Sympathy Kiss é a mais nova visual novel da Otomate a ser lançada no Ocidente pela Idea Factory International. Com um toque mais realista do que o usual do gênero, a obra oferece uma curiosa visão de um romance que se desenvolve em uma vida adulta altamente marcada pelo trabalho.
Um dia, enquanto se questionava sobre a sua capacidade, ela recebe uma proposta para mudar de setor para um dos apps mais tradicionais da empresa, o Estarci. Porém, nos corredores do serviço tem circulado rumores de que esse software será descontinuado e eles estão apenas chamando pessoas que não tem mais futuro na empresa.
Apesar disso, a garota se esforça para aproveitar a mudança de ares, aprender novas habilidades e se dedicar à renovação do Estarci junto com seus colegas. Dependendo das escolhas do jogador, ela irá se aproximar mais de um personagem do sexo masculino, que inclui o seu chefe, colegas de trabalho, um parceiro de outra empresa e até mesmo um “parasita” galanteador.
De forma geral, chama a atenção o fato do jogo trabalhar com romance entre adultos em um contexto social de trabalho. Há um empenho significativo em mostrar os comportamentos dos personagens no serviço, o que também representa um pouco da cultura assalariada no Japão.
Para além disso, aspectos técnicos do desenvolvimento de apps recebem algumas pinceladas ocasionais. Para facilitar o entendimento, temos um dicionário com termos bem variados, que vão de elementos estritamente ligados ao jogo, como o Estarci, a sistemas de treinamento e vocábulos usados para se referir a apps e elementos de design e produção.
Esse tipo de escolha estilística não é um aspecto único do jogo, mas é o primeiro título da Otomate com essa estética a ser traduzido. Sendo bem honesto, enquanto o conceito não é ruim, a execução dessa proposta deixa a desejar, pois é feita de forma inconsistente.
No trabalho
Sympathy Kiss conta a história de Akari Amasawa, uma jovem mulher cujo nome pode ser alterado pelo jogador. Ela trabalha há um ano como designer em uma empresa de aplicativos para celular chamada Estario, mas já não demonstra tanto tesão pelo serviço.Um dia, enquanto se questionava sobre a sua capacidade, ela recebe uma proposta para mudar de setor para um dos apps mais tradicionais da empresa, o Estarci. Porém, nos corredores do serviço tem circulado rumores de que esse software será descontinuado e eles estão apenas chamando pessoas que não tem mais futuro na empresa.
Apesar disso, a garota se esforça para aproveitar a mudança de ares, aprender novas habilidades e se dedicar à renovação do Estarci junto com seus colegas. Dependendo das escolhas do jogador, ela irá se aproximar mais de um personagem do sexo masculino, que inclui o seu chefe, colegas de trabalho, um parceiro de outra empresa e até mesmo um “parasita” galanteador.
De forma geral, chama a atenção o fato do jogo trabalhar com romance entre adultos em um contexto social de trabalho. Há um empenho significativo em mostrar os comportamentos dos personagens no serviço, o que também representa um pouco da cultura assalariada no Japão.
Para além disso, aspectos técnicos do desenvolvimento de apps recebem algumas pinceladas ocasionais. Para facilitar o entendimento, temos um dicionário com termos bem variados, que vão de elementos estritamente ligados ao jogo, como o Estarci, a sistemas de treinamento e vocábulos usados para se referir a apps e elementos de design e produção.
Sem face sim, sem personalidade nunca
Um aspecto que precisa ser destacado ao falar de Sympathy Kiss é que o jogo tenta se oferecer como self-insert. Para isso, a obra opta por não dar um rosto nem falas para a personagem principal. A ideia é favorecer a cultura yumejoshi, ou seja, do jogador “shippar” os personagens consigo mesmo ou com uma personagem de sua autoria.Esse tipo de escolha estilística não é um aspecto único do jogo, mas é o primeiro título da Otomate com essa estética a ser traduzido. Sendo bem honesto, enquanto o conceito não é ruim, a execução dessa proposta deixa a desejar, pois é feita de forma inconsistente.
Embora a protagonista não tenha olhos em nenhuma cena na qual ela aparece, ela tem um estilo de cabelo e de roupa muito detalhado, fazendo com que suas escolhas estéticas demonstrem muita personalidade. Da mesma forma, a protagonista pode não falar, mas os seus monólogos internos e atitudes são apresentados ao jogador como narração. Inclusive, há momentos em que os personagens reagem como se ela tivesse falado algo que não é mostrado na tela, o que só acaba sendo super confuso para o jogador.
Pessoalmente, como alguém que prefere que a protagonista tenha uma personalidade bem demarcada, confesso que fiquei satisfeito em ver que Amasawa não é só uma marionete do roteiro. Porém, por um lado, ela poderia ser uma personagem mais forte se tivesse falas e um rosto bem definido; por outro, ela acaba não servindo mais para self-insert do que o usual do gênero. O resultado é um compromisso que não explora o potencial de nenhum dos dois lados.
Embora a progressão do enredo principal de cada rota não tenha grandes alterações, o epílogo muda dependendo se o jogador tem mais pontos de Work ou Love. As escolhas podem aumentar ou diminuir os valores das barras em quantidades variadas e, uma vez concluída a rota, é possível simplesmente rejogar o último capítulo com a outra barra cheia para obter o epílogo alternativo.
Também há alguns poucos momentos em que podemos escolher uma “emoção” para reagir às falas dos personagens. Essas respostas levam não apenas a resultados imediatos como também a algumas alterações posteriores em que os rapazes lembram as preferências da protagonista.
De forma geral, há uma boa variedade de rotas, incluindo duas histórias secretas, sendo todas mais curtas do que o usual, mas sem que isso enfraqueça o desenvolvimento dos personagens. Curiosamente, o meu primeiro final envolveu a protagonista se relacionar com um rapaz yandere (demasiadamente apegado à pessoa que ama a ponto de agir de forma desequilibrada) e ele só é desbloqueado fazendo uma escolha específica.
Dentre os pretendentes que são apresentados adequadamente no início da história, temos:
Como usual da Otomate, trata-se de uma visual novel muito agradável para navegar por conta de vários elementos de qualidade de vida, o que já é uma marca registrada da desenvolvedora. Temos os itens tradicionais, como o registro de diálogos, skip e auto, mas também podemos simplesmente avançar até a próxima fala não lida ou cena de escolha apertando o analógico direito para cima uma vez.
Em vez de depender do sistema de save, o jogador pode usar o menu Episode para revisitar as rotas já concluídas e testar outras possibilidades. As opções incluem selecionar um capítulo específico para rever e optar por valores baixos ou altos de Work e Love. A galeria inclui não apenas as ilustrações e músicas do jogo, como também perfis desbloqueáveis para os rapazes, o dicionário (também acessível pelo menu in-game) e os trechos opcionais em que vemos a história pela perspectiva dos rapazes no interlúdio entre os capítulos.
Pessoalmente, como alguém que prefere que a protagonista tenha uma personalidade bem demarcada, confesso que fiquei satisfeito em ver que Amasawa não é só uma marionete do roteiro. Porém, por um lado, ela poderia ser uma personagem mais forte se tivesse falas e um rosto bem definido; por outro, ela acaba não servindo mais para self-insert do que o usual do gênero. O resultado é um compromisso que não explora o potencial de nenhum dos dois lados.
Escolhas e rotas
Em Sympathy Kiss, temos dois medidores de progresso: as barras Work e Love. Em algumas conversas, temos a oportunidade de escolher quatro respostas, duas relacionadas a cada uma das barras. A ideia é tentar escolher a fala mais romântica para Love ou aquela que melhor representa a relação de trabalho entre os personagens para Work.Embora a progressão do enredo principal de cada rota não tenha grandes alterações, o epílogo muda dependendo se o jogador tem mais pontos de Work ou Love. As escolhas podem aumentar ou diminuir os valores das barras em quantidades variadas e, uma vez concluída a rota, é possível simplesmente rejogar o último capítulo com a outra barra cheia para obter o epílogo alternativo.
Também há alguns poucos momentos em que podemos escolher uma “emoção” para reagir às falas dos personagens. Essas respostas levam não apenas a resultados imediatos como também a algumas alterações posteriores em que os rapazes lembram as preferências da protagonista.
De forma geral, há uma boa variedade de rotas, incluindo duas histórias secretas, sendo todas mais curtas do que o usual, mas sem que isso enfraqueça o desenvolvimento dos personagens. Curiosamente, o meu primeiro final envolveu a protagonista se relacionar com um rapaz yandere (demasiadamente apegado à pessoa que ama a ponto de agir de forma desequilibrada) e ele só é desbloqueado fazendo uma escolha específica.
Dentre os pretendentes que são apresentados adequadamente no início da história, temos:
- Kobase, o chefe que tem muita dificuldade em demonstrar o que sente e acaba parecendo hostil;
- Saotome, um colega de trabalho animado, mas um pouco ousado demais em relação a espaço pessoal;
- Minato, o outro colega, que é eficiente, mas só gosta de fazer o mínimo e costuma ser rude e evitar as outras pessoas;
- Yoshioka, um jovem presidente de uma empresa que é considerado um príncipe e trabalha bastante;
- Tainaka, um rapaz misterioso que vive de favor em casas de mulheres de negócios, cuidando das tarefas domésticas;
- Usui, o atencioso dono do bar no qual a equipe do Estarci costuma ir.
Como usual da Otomate, trata-se de uma visual novel muito agradável para navegar por conta de vários elementos de qualidade de vida, o que já é uma marca registrada da desenvolvedora. Temos os itens tradicionais, como o registro de diálogos, skip e auto, mas também podemos simplesmente avançar até a próxima fala não lida ou cena de escolha apertando o analógico direito para cima uma vez.
Em vez de depender do sistema de save, o jogador pode usar o menu Episode para revisitar as rotas já concluídas e testar outras possibilidades. As opções incluem selecionar um capítulo específico para rever e optar por valores baixos ou altos de Work e Love. A galeria inclui não apenas as ilustrações e músicas do jogo, como também perfis desbloqueáveis para os rapazes, o dicionário (também acessível pelo menu in-game) e os trechos opcionais em que vemos a história pela perspectiva dos rapazes no interlúdio entre os capítulos.
Um pacote Office + Romance
Sympathy Kiss é uma visual novel otome bem agradável pela boa variedade de rotas, uma narrativa curiosa focada no dia a dia de assalariados japoneses e ótimas funções de qualidade de vida, como usual da Otomate. Embora as inconsistências da tentativa malfeita de fazer uma protagonista self-insert pesem contra o jogo, as qualidades da obra e a sua boa tradução para o inglês conseguem se sobrepor aos problemas e fazer a história de Amasawa brilhar.Prós
- O romance entre adultos em um contexto social de trabalho é pouco comum dentre os jogos do gênero no Switch;
- Dicionário com termos especializados que familiariza o jogador com elementos do desenvolvimento de apps do ponto de vista do design;
- Boa variedade de escolhas de romance, incluindo rotas secretas;
- O texto em inglês não possui erros significativos de escrita;
- Os elementos de qualidade de vida facilitam consideravelmente navegar pelo jogo.
Contras
- Escolhas inconsistentes na construção da protagonista como self-insert;
- Eliminar as falas da protagonista só gera estranheza na transição de alguns diálogos.
Sympathy Kiss —Switch — Nota: 8.0
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Idea Factory International