Análise: Looking Up I See Only A Ceiling (Switch) é uma sufocante mas interessante narrativa sobre estresse

Uma história sobre ansiedade, nervosismo e estresse.

Caro leitor, qual é o maior assassino da história? Eu vou te dar 4 minutos para responder, o equivalente a ler esta análise. Não tenha medo, ela é bem curta, tal Looking Up I See Only A Ceiling, desenvolvido pelos artistas indie Silver978, Saineko08 e Moriko_K3 como seu primeiro grande projeto, com Silver na direção principal.


Se chegou até aqui, aproximadamente 30 segundos já se passaram, então melhor se apressar para me dar uma resposta logo, a análise já está acabando. Ainda aqui? Ótimo, vamos continuar, vai ser rápido, você não vai se perder. Como diria Wario em algum de seus microgames: “3.2.1. GO!”

O estranho sótão

Uma garota (sem nome na narrativa, mas Silver nomeou-a Ceiling-Chan pelo Instagram) acorda em mais um dia de sua rotina. Ela toma o café da manhã, vê as tarefas que certamente vai fazer mais tarde, como ler as correspondências e desempacotar as caixas, escova os dentes e vai estudar para a prova de anatomia. Porém, ao virar no corredor, se depara com uma parte nova de sua casa, com um misterioso garoto (também sem nome, apelidado de Calendar Man) dizendo que o tempo da moça está acabando e que ela tem que quebrar o ciclo.

Separado em quatro capítulos e três finais (um bom, um ruim e um secreto), Looking Up I See Only A Ceiling é uma curtíssima experiência narrativa que leva em torno de uma hora para completar e descobrir todos os segredos, mas isso não quer dizer que o jogo é ruim. Pelo contrário: a sensação de pressa e velocidade, mas ao mesmo tempo lentidão e desconforto, leva a uma narrativa engajada. 3 minutos.

Afogando-se

Com gráficos totalmente feitos a mão, comandos rápidos e acessibilidade da tela tátil, trilha sonora imersiva e totalmente adaptada para o português, esta é uma história real que prende a concentração do jogador. Existem poucos erros de português e articulações erradas, mas nada que quebre a imersão com a narrativa. Pode até ser mais uma metáfora para o estresse de Ceiling-Chan.

Quem nunca viveu um dia estressante? Ou ainda um período estressante? Looking Up I See Only A Ceiling retrata exatamente isso, a verdade nua e crua: o vazio que o estresse e cansaço podem causar. Eu consegui notar umas dicas de depressão também com a narrativa, semelhantes a jogos como Room of Depression (Switch) e Milk Inside a Bag of Milk Inside a Bag of Milk and Milk Outside a Bag of Milk Outside a Bag of Milk (Switch). 2 minutos, aliás.

Quando se termina o final bom, é desbloqueado um novo modo chamado Exploração, onde mais dicas sobre a história podem ser descobertas e entendidas. A mensagem pode ser bem na cara, nada sutil, e o jogo pode dar gatilho em pessoas mais sensíveis, mas certas mensagens precisam ser gritantes, fortes e chamativas.

Ceiling-Chan não foi feita para ser uma personagem com camadas, desenvolvida e com uma jornada complexa (não que ela não tenha, porém). Pelo contrário: por ser tão vaga, o jogador consegue se ver nela, consegue entender perfeitamente pelo que ela está passando e, assustadoramente, olhar para seus próprios problemas e refletir sobre eles. Olhar para as caixas fechadas e finalmente abri-las, arrumar a casa e lavar a louça. 1 minuto.

Saindo da banheira

Looking Up I See Only A Ceiling não é para quem procura um RPG de 900 horas, entupido de personagens coloridos, chefes japoneses com sprites duvidosos e música orquestrada; tampouco é um jogo de aventura dividido em 3 CDs em que você salva o mundo de sabe qual cientista maluco do leste europeu. Looking Up I See Only A Ceiling é uma história desconfortante e real, de alguém sofrendo problemas reais jogado em um mundo sem cores, onde plantas que deveriam embelezar o ambiente estão lentamente morrendo de sede.

Qual é o maior assassino da história? Tempo. O tempo vence tudo, transformando impérios em areia e memórias em nada. O tempo leva à ansiedade, à dor e à depressão. Looking Up I See Only A Ceiling é literalmente uma luta contra o tempo. Curto, engajador e real, é uma história necessária para os tempos atuais.

Prós:

  • História curta que prende a atenção;
  • Totalmente traduzido para o português;
  • Gráficos desenhados a mão muito bem-feitos;
  • Trilha sonora imersiva que evocam os sentimentos de solidão;
  • Mensagem atual e importante sobre estresse e ansiedade.

Contras:

  • Alguns erros de português que poderiam ser facilmente corrigidos;
  • Falta de aviso sobre assuntos sensíveis no começo do jogo.
Looking Up I See Only A Ceiling — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida por IndieArk

Formado em Publicidade e Propaganda na USC e especializado em Marketing Digital, sou Editor de Vídeos também, meu TCC foi sobre a Guerra dos Consoles e evolução da publicidade nos games. Jogo um pouco de tudo e também escrevo. Me descrevo como um artista.
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