Mil e uma noites no SNES
A trama de Prince of Persia se desenrola na antiga Pérsia, um reino envolto em perigos e intrigas. Quando o Sultão parte para a guerra, seu astuto Grã-Vizir, Jaffar, aproveita a oportunidade para trair e usurpar o trono. O plano maquiavélico de Jaffar inclui sequestrar a filha do Sultão, a bela Princesa, forçando-a a aceitar sua proposta sinistra de matrimônio.
A partir daí, a narrativa se desdobra com nosso herói, um príncipe corajoso e destemido, arremessado nas profundezas traiçoeiras de uma masmorra pelo ardiloso Jaffar. O desafio é claro: escapar das garras do vilão e desvendar os enigmas para salvar o dia.
No entanto, nosso herói não terá uma tarefa fácil: o tempo, implacável, adiciona uma camada extra à jogabilidade já desafiadora do game. Com apenas 120 minutos para completar a jornada desde as profundezas da masmorra até o topo do palácio de Jaffar, o jogador é mantido sob constante pressão, com cada morte significando o retorno a estágios previamente percorridos.
Ao chegar ao Super Nintendo, Prince of Persia ganha novos contornos, com gráficos refinados, fases expandidas e desafios que testam não apenas as habilidades do jogador, mas também sua paciência e estratégia. Nesta épica jornada, cada passo é uma dança entre a vida e a morte e cada segundo conta na busca pela libertação da princesa.
A versão de Prince of Persia para o Super Nintendo se destaca como uma experiência diferenciada, ao compararmos com outras versões do jogo. Uma das diferenças mais notáveis reside no tempo disponível para completar a campanha: enquanto outras versões oferecem um limite de tempo de uma hora, a versão de SNES amplia esse prazo para duas horas.
Esse aumento no tempo não vem de graça, no entanto: o SNES apresenta uma variedade de áreas expandidas e novas, com novos desafios e inimigos, ou mesmo diferentes tipos de adversários para áreas já conhecidas em outras plataformas.
Vale notar que há algumas diferenças entre as versões japonesa e a internacional. Enquanto ambas mostram o jovem príncipe sendo espancado pelos guardas no início do jogo, é na versão japonesa que essa cena é intensificada, apresentando os guardas arrastando o príncipe antes de levá-lo para a cela onde a aventura se inicia. Em termos de simbologia, a censura se faz presente em praticamente todas as vezes em que pentagramas aparecem na tela: na versão ocidental, esses símbolos foram substituídos por padrões decorativos menos controversos.
Outros símbolos substituem os pentagramas na versão ocidental (screenshots: Movie Censorship) |
A dança do príncipe
A jogabilidade de Prince of Persia no Super Nintendo é uma experiência desafiadora, na qual cada movimento do controle é crucial na luta pela sobrevivência de nosso herói sem nome. Para a época, o príncipe realiza acrobacias até que bem fluidas e realistas. O jogador enfrenta desafios de plataformas envolventes, para os quais saltos precisos, corridas cronometradas e escaladas habilidosas são essenciais para superar obstáculos traiçoeiros.
Os encontros com guardas leais de Jaffar e até mesmo esqueletos animados elevam a jogabilidade do game a novos níveis. Os duelos de espadas exigem não apenas habilidades ágeis, mas também estratégia astuta, pois empurrar oponentes para armadilhas ou bordas de precipícios é muitas vezes a chave para a vitória.
Além dos desafios físicos, Prince of Persia apresenta quebra-cabeças elaborados que testam a mente do jogador. A exploração minuciosa é recompensada com passagens secretas e atalhos, incentivando os aventureiros mais destemidos a desvendar os segredos ocultos nos cenários do jogo. Claro, ao custo de, talvez, mais mortes do que gostariam.
Enfim, a jogabilidade desafiadora, combinada com a variedade de inimigos, armadilhas e quebra-cabeças, nos mantém envolvidos. Além disso, a progressão da dificuldade torna a jornada emocionante; no entanto, a adaptação para o Super Nintendo trouxe desafios nos controles, especialmente quando comparados à versão original de PC, o que pode causar certa dor de cabeça para os que ousarem desafiar Jaffar nessa versão. Apesar de tudo, a versão de SNES é uma das mais elogiadas no quesito input.
Entre pixels e melodias
A transição de Prince of Persia para o Super Nintendo marcou não apenas uma evolução na jogabilidade, mas também uma transformação visual impressionante. As masmorras escuras e os corredores ganharam detalhes mais nítidos, e a evolução do visual ao longo das diferentes fases, dos confins sombrios às áreas externas do palácio, é visível.
Imortalidade em bits
Ao mergulhar neste clássico, nos tornamos parte de uma tradição que ultrapassa gerações, testando nossa habilidade e resistência contra as adversidades do reino persa. Prince of Persia no SNES perdura como uma experiência única e memorável, transcendendo barreiras culturais e consolidando seu lugar na história dos jogos.
Revisão: Davi Sousa
Fontes: Movie Censorship (informações sobre a censura), MobyGames (screenshots)