Análise: Passpartout 2: The Lost Artist (Switch) é uma relaxante jornada artística em um mundo de marionetes

A obra oferece uma experiência terapêutica, embora os controles no Switch possam ser um pouco imprecisos.

em 29/11/2023
Quem nunca teve vontade de largar todas as preocupações de um emprego formal e em vez disso sobreviver na rua com sua arte? Atrelado apenas a sua criatividade e alguns pincéis Passpartout 2: The Lost Artist adota a ideia de ser um pintor ambulante de forma excepcional. Pode ser que a vida de um artista não seja tão fácil como a obra faz parecer ser, mas com certeza nos faz sentir, mesmo que tudo isso seja apenas ficção, que é um mundo de relaxamento no qual podemos passar horas e horas se divertindo.

Passpartout 2 tem uma introdução breve, o contexto da história é o seguinte: Passpartout, um jovem pintor desmotivado, está prestes a ser despejado por não ter condições de pagar o aluguel. Após relutantemente deixarmos o conforto de nosso lar, encontramos com nosso antigo amigo, Benjamin. Ele informa que estávamos sumidos por muito tempo, mas que é uma bela surpresa encontrar Passpartout por aqui, já que justo naquele momento, Ben precisava de ajuda para terminar um de seus quadros.

Mão na massa!

Com confiança de que um artista tão talentoso não iria perder seu jeito, Benjamin confia-nos seu quadro para que possamos dar um toque final. Impressionado com nosso trabalho, ganhamos de presente as antigas ferramentas de pintura e um cavalete de nosso amigo. E é assim que começa o jogo, nos deixando livres para explorar a pequena cidade de marionetes, aproveitando a imersiva atmosfera de ser um jovem pintor de rua em uma pequena vila francesa com relaxantes músicas no estilo jazz.

Os gráficos da vila são bem simplificados, porém, não chegam a incomodar, afinal o ponto principal do jogo não são seus modelos em 3D, e sim as pinturas do jogador. Entretanto, para um jogo independente, esses quesitos são apenas um pequeno detalhe, e estão de acordo com o que esperamos para um jogo do tipo! A estilização com personagens em estilo marionete e o restante do jogo mais que compensa esses detalhes não importantes.

Dê asas a sua imaginação em um mundo encantador

Passpartout não possui uma grande trama ou um épico objetivo final, porém é justamente sua simplicidade que faz o título brilhar. Nenhuma sensação de pressão é imposta no jogo e é muito agradável simplesmente sair dando vida a nossa imaginação. Podemos simplesmente relaxar enquanto jogamos, colorindo a cidade com nossas obras, juntando dinheiro vendendo quadros para conseguirmos ferramentas, novas paletas de cores e até mesmo um confortável estúdio. Conforme vamos progredindo no jogo, cada vez mais a cidade é decorada com nossas obras de arte, o que traz uma sensação de conforto muito agradável e prazerosa.

Além de sair pintando por aí e vendendo nossas obras, podemos conhecer os curiosos habitantes da vila. Habitantes que, por sinal, sabem muito bem que nosso jovem artista está na cidade e disposto a serviço. Durante o jogo somos apresentados a uma diversidade de missões, as quais devemos trabalhar com as mais variadas formas, sejam elas pedidos de cartões de aniversário, bandeiras da comunidade, pinturas para novos modelos de carros, quadros que façam surgir as emoções mais niilistas para jovens emotivos, anúncios de restaurantes franceses, entre muitos outros. Tudo isso é recheado com um gostoso humor, que faz referência às obras clássicas de arte e expressões em francês.

Se há algum objetivo final em Passpartout, esse seria criar nossa obra-prima, e posteriormente apresentá-la ao museu da cidade, porém o jogo não faz questão de lhe apressar neste quesito. Enquanto ainda nos relaxamos com a vida de artista, podemos colecionar as inúmeras ferramentas e paletas de cores do jogo, que em minha opinião, estão na medida certa, não se tornando algo intimidador devido a um grande número nem pacato pela falta de opções.

Ferramentas como aquarela, giz pastel, lápis, esponjas e pincéis de variados formatos estão disponíveis para compra. Além disso, é possível adquirir telas e lonas em formatos diferenciados, como extragrande, triangular, ou até mesmo em forma de coração. Todos esses utensílios funcionam de forma adequada (ou que pelo menos eu, uma não-artista, poderia julgar que é o correto) e é possível criar quadros bem bonitos no jogo.

Diversas formas de jogar, mas com pouca precisão para detalhes finos

Entretanto, como se era de imaginar, os controles do Switch pecam na questão de precisão. Mesmo sendo possível controlar o jogo de três formas, todas elas não parecem ter a naturalidade equivalente de se desenhar no computador ou em uma folha de papel. Podemos jogar usando a tela de toque, com os analógicos  ou  com sensor de movimento dos JoyCon. Infelizmente não é fácil de desenhar em nenhum desses modos.


O controle com os JoyCon é desajeitado e difícil de fazer detalhes mais finos, e a tela de toque, devido à disposição do Switch, que torna difícil tocar na tela sem encostar em suas laterais, muitas vezes acaba dando a sensação de não registrar nossos comandos ou de simplesmente não passar a sensação esperada de se estar “desenhando com os dedos”, mesmo usando a caneta oficial para o Nintendo Switch. Além disso, pude presenciar alguns “slowdowns” quando tentei realizar traços com maior velocidade. Reconheço o esforço de tentar oferecer mais opções para o jogador tentar se adaptar, mas ainda assim, nenhuma delas é a ideal.

Uma agradável jornada que vale a pena experimentar

Com isso, Passpartout 2 no Switch acaba sendo um jogo feito em minha opinião mais para brincar do que de fato fazer grandes obras de arte. Não que isso seja algo ruim, mas caso o leitor tenha a expectativa de fazer seus desenhos nele da mesma forma que é acostumado no papel, talvez seja melhor adquirir o produto em outra plataforma.



De qualquer forma, o título é uma verdadeira terapia para os nervos, e mesmo com artes simples, pude me divertir muito com seu humor e a simples experiência de ser um artista ambulante expondo sua arte na cidade. O que o jogo peca com jogabilidade (o que, na verdade, não é um problema do título em si, mas sim de sua plataforma) ele compensa com diversão.

Passpartout 2: The Lost Artist é uma ótima obra para desestressar e esquecer do tempo, com uma trilha sonora atmosférica e um encantador mundo. Ojogo pode não ser um grande AAA, porém, ele cumpre muito bem seu dever de divertir. Não é necessário habilidade artística para aproveitá-lo, apenas é preciso uma mente aberta e algumas horas vagas do seu dia para se deliciar com essa simples, mas prazerosa obra de arte.

Prós:

  • Atmosfera implacável na questão de tranquilidade e imersão como artista;
  • Diversas ferramentas para enriquecer seus quadros de forma fiel;
  • Humor engraçadinho, com piadas que remetem a obras clássicas e idioma francês;
  • Não é necessário habilidade artística para poder se divertir;
  • Trilha sonora relaxante em Jazz que combina perfeitamente com sua temática;
  • É possível decorar a cidade ao progredir, deixando o jogo com a sua cara;
  • Várias maneiras de se manusear os controles.

Contras:

  • Os controles do Switch não são os melhores para criar desenhos, com pouca precisão;
  • Alguns “slowdowns” durante traços mais rápidos e longos;
  • História bem simples, não espere algo mais do que aparenta, sua criatividade é o que move o jogo;
  • Os gráficos e cenários são bem modestos, como esperado de um jogo indie.
Passpartout 2: The Lost Artist — Switch/PC — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Crisrtiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Flamebait
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Fascinada pela cultura japonesa dos anos '80, '90 e '00. Ama livros, mangás, sua gata maluca, mahou shoujo e jogos. Em especial Dragon Quest, Fire Emblem, Famicom Detective Club, Okami, JRPGs, retrô, Bishoujo & Otome games. Sempre em busca de jogos estranhos ou com propostas inusitadas. Estuda japonês nas horas vagas para conhecer mais obras do tipo.
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