Lançado originalmente em 1998 para o Game Boy Color, Dragon Quest Monsters representa o prelúdio de uma cativante subsérie dentro da renomada franquia concebida por Yuji Horii.
Enquanto alguns títulos notáveis dessa saga derivada chegaram ao Ocidente, outros igualmente fascinantes permaneceram restritos ao território japonês, sendo Dragon Quest Monsters: Terry's Wonderland 3D um exemplar notável desse grupo. Este remake lançado em 2012 para o Nintendo 3DS reimagina o primogênito da série Monsters com uma riqueza de detalhes e atualizações.
Retornando à Grande Árvore, mas agora em 3D
Em sintonia com a essência de um bom remake, Terry's Wonderland 3D realiza com maestria a transição dos elementos fundamentais do produto 2D do Game Boy Color para a tridimensionalidade do Nintendo 3DS. Embora apresente novidades significativas, a narrativa e os pilares essenciais da gameplay original são preservados, evidenciando um notável equilíbrio entre tradição e inovação.
Para aqueles não familiarizados, a trama do jogo gira em torno dos irmãos Terry e Milly, personagens de Dragon Quest VI, enquanto ainda eram crianças. Após o sequestro da garota por uma criatura misteriosa, o rapaz, orientado por um segundo ser fantástico, desembarca em um local conhecido como o Reino da Grande Árvore.
Nessa terra estranha, movido pela esperança de reunir-se com sua irmã, Terry aceita o desafio de participar do Torneio da Noite Estrelada dos treinadores de monstros, uma vez que o vencedor é agraciado com a realização de um desejo. Assim como no jogo de GBC, a narrativa permanece notavelmente simples, mas reserva momentos intrigantes envolvendo esse par de irmãos.
Embora o enredo não apresente características particularmente extraordinárias, o universo construído em Dragon Quest Monsters esbanja carisma por meio dos indivíduos e monstrinhos magistralmente concebidos por Akira Toriyama, além de um toque frequente de bom humor.
Se na primeira versão já era incrível contemplar os traços das feras criadas por este fantástico artista, especialmente durante as batalhas, Terry's Wonderland 3D eleva essa experiência a um nível ainda mais mágico. Agora, temos a oportunidade de não apenas apreciar o excelente design dos bichos de um ângulo mais próximo, mas também de renovar nossa perspectiva sobre os igualmente bem-elaborados personagens humanos.
Ainda sobre essa transição, o conceito de um reino localizado em uma árvore se integra perfeitamente com o novo visual 3D, apresentando áreas circulares em torno do grande tronco. Embora existam algumas diferenças geográficas, os jogadores familiarizados com a versão do Game Boy Color se sentirão em casa, pois os principais pontos de interesse permanecem em suas localizações originais, como o santuário no espaço mais baixo do castelo e a sala do trono na região mais alta.
Os novos, porém familiares ambientes
O objetivo primordial de Dragon Quest Monsters foi integralmente preservado neste remake. O jogador ainda enfrenta campeonatos classificados de G a S, sendo que alcançar a categoria S é um dos pré-requisitos para participar do Torneio da Noite Estrelada e atingir o desfecho da campanha.
Embora muitos dos confrontos na arena sejam opcionais, é ao vencê-los que desbloqueamos novas áreas para exploração, cruciais para a captura de mais monstrinhos e para a obtenção de pontos de experiência que impulsionam o aumento de níveis.
Uma inovação empolgante incorporada às masmorras é a possibilidade de avistar as criaturas vagando pelo cenário, uma característica herdada de Dragon Quest Monsters Joker (DS). Desta forma, o jogador desfruta de uma maior liberdade para escolher quando e contra quem deseja travar batalhas.
Contudo, essa fidelidade da transição da exploração 2D para o 3D também apresenta um problema, visto que as dungeons eram muito parecidas geografica e visualmente na primeira edição, uma característica que, infelizmente, permaneceu inalterada em Terry's Wonderland.
Assim, não há elementos particularmente interessantes nessas áreas além de encontrar novos monstros para recrutar e batalhar. Em virtude disso, o ponto de destaque deste título permanece sendo os confrontos, o que é lamentável, considerando que o remake de DQ Monsters 2 demonstrou sucesso ao enriquecer as regiões exploráveis. Seria intrigante se um cuidado semelhante tivesse sido aplicado a esta entrada.
Com mais monstrinhos, vem mais diversão
No que diz respeito aos combates, eles continuam a ser por turnos, proporcionando controle total sobre nossos parceiros durante a exploração e parcial durante os confrontos na arena. No entanto, em contraste com o jogo 2D, que permitia apenas três bichos, agora o jogador pode utilizar até quatro, além de carregar mais quatro substitutos.
De maneira geral, Terry's Wonderland 3D é um pouco mais acessível do que o produto original, pois oferece mais opções de comandos gerais para os aliados, além de não repetir a complexa mecânica de personalidades. No entanto, isso não significa que o título carece de desafios, já que há numerosas batalhas altamente desafiadoras que exigem a presença de monstros poderosos para serem vencidas.
Sem dúvida, ao recriar com extrema fidelidade os conceitos fundamentais de Dragon Quest Monsters, este remake se encontrava em um desafio delicado, podendo correr o risco de ser uma produção que oferecesse meramente uma atualização visual para os jogadores mais antigos. No entanto, os desenvolvedores demonstraram uma abordagem perspicaz ao incorporar assertivamente centenas de novos seres.
Nesse sentido, é importante mencionar que, no intervalo entre o lançamento no GBC e no Nintendo 3DS, inúmeras adições à franquia Dragon Quest introduziram novas criaturas que foram utilizadas nesta aventura repaginada de Terry.
Essa decisão não apenas ampliou consideravelmente as opções disponíveis para os jogadores construírem suas equipes, mas também possibilitou que diversos bichos, anteriormente disponíveis apenas nos estágios finais do jogo original, ficassem acessíveis em fases mais precoces do remake.
Outro aspecto notável em Terry's Wonderland é a autenticidade da representação dos monstros gigantes, que verdadeiramente se destacam como colossais. Isso se diferencia de outros games que exploram a criação de criaturas, nos quais as bestas teoricamente maiores muitas vezes não apresentam diferenças visuais significativas em comparação com as de menor porte.
Para exemplificar, há bichos que ocupam simultaneamente os quatro espaços disponíveis para o jogador, impossibilitando o uso de outros aliados ao mesmo tempo. Entretanto, essa peculiaridade não se restringe apenas ao âmbito conceitual, pois essas entidades são verdadeiramente imensas, chegando a ter locais específicos designados na fazenda para acomodar os seres de tal magnitude.
A mecânica de criação de novas criaturas também passou por transformações, concedendo ao jogador a capacidade de visualizar e selecionar as habilidades potenciais que a futura fera pode adquirir. Além disso, temos a oportunidade de conhecer o limite de poder que o monstro consegue atingir, tudo isso antes de tomar a decisão final de realizar a síntese ou não.
Nesse sentido, o remake de Dragon Quest Monsters não apenas elevou o produto original para uma experiência tridimensional, o que, por si só, já seria empolgante, mas também introduziu inovações significativas relacionadas aos bichos, remodelando de forma substancial o sistema de batalhas.
Uma encantadora revitalização
Dragon Quest Monsters: Terry's Wonderland 3D é uma encantadora revitalização do clássico de Game Boy Color. É inegável que a extrema fidelidade na recriação dos ambientes das masmorras pode, em certos momentos, conferir uma sensação de repetição à exploração; no entanto, as novidades incorporadas enriquecem imensamente o já excelente sistema de combates, proporcionando uma jornada envolvente tanto aos entusiastas de longa data quanto aos recém-chegados. Lamentavelmente, este é mais um notável RPG japonês que, infelizmente, nunca recebeu uma tradução oficial.
Revisão: Davi Sousa