Sonic Superstars (Switch) e o futuro dos jogos 2D da série

As lições que o time de desenvolvimento pode aprender para os próximos títulos da franquia.

em 08/11/2023


Sonic Superstars
foi importante para retomar a série de jogos em 2D do ouriço azul e obteve êxito no quesito diversão, embora sem deixar de esbarrar em alguns problemas. Considerando que sua produção foi realizada por um time de desenvolvimento novato com a franquia, em geral, resolvemos discutir como os desenvolvedores poderiam consertar ou evoluir elementos dos títulos clássicos em possíveis futuras tentativas.

Quanto mais acessível, melhor



É discutível que Sonic, desde os tempos do Mega Drive, nunca foi um plataforma muito acessível. Ao contrário de seu eterno concorrente Mario, que se concentra em criar uma experiência mais facilmente disponível às massas, o ouriço sempre teve o conceito de desafios de plataforma em alta velocidade inviabilizando uma maior acessibilidade.

Superstars dá um passo importante para diminuir esse problema removendo completamente o sistema de vidas, algo que vários jogos de plataforma têm adotado. Entretanto, esse é só um primeiro movimento e o time da Arzest pode ir além se continuar a desenvolver títulos na fórmula clássica da franquia.

Uma das maneiras de melhorar a acessibilidade seria oferecer mais opções para modificar a jogabilidade, como introduzir um modo de invencibilidade. Quem sabe disponibilizar uma opção de habilitar a forma Super dos personagens sem perder anéis? Ou então a introdução de modos de dificuldade que afetam o balanceamento em geral, algo que Sonic Frontiers tentou fazer.



Lembrando que Superstars compensa a falta de um sistema de vidas com uma campanha extra mais difícil e chefes mais complicados. Uma forma de remediar as frustrações que os chefes podem causar seria separá-los em atos próprios, de forma que os jogadores não percam o ritmo nos estágios e possam recomeçar as lutas em outro momento caso se sintam frustrados.

A revisão de certas filosofias de design, algumas presentes desde o Mega Drive, seria algo bem-vindo também na jornada pela melhoria de acessibilidade. Uma delas é a de mortes instantâneas por esmagamento, algo que é extremamente punitivo em Sonic, uma vez que a detecção é muito precisa, tornando esses deslizes injustos. A adoção de uma detecção mais generosa ou fazer com que o jogador perca anéis em vez de morrer de cara podem amenizar o problema.

Pacote mais recheado

Quando Metroid Dread foi lançado para o Nintendo Switch em 2021, houve muitos debates sobre jogos 2D valerem o mesmo preço cheio que produções AAA possuem. Há um estigma de que ao remover uma das dimensões, os títulos tornam-se mais simples, mais fáceis de fazer e, por consequência, têm menos valor.

O valor de um produto depende, obviamente, da realidade e condição financeira da pessoa, e o quanto ela valoriza cada experiência. Jogos em 2D podem trazer jogatinas tão boas ou até melhores que títulos de alto orçamento em 3D, mesmo que sejam, em tese, mais simples. No entanto, no caso de Superstars, embora a aventura seja divertida em geral, é notório que ele poderia ter um pacote mais recheado de conteúdo para que seu preço cheio fosse melhor justificado.



Há diversas ações que o time da Arzest poderia tomar para que isso não seja um problema em um Superstars 2, caso a mesma faixa de preço seja mantida. Algumas entradas, como Sonic Generations e Sonic Origins, adotaram um sistema de missões, em que o jogador revisita estágios levemente modificados e precisa cumprir algum objetivo específico.

Um próximo título talvez se beneficiasse de um sistema similar, em que os objetivos poderiam variar, desde coletar um número específico de anéis até finalizar a fase em um determinado tempo. Esses espaços, sendo opcionais, trariam a oportunidade de ser aproveitados como campo de experimentação de mecânicas mais diversas, algo similar ao que os atos frutas e alguns atos específicos fizeram em Superstars, mas em maior quantidade.

Outro método é a introdução de uma maior quantidade de personagens jogáveis, algo que já pode estar nos planos atuais como conteúdo adicional. Considerando o modo multijogador, um elenco expandido de heróis é importante para não apenas aumentar a variedade ao jogar com amigos, como também valorizar o fator replay da campanha principal.

Evoluindo mecânicas

O objetivo principal dos próximos Sonic 2D deve ser evoluir a jogabilidade clássica, especialmente para evitar uma falta de inovação e marasmo como ocorreu com a série New de Super Mario Bros. Com as físicas e jogabilidade do Mega Drive já recriadas, a equipe da Arzest deve agora focar em descobrir quais são os novos passos.



Sonic Mania introduziu uma mudança que pode parecer pequena, mas foi fundamental à configuração de movimentos do Sonic: a implementação do Drop Dash. A habilidade está sendo utilizada até nos títulos em 3D e mostra que é possível inovar mesmo dentro de uma jogabilidade já muito consolidada. Tentar trazer novos movimentos fundamentais a Tails, Knuckles e Amy, por exemplo, pode construir um novo momento “Drop Dash” a cada um deles. 

É claro que nem toda novidade precisa ser algo fundamental a toda franquia, havendo espaço para mecânicas mais exclusivas que ajudem os jogos a se diferenciar. Os Sonic Advances, entradas em 2D da franquia lançadas para o Game Boy Advance, conseguiam ser distintos entre si por terem focos diferentes.

Obviamente, várias inovações aplicadas por essa trilogia não foram bem recebidas, mas como agora temos o framework de Superstars a nosso favor, tentar brincar nesse playground pode gerar algo novo que se adeque aos clássicos. A mecânica de “team-up” de Sonic Advance 3, por exemplo, poderia funcionar com maior refinamento hoje em dia e combinaria com o aspecto multiplayer que a SEGA tem buscado destacar.

Além disso, é crucial também reconhecer as mudanças que o próprio Superstars trouxe. Uma que vale a menção são os poderes esmeralda, pois foi algo bem aplicado e que pode ser aperfeiçoado em próximos jogos, seja na refinação de alguns poderes ou mantendo a ideia de garantir vantagens aos jogadores ao obter cada pedra.

Por mais super estrelas



A linha 2D ainda tem muito espaço dentro da franquia Sonic e é fundamental que ela seja tratada com a importância que merece. Queremos que os próximos títulos usem a base implementada por Sonic Superstars e aprimorem a jogabilidade para que o ouriço mantenha sua relevância como uma opção de jogo de plataforma, sem parecer velho ou antiquado.

Revisão: Davi Sousa


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