Anteriormente, vimos o panorama geral da criação do mangá de The Legend of Zelda: Twilight Princess. Em seguida, acompanhamos a aventura dos dois primeiros volumes, nos quais conhecemos a história do Reino do Crepúsculo, o pessoal da vila Ordon, o passado sombrio de Link (!) e a morte e ressurreição do jovem (!), que ainda não sabia estar destinado a ser um herói.
Ainda vou bater bastante na tecla do destino do herói porque é exatamente essa a coluna vertebral que sustenta o épico e desenvolve o protagonista como um personagem maior.
No final do volume 2, Link é confrontado com o fardo de ter que ser o herói, mas ele rejeita a ideia, argumentando que tudo o que fez foi para sua sobrevivência e para salvar os amigos, não um reino inteiro. A dúvida realça a longa sombra que ele lança no chão, como uma metáfora do que virá adiante.
Como em todo jogo de Zelda, na missão é preciso recolher um número de artefatos mágicos, e Faron, um dos espíritos da luz, dá a direção: libertar seus irmãos que estão na Montanha da Morte e no Lago Hylia, livrando-os da influência do Crepúsculo e, de quebra, conseguindo mais fragmentos do Cristal da Sombra. Vamos ver aonde os volumes seguintes nos levam?
Volume 3
Na vila Kakariko
Link e Midna tentam encontrar a saída do Bosque de Faron e encontram Coro, o vendedor de lanternas a óleo que tem um ninho de pássaros sobre a cabeça. É apenas uma breve aparição, mas agradável na excentricidade do personagem e na relação com o tema principal de luz e sombra. Ele é um dos poucos figurantes do jogo a ter o privilégio da aparição nas páginas do mangá.
Enquanto isso, entra em cena Renado, o xamã da vila Kakariko. Ele e sua filha Luda dão abrigo às crianças de Ordon, incluindo Colin e Talo, que foram encontrados. Apenas Ilia continua desaparecida, ainda prisioneira do Rei Bulblin. Sozinha, ela junta forças para se matar cortando os pulsos, mas um miado fraco chama sua atenção e ela concentra sua determinação em cuidar de um filhote de gato que estava perdido por ali, mantendo a ele e a si mesma viva na esperança de que será resgatada.
No entanto, a escuridão do Crepúsculo alcança Kakariko e a cobre totalmente, transformando todos ali em almas desesperadas que não sabem que não estão inteiramente vivas. Acontece que a vila fica no cânion aos pés da Montanha da Morte, o primeiro destino de Link. Ele adentra a zona do Crepúsculo e, mais uma vez na forma de lobo, fareja o cheiro familiar dos amigos, encontrando-os na forma de almas com Renado e Barnes, o fabricante de bombas.
O guerreiro esqueleto
Enquanto luta contra as criaturas tenebrosas que assolam a vila, Link revê o lobo dourado que havia encontrado no Bosque de Faron. É o mesmo animal que acompanhava a rainha Midna no capítulo inicial, e ela se emociona ao reencontrá-lo. Em sua mente, Link está perseguindo o lobo misterioso, até que se vê na forma humana em um cenário de névoa coroado pelo castelo de Hyrule.
Nesse local de sonho, o herói encara o esqueleto sinistro daquele dia,dois anos atrás, quando sua cidade natal foi engolida pelas trevas. Com sua espada, ele trava um duelo tão longo com o guerreiro espectral que entende que está sendo treinado e que seu oponente, na verdade, é humano, apesar da aparência.
Enquanto o que parece uma eternidade onírica se passa, Link ainda é um lobo adormecido fora do sonho, vulnerável aos ataques dos insetos da Sombra, e Midna faz de tudo para lutar contra eles. O jovem de túnica verde finalmente desperta do longo treino interno, mais preparado do que antes, destrói os insetos restantes e toma a exausta companheira nos braços.
O rei Bulblin, round 2
É nesse momento que Eldin, o espírito da luz, aparece e dissipa o Crepúsculo que cobria Kakariko, reforçando a missão do herói. A própria Epona reaparece, agora que o caminho foi liberado. Novamente humanas, as crianças correm para Link, e Colin diz a ele que sabia que os salvaria, acendendo uma brasa no coração do jovem relutante.
Acontece que uma criatura de Zant tinha avisado o rei Bulblin sobre um guerreiro que deveria ser eliminado em Kakariko, e Link também se reencontra com aquele que o havia matado dias atrás. Agora a situação é outra e ele luta de igual para igual em uma batalha intensa que leva até o icônico duelo na ponte de pedra sobre um abismo.
Bulbin quer provar que sua força é maior que a daquele que havia perecido sob seu machado, mas Link mostra que a verdadeira força não está em destruir, mas em proteger o que é importante, conseguindo derrubar o rei Bulblin no precipício. Essa vitória internaliza nele o dever de usar sua força para proteger todos que puder — toda Hyrule —, levando-o um passo mais perto de seu destino sagrado.
No jogo, o duelo acontece mais tarde, mas ficou muito bem encaixado neste trecho do mangá.
Volume 4
Mais dois fragmentos
As partes repetitivas do jogo são representadas neste volume do mangá de forma rápida, como se fossem apenas obstáculos a ser deixados para trás o quanto antes. Isso acontece com os trechos da Montanha da Morte e do Lago Hylia em que Link e Midna enfrentam criaturas da sombra, libertam os espíritos da luz Eldin e Lanaryu, e recuperam os dois fragmentos restantes do Cristal Sombra, com o herói retornando à forma humana em seguida.
Eu concordo que, na história como um todo, esses parecem apenas episódios paralelos que destoam do restante do fluxo, funcionando como desvios inconvenientes que jogam Link de lá para cá, fazendo viagens longas de uma página para outra.
Na parte dos gorons entram em cena o líder Darb, seu filho Darbus e os anciãos da tribo. Aqui, Link tem a ajuda da menina Luda e ganha o arco que foi de Renado. A parte dos zoras é mais robusta, contando com o espírito da rainha Rutela, o resgate do príncipe Ralis e o templo do Lago Hylia, com direito à armadura do rei Zora, que permite Link respirar na água.
A memória de Ilia
Entremeado a tudo isso, o segmento de Ilia recebe mais atenção, mantendo a tendência de valorizar a presença dos personagens que permanecem na história do começo ao fim. No jogo, o arco da garota acontece mais tarde e de outra maneira.
Quando Link-lobo chega à cidadela do castelo de Hyrule, ele capta o cheiro da amiga desaparecida. Com a derrocada do bando de Bulblin, a jovem de Ordon havia vagado desmemoriada até a cidade, em choque. Ela foi acolhida por Telma, a dona do bar, e por Shad, o estudioso que deseja provar a existência de Oocca, a lendária cidade do céu. Também surgem nesse trecho o dr. Borville e Auru, antigo tutor de Zelda.
Depois, quando é preciso levar o ferido Ralis para ser tratado pelo xamã Renado, Link e Epona escoltam uma carroça conduzida por Telma e Ilia enquanto bokoblins os perseguem em uma cena de ação vinda diretamente do jogo.
Um dos monstros diz a Ilia que seu rei quer que ela seja levada de volta, indicando que Bulblin sobreviveu à queda da ponte. Toda a situação de enfrentar o medo, guiar um cavalo e ser salva por Link faz com que a memória dela retorne, mas ela ainda pretende ficar um tempo no bar de Telma.
No final do volume, havendo completado o objetivo de reunir o Cristal da Sombra, o humor de Midna fica repentinamente sério e, em fala exclusiva do mangá, a rainha diz que tem tudo de que precisa e libertará seu companheiro de jornada, abandonando-o. Link exige que ela o chame pelo nome ao menos na despedida, mas ela recusa, distanciando-se dele.
O que ambos não esperavam era dar de cara com Zant na saída do templo.
Volume 5
Este é um volume mais focado em Link, Midna e Zelda, e também faz suas mudanças para dar mais nuances às relações do trio, inventando o fofo encontro entre Zelda e Midna na infância.
As duas princesas
Com seus poderes, Zant imobiliza Midna e finca uma pedra maligna na testa de Link para mantê-lo preso à forma crepuscular de fera. Como Midna se recusa a submeter-se a ele como seu rei, o feiticeiro usa a luz contra ela, deixando-a à beira da morte. Alguém misteriosamente interfere e teleporta a dupla dali para as proximidades do castelo de Hyrule. Desesperadamente, o lobo leva a diabinha moribunda até a princesa hylian.
É nessa parte que ficamos sabendo que as duas monarcas já haviam se conhecido quando crianças, por meio da bacia de água mágica que Zelda usava para espiar o Crepúsculo, escondida de todos. Toda a sua vida era regrada e sem amigos, mas no artefato mágico ela viu surgir uma menina de pele azul e personalidade livre, diferente da dela.
Midna e Zelda tornaram-se amigas, apesar da distância, até que o precioso segredo foi descoberto e Auru mandou selar a fonte, encerrando a comunicação entre a luz e a sombra. Ao ver a amiga prestes a morrer, a princesa de Hyrule toma uma decisão e dá toda sua energia vital para curá-la, tornando-se mais uma alma perdida no Crepúsculo.
A espada que bane o mal
Antes disso, porém, ela havia indicado a maneira de tirar a pedra amaldiçoada de dentro de Link: ele deve ir mais fundo no Bosque Faron, até o Prado da Floresta Sagrada onde repousa a Master Sword, a espada forjada pelos antigos sábios para banir o mal.
Pela marca de Triforce, todos os guardiões do refúgio da espada parecem reconhecer o lobo como alguém que retorna depois de muito tempo para retomar o que deixou ali. Ao se aproximar da Master Sword, a maldição de Zant é desfeita, e o herói de túnica verde empunha a arma divina e sente o poder que flui dela. Ele logo ficará embriagado com essa força.
O Território dos Juízes
Voltando à capital, Link encontra Ilia, Rusl e Shad no bar de Telma. Com eles estão Auru e Ashei, uma cavaleira de Hyrule. Eles formam a Resistência, um grupo que não sabe ao certo o que está acontecendo, mas que entende que o castelo de Hyrule foi bloqueado no centro da cidade por magia maligna. Auru então conta ao grupo sobre o Território dos Juízes, um lugar no meio do deserto que abriga o Espelho da Sombra, um artefato amaldiçoado usado para exilar criminosos no outro mundo.
Após se equipar na loja do pequeno Malo e obter o icônico Escudo Hylian, Link parte para o local onde ficava sua antiga cidade natal, desaparecida nas areias. Para além da fronteira, antes de chegarem ao Território dos Juízes, Midna conta sua história e expressa a indignação de como o mundo da luz trata o Crepúsculo como um lugar para despejar seu lixo.
Ela toca o rosto de Link e pede que ele, ao encontrar o Espelho, use-o para ir com ela ao seu reino enfrentar Zant. No Território, Link tem o primeiro gosto do verdadeiro poder da Master Sword ao dizimar os espíritos malignos que cercam o lugar. A jornada, no entanto, foi em vão. O Espelho da Sombra foi partido por Zant. Enquanto Midna perde as esperanças, surgem as misteriosas entidades conhecidas como Juízes para contar a verdadeira história por trás do atual conflito entre Hyrule e o Crepúsculo.
Na próxima semana veremos mais três volumes da saga de Twilight Princess. A história terá uma virada e mergulhará na conexão do íntimo de Link e no destino amargo ao qual as deusas acorrentaram os três portadores da Triforce.
Resenhas das lendas de Zelda em mangá:
- A Link to the Past (versões de Himekawa e Ishinomori)
- Ocarina of Time
- Oracle of Seasons/Ages
- The Minish Cap e The Phantom Hourglass
- Four Swords
- Twilight Princess: apresentação
- Twilight Princess: volumes 1 e 2
- Twilight Princess: volumes 3, 4 e 5
- Twilight Princess: volumes 6 e 7
- Twilight Princess: volumes 8 e 9
- Twilight Princess: volumes 10 e 11
Revisão: Cristiane Amarante