que o tempo passe mais rápido (transformando, na prática, a meia hora da partida em apenas quinze minutos) ou simplesmente permitem que o jogador aproveite os números subindo infinitamente, podendo curtir o poder destrutivo de sua build favorita sem se preocupar com o fim do tempo.




Outro aspecto muito interessante é a evolução das armas. Combinando uma arma com determinadas habilidades obtidas ao passar de nível e coletando baús que são derrubados por alguns inimigos especiais ao longo das fases, é possível adquirir uma versão mais forte e destrutiva dela. Pessoalmente, me diverti muito tentando descobrir o que era preciso para evoluir cada arma.

Outras opções de melhora também estão presentes, como conquistas, ovos que aumentam um atributo aleatoriamente e a própria compra de melhorias no menu inicial. 

Para quem quiser companhia, existe a jogatina local com outros três caçadores de vampiros. Nesse modo, cada jogador poderá escolher menos armas e habilidades passivas, mas ainda assim dá para progredir bem e garantir várias risadas e momentos divertidos para todos os envolvidos.




Não menos importante é a localização em português do jogo. Há alguns problemas de tradução aqui e ali, como nomes de personagens traduzidos ora como uma coisa, ora como outra, mas nada que atrapalhe o entendimento geral. Por fim, a versão para Switch conta com algumas quedas na taxa de quadros nas hordas mais numerosas e com inimigos de maior tamanho, mas nada que atrapalhe a jogatina. 

Tides of Foscari

O enredo de Vampire Survivors é minimalista, como tudo mais nele. Segundo a página do jogo no itch.io:

“O ano era 2021, na Itália rural, onde vivia uma pessoa maligna chamada Bisconte Draculó, cujas muitas magias malignas criaram um mundo ruim repleto de fome e sofrimento. Agora cabe aos membros da família Belpaese encerrar seu reinado de terror e trazer de volta a boa comida à mesa.”

Tides of Foscari, no entanto, adiciona algumas camadas extras, segundo a página na eShop:

“No coração de uma floresta continental, encontra-se a Academia Foscari, uma escola onde a elite do mundo treina seus filhos para seguir carreiras como feiticeiros poderosos, generais infatigáveis e espiões especialistas. A Academia é dividida em três casas, uma premissa jamais vista em nenhuma obra de ficção de fantasia. Três estudantes, um de cada casa, iniciam a jornada desbravando uma floresta lotada de criaturas mitológicas com o intuito de começar uma aventura alegre onde, certamente, nada nem ninguém vai interromper a excursão. Essa história toda é incrivelmente original, sem dúvidas – mas vai ficar ainda melhor, galera.”




Porém, como podemos ver, não muito. Mas já sabemos que não estamos aqui pela história: o que nos alimenta é o caos. Nesse sentido, esse DLC acrescenta 8 personagens, 13 armas, 2 estágios e 7 músicas para o jogo base.

Os personagens desse pacote adicional são focados em builds mais destrutivas, assim como suas armas. Particularmente, gosto muito da Eskizzibur, arma-assinatura do herói Maruto Cuts, que inicialmente permite desferir golpes cortantes ao lado do personagem e, com algumas evoluções, cria uma grande área de efeito de dano, o que auxilia a dar cabo de hordas maiores.

O estágio principal possui uma temática de fantasia, e inimigos muito característicos desse tipo de literatura.



The Legacy of the Moonspell

Dessa vez, temos claramente um DLC baseado na cultura japonesa. A história é a seguinte:

“Nas terras do leste, um clã sucumbiu. Os Moonspell, outrora vigilantes guardiões de um vale feiticeiro aninhado nas montanhas, foram subjugados por hordas de yokai e oni. Apesar de traiçoeiro, esse enxame de atividade espectral pode fornecer alguma pista sobre a localização de um vampiro. Se não, pelo menos será divertido derrotar milhares de espíritos desgarrados no processo.”

De conteúdo adicional, temos 8 personagens, 13 armas, 6 músicas, um novo estágio e uma nova relíquia.




Percebo que os personagens e armas desse DLC podem ajudar muito na criação de builds mais defensivas, especialmente as focadas em recuperação de vida. Assim, talvez seja um bom conteúdo para se adquirir para auxiliar na progressão geral. 

Minha escolha pessoal aqui é a queridíssima heroína de shounen Miang Moonspell, graças a quem consegui sobreviver a muitos desafios e completar quase todos os estágios que tenho liberados até agora. Sua arma Vento Prateado é ótima para roubar corações dos inimigos e garantir a  sobrevivência em áreas hostis (todas). 



Seja você mesmo a ameaça principal

Vampire Survivors chega ao Switch para provar que é possível gastar muitas horas em um jogo cujo principal input é o movimento do personagem na tela. Com uma proposta simples, mas viciante, esta é uma experiência imperdível para aqueles que procuram apenas matar alguns minutos ao longo do dia ou distrair a cabeça após muito tempo de desafios complexos em outros títulos.

Prós

  • Gameplay de fácil entendimento;
  • Alto fator replay devido à grande variedade de armas e habilidades;
  • Co-op local para até quatro jogadores;
  • Tradução em português.

Contras

  • As músicas podem ser repetitivas;
  • Eventual queda de quadros quando a tela está mais ocupada.

Vampire Survivors — Switch/PC/XBO/XSX/Android/iOS  — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital adquirida pela redatora

Professora por profissão, crossfiteira e artesã nas horas vagas. Seu primeiro contato com consoles da Nintendo foi zerando Chrono Trigger repetidas vezes no SNES. Atualmente é dona de um Switch no qual joga principalmente puzzles, jogos de pesca, RPGs e todos os Disgaea que para ele foram lançados. Icon por 0range0ceans
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