Em busca das amigas desaparecidas em uma aventura simples
A história deste metroidvania gira em torno de Yohane, que vive na pacata cidade costeira de Numazu. Certo dia, uma estranha masmorra emerge das profundezas do oceano e as amigas da excêntrica protagonista, curiosas com a aparição, decidem explorá-la, mas acabam não retornando. Preocupada com esse sumiço repentino, Yohane, com ajuda de sua fiel escudeira, Lailaps, decide desbravar esse misterioso labirinto em busca de Hanamaru, Dia, Ruby, Chika, You, Kanan, Riko e Mari, que podem ter sido feitas reféns pelos habitantes da masmorra.
Com essa premissa simples, dá-se início à aventura da cartomante (ou faz-tudo, como suas amigas a chamam) de Numazu. Infelizmente, a demo não parece aprofundar muito a trama, uma vez que tudo o que pude ver foram algumas interações entre Yohane e Lailaps, sendo que as áreas disponíveis funcionam mais como um tutorial do jogo completo do que uma demonstração em si.
No entanto, me chamou a atenção o tempo de duração dessa versão de testes: pouco mais de uma hora, que cobre duas seções da masmorra submarina e o resgate de Chika, uma das amigas de Yohane. Claro, nesse meio-tempo, consegui entender o básico do jogo, como invocar aliados para atacar inimigos e interagir com elementos do cenário, equipar armas e armaduras e usar o sistema de criação de itens.
Basicamente, dentro da proposta de um metroidvania, Blaze in the Deepblue cumpre com o que promete: diversas seções interligadas, porém com muito backtracking. Assim, para lidar com obstáculos e continuar explorando os diferentes cenários, é preciso utilizar o poder especial das amigas de Yohane para abrir caminhos. Como Chika é a única garota desbloqueável na demo, só pude empurrar alguns blocos em alguns trechos do mapa e atordoar inimigos com a Justiceira da garota.
Curiosamente, algumas porções da masmorra deram a entender que existem power-ups espalhados, como pulo duplo e a possibilidade de respirar debaixo d’água, mas que só podem ser obtidos com aliadas específicas. As amigas da cartomante também podem ter suas habilidades potencializadas, bastando apenas encontrar os itens que elas perderam em sua exploração solo — digo, foi o que entendi por meio do diálogo entre Yohane e Chika após retornar à sala de adivinhações da protagonista.
Em suma, a impressão que eu tive é de que a aventura de Yohane é demasiadamente simples, mesmo que a criação de itens deixe a entender que há bastante conteúdo para explorar no jogo completo.
Carismático, bem-humorado e acessível
Um dos principais pontos da jogabilidade de Blaze in the Deepblue é a sua baixa dificuldade; além disso, não existe necessariamente uma perda de progresso se Yohane for derrotada: ela logo retorna à sua sala de adivinhações, que funciona como uma espécie de hub no qual podemos comprar consumíveis diversos, e os checkpoints podem ser visitados de qualquer ponto do mapa.
Pelo menos na demo, os chefes que enfrentei não eram tão complexos e nenhum dos puzzles pelo caminho demandou muito tempo para ser solucionado, fazendo com que o jogo seja um metroidvania acessível a todos os públicos. Contudo, fãs mais exigentes do gênero podem se sentir repelidos por essa ampla acessibilidade, uma vez que metroidvanias são costumeiramente associados a dificuldade e complexidade mais elevadas.
Jogabilidade à parte, quero elogiar a localização para o português brasileiro. Todos os diálogos são bem-humorados e contam com palavras do nosso uso cotidiano, então é bastante fácil acompanhar a história, por mais bobinha que pareça. Além disso, todas as cutscenes são dubladas integralmente em japonês com o elenco original de Yohane the Parhelion: Sunshine in the Mirror, o desenho no qual Blaze in the Deepblue se baseia.
Fora as ilustrações que acompanham as cutscenes — que, acredito eu, tenham sido desenhados pela equipe da animação —, os sprites 2D são caprichadamente feitos em pixel art. Tudo é muito colorido e distinguível, sejam inimigos, personagens principais ou elementos dos cenários. Minha única ressalva é a falta de faixas mais memoráveis, tanto nas diversas salas que compõem as masmorras quanto nos embates contra chefes, especialmente em se tratando de um jogo baseado em uma franquia de idols.
A primeira impressão é a que fica?
À primeira vista, Yohane the Parhelion -Blaze in the Deepblue- mais parece um material promocional da animação em que se baseia, com pouco conteúdo, de fato, para fãs mais aficionados de metroidvanias. Mesmo que esbanje potencial e carisma, a demo abre pouca margem para o conteúdo integral do jogo, então resta esperar que a versão completa, que chega ao Switch no próximo dia 16, consiga cumprir com sua proposta.
Revisão: Thais Santos