Dragon Quest Monsters: Joker (DS) representou um ponto de virada crucial para a série

Relembre o jogo que assinalou o início da transição da franquia derivada Monsters para o mundo tridimensional.

em 25/11/2023
Após incursões bem-sucedidas no Game Boy Color e no Game Boy Advance, a saga Monsters de Dragon Quest desembarcou no Nintendo DS em 2006 com Dragon Quest Monsters: Joker.

Este título não apenas focou de maneira mais acentuada na exploração, por meio de vastos mapas diferenciados, mas também desempenhou um papel crucial ao assinalar a transição desta série, que tinha suas raízes no 2D, para o empolgante universo tridimensional.

Uma mão lava a outra

No enredo de Dragon Quest Monsters: Joker, encarnamos o papel do filho do diretor de uma organização enigmática denominada CELL. Após ser detido por tentar ingressar clandestinamente no campeonato de domadores de monstros nas ilhas de Green Bays, o protagonista é libertado pelo pai sob a condição de se infiltrar na liga como um agente da empresa.

Para participar do torneio, é imprescindível reunir dez cristais denominados Darkonium, que estão dispersos pelas diversas ilhotas. Contudo, no início da jornada, nosso herói encontra e salva uma criatura conhecida como Incarnus, que revela a necessidade de assumir sua forma completa para evitar uma iminente catástrofe.

Assim, o protagonista une forças com seu novo aliado para explorar o arquipélago e cumprir dois objetivos: coletar os artefatos necessários para ingressar no campeonato e localizar alguns santuários que permitirão ao misterioso ser recuperar seus poderes.

Seguindo o exemplo de seus antecessores, a narrativa de Joker é modesta, destacando a jogabilidade como seu principal ponto forte. No entanto, mesmo com essa simplicidade, o jogo apresenta situações e indivíduos intrigantes. Um exemplo disso é a personagem Solitaire, uma jovem que persistentemente tenta domar o Incarnus, posicionando-se como uma espécie de rival do herói.

Green Bays e suas sete ilhas

Como mencionado, Dragon Quest Monsters: Joker foi o primeiro desta subsérie a dar o salto para o mundo tridimensional, apresentando animações cel shading em consonância com os padrões da época. De certa forma, ele mescla os elementos essenciais dos títulos do GBC, incorporando um torneio de monstros parecido com o do primeiro, e áreas exploráveis com biomas distintos, assemelhando-se ao segundo.

Nesse sentido, o arquipélago de Green Bays é composto por sete ilhas principais, sendo uma delas a anfitriã do torneio, enquanto as demais abrigam os santuários e os cristais que devem ser descobertos pelo jogador.

Cada nova região se distingue substancialmente da anterior, apresentando paisagens variadas como florestas, montanhas e desertos. Além disso, destaca-se positivamente a diversidade tanto do nível de dificuldade quanto das criaturas que povoam essas terras.

Os santuários equivalem a dungeons, sendo que alguns deles apresentam puzzles simples, como acionar mecanismos na ordem correta para liberar passagens. Adicionalmente, é comum encontrar um chefe no final desses locais.




A inovação mais notável, no entanto, está na eliminação dos encontros aleatórios. Em Joker, os inimigos tornam-se visíveis nos cenários, e as batalhas começam somente quando nos aproximamos deles. Além disso, o título incorpora um sistema de ciclo de dia e noite, modificando os monstros que surgem em cada período.

Apesar da movimentação do personagem ser um tanto lenta em comparação aos padrões contemporâneos, a exploração em DQM Joker é bastante positiva, proporcionando áreas suficientemente diversas para manter uma constante sensação de novidade. Contudo, esse problema acaba tornando praticamente impossível esquivar-se de alguns monstros mais ágeis, dificultando a evitação de embates.

Outro aspecto que contribui para tornar a jornada mais dinâmica é o conjunto de habilidades que o protagonista pode aprender, todas direcionadas às expedições. Dentre elas, destacam-se o Zoom, que possibilita ao personagem se teleportar diretamente para o último posto seguro visitado, e o Evac, que permite a saída imediata de uma dungeon.

A essência do jogo mantém-se na criação de criaturas; no entanto, o aprofundamento das regiões exploráveis confere a ele uma experiência diferenciada em comparação com seus antecessores. No geral, o sentimento de estar em uma aventura não atinge em Joker as grandiosas proporções épicas dos títulos principais da franquia, mas ainda destaca-se positivamente por sua notável expansão em relação às entradas anteriores desta subsérie. 

Adições que moldariam o futuro da série

Assim como seus irmãos mais velhos, Dragon Quest Monsters: Joker mantém seu foco na captura e batalha de monstrinhos. A grande novidade é que, ao invés de depender exclusivamente de alimentos para convencer novos membros a integrar o time, o jogador dispõe de uma mecânica específica para tal, denominada Scout.

Através dessa função, nossos aliados atacam o oponente para demonstrar suas forças, refletidas em uma barra que varia de zero a 100 por cento, indicando a probabilidade de persuadir a criatura a mudar de lado. Essa inovação é particularmente bem-vinda, proporcionando uma compreensão mais clara das chances que temos de adquirir novos bichinhos.

Por sua vez, os combates permanecem por turnos e concentrados em três monstros aliados, com a possibilidade de carregar mais três reservas. Como o jogo não apresenta a mecânica de personalidades das entradas de GBC, a IA das bestas acaba sendo extremamente eficaz e obediente aos comandos gerais.

Se, por um lado, essa mudança revela-se benéfica ao possibilitar a troca mais frequente de parceiros, uma vez que não precisamos nos preocupar com a desobediência do novo ser, por outro, a antiga mecânica proporcionava um desafio muito intrigante, especialmente para quem aprecia enfrentar dificuldades elevadas.

O equilíbrio no nivelamento das regiões também apresenta imperfeições, pois o jogador inevitavelmente se deparará com chefes avassaladores, exigindo constantemente a conhecida prática de grinding para fortalecer seus aliados. Felizmente, o sistema de síntese, que substitui o antigo cruzamento, é rico, permitindo que duas criaturas sejam sacrificadas para gerar uma nova, capaz de herdar atributos e habilidades do par utilizado.

Um aspecto fascinante diz respeito ao Incarnus, que altera sua forma à medida que vencemos os santuários. Esse monstro possui características especiais que o tornam único dentro do jogo, abrindo um leque de possibilidades para que outros bichos sejam combinados com ele para fortalecê-lo. Vale mencionar que este amiguinho ainda apareceria novamente em Dragon Quest Monsters: Joker 2 (DS) e na edição especial de Dragon Quest Monsters: Joker 3 (3DS).

Todas essas adições, que modificaram tanto o sistema de combate quanto a experiência de exploração, transcenderam este título, sendo incorporadas nas obras subsequentes de DQM. Isso inclui os ótimos remakes dos dois primeiros games, DQM: Terry's Wonderland e DQM2: Iru and Luca's Marvelous Mysterious Key, ambos de 3DS.

Desta forma, elementos como a visibilidade dos inimigos no cenário, o recrutamento por meio do scout e as habilidades de transporte rápido tornaram-se partes fundamentais desta franquia derivada. Esses aspectos, inclusive, foram inseridos no aguardado Dragon Quest Monsters: The Dark Prince, que chegará ao Nintendo Switch em dezembro.

Monstruosamente importante para a evolução da subsérie

Dragon Quest Monsters: Joker certamente não é o melhor título da série, nem se configura como a escolha ideal para aqueles que desejam adentrar nesse universo; no entanto, é inegável que, além de ser um jogo muito competente, ele desempenhou um papel crucial ao introduzir elementos que se tornaram fundamentais para as obras subsequentes.

Revisão: Davi Sousa
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