Análise: Howl (Switch) é uma curta e prazerosa aventura

Assumindo o papel de uma jovem sem audição, enfrente perigosas criaturas e descubra o paradeiro de seu irmão.

em 30/11/2023
Desenvolvido pela Mi'pu'mi Games e publicado pela Astragon Entertainment, Howl é mais um curioso indie que desembarca no Nintendo Switch. Ao mesclar quebra-cabeças com uma movimentação por turnos característica dos jogos táticos, o título proporciona uma experiência envolvente, embora não esteja isento de alguns problemas.

A maldição do uivo

Em Howl, o mundo foi devastado por uma praga que transforma pessoas inocentes em bestas selvagens ao ouvirem o som de um uivo. Neste contexto, encontramos uma heroína singular: uma jovem surda, cuja condição torna-se um escudo contra a maldição que assola a humanidade.

Nesse cenário desolador, nossa protagonista embarca em uma jornada para encontrar o seu irmão. Contudo, essa busca está longe de ser fácil, uma vez que criaturas sedentas por sangue espreitam cada esquina, prontas para aniquilar a jovem.

Apesar da simplicidade da trama, a narrativa de Howl é apresentada de maneira envolvente, com a moça compartilhando suas impressões e emoções a cada novo cenário, como se estivesse tecendo um conto. Esses momentos são harmonizados por uma voz serena e suave, criando um contraste com o tom melancólico das músicas que permeiam o jogo.

Essa história torna-se ainda mais cativante de se acompanhar devido ao fato de Howl estar totalmente legendado em português. Além disso, o título apresenta um visual 2D extremamente charmoso, transmitindo a sensação de estarmos nos aventurando em um livro infantil.

Sobrevivendo às feras

A campanha de Howl desdobra-se em capítulos, cada um composto por diversas fases. Cada arco é representado por um mapa distinto, onde desbloqueamos novos níveis à medida que avançamos, com a flexibilidade de revisitar áreas anteriores a qualquer momento e explorar regiões alternativas para adquirir recursos adicionais.

O objetivo em cada estágio consiste em alcançar a saída antes que as criaturas se aproximem da protagonista e eliminem seus pontos de vida. Nesse sentido, as ações desenrolam-se em turnos, nos quais tanto a garota quanto os inimigos agem dentro do mesmo intervalo de tempo. Portanto, se o jogador andar em seis casas em uma rodada, os inimigos que estão próximos também se movimentarão seis vezes.

Felizmente, a menina não está restrita apenas à fuga; ela também pode atacar com seu arco e flecha e utilizar habilidades que são desbloqueadas ao longo da jornada, como disparar projéteis explosivos e realizar saltos para se locomover em distâncias maiores. No entanto, é importante notar que essas ações também têm suas restrições, demandando que a jovem encontre uma saída dentro dos limites de seus recursos.

Essencialmente, um jogo de puzzles

Derrotar inimigos em Howl nos recompensa com crânios, e vencer a fase dentro de um determinado número de turnos concede pontos de profecia. Esses dois elementos podem ser usados para fortalecer as habilidades, proporcionando um incentivo adicional para superar os desafios com perfeição.

No entanto, na maioria dos estágios, é impossível eliminar todos os monstros e alcançar a saída dentro da quantidade requerida de movimentos apenas com as ferramentas iniciais, tornando necessário repetir o desafio pelo menos uma vez para concluí-lo por completo.

Além disso, embora Howl possua uma aparência de jogo tático e seja descrito como tal, ele se aproxima mais de um puzzle com movimentação por turnos, já que a grande parte das fases só possui uma forma ou outra de ser vencida, afastando-se bastante da liberdade que títulos estratégicos costumam oferecer.

Em razão disso, na maior parte do tempo, nossa tarefa não é criar um plano para vencer o desafio, mas descobrir quais exatos passos devem ser dados para alcançar o resultado, assemelhando-se a resolver um quebra-cabeça.

Embora essa característica não seja nenhum demérito, pois é muito divertido e satisfatório encontrar a solução para cada estágio de Howl, a limitação envolvendo a coleta de crânios e profecias acaba criando uma dificuldade artificial para o título, além de impor uma necessidade de repetição.

Isso ocorre porque, mesmo que seja possível alcançar o capítulo final sem aprimorar as habilidades, vencê-lo sem que as técnicas estejam em níveis mais elevados torna-se uma tarefa extremamente desafiadora. Nesse sentido, revisitar as fases para adquirir mais recursos torna-se praticamente obrigatório, o que acaba estendendo um pouco a duração de um jogo que, por natureza, é mais breve.

Uma jornada rápida e divertida

Apesar das ressalvas, Howl é um título que apresenta uma narrativa intrigante, um visual encantador e uma jogabilidade envolvente. Além disso, sua relativa curta duração o torna uma escolha quase ideal para ser completada em uma única sessão. Embora não se enquadre muito bem na categoria de jogo tático, como é descrito, ele destaca-se como mais uma adição indie positiva à biblioteca do Nintendo Switch.

Prós:

  • A mescla de quebra-cabeças com movimentação por turnos oferece uma experiência muito intrigante;
  • O belo visual em 2D, aliado à trilha sonora com tons melancólicos e à narração dublada, cria uma atmosfera envolvente e imersiva;
  • Legendado em português.

Contras:

  • A restrição na obtenção de recursos cria uma dificuldade artificial, exigindo a repetição de fases para conseguir ferramentas necessárias para vencer certos desafios da campanha;
  • A resolução da maioria dos desafios é específica, opondo-se à liberdade estratégica comumente encontrada em jogos táticos.
Howl — PC/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Astragon Entertainment

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