Crescer na década de 2000 não era fácil quando se era jogador. Você não conseguia distinguir o que tinha qualidade do que não tinha, podia facilmente se perder na acirrada Guerra dos Consoles (Sega saiu de cena e agora o campo de batalha estava dividido entre Nintendo, Sony e a recém-chegada Microsoft) e, pior de tudo, perder-se nos jogos. Literalmente. E um dos grandes diferenciais para conquistar território em uma guerra é a localização.
Com o lançamento de Super Mario Bros. Wonder (Switch) totalmente traduzido para o português, o primeiro jogo do Mario com essa singularidade, eu gostaria de compartilhar algumas memórias e histórias sobre a odisseia de Mario até nossa língua.
Memórias Póstumas de Mario Bros. Cubas
Hoje em dia, tradução e dublagem brasileira em jogos não é uma novidade, mas algo que deveria ser pré-requisito nas obras, uma vez que a globalização aumentou, junto da influência nacional. Na década de 2000, porém, isso era raridade. Você só via adaptações de forma escassa e, primariamente, no PC apenas com Grim Fandango e Max Payne. O único jogo que eu lembro de jogar adaptado foi God of War para o PS2 graças a um patch pirata.E então chegamos ao nosso querido Mario. Tendo perdido a guerra contra a Sega e Sony aqui no Brasil (sejamos honestos, tem mais gente que jogou um Mega Drive e PS1 que SNES e N64; meu primeiro console foi um Master System), não é de surpreender o vácuo adaptado do bigodudo e sua empresa em território nacional, mesmo com o amor que ambos recebiam. Então, com a chegada da 7ª Geração e tanto consoles quanto games recebendo traduções pela Sony e Microsoft, a Nintendo… continuava não dando atenção para esse suporte.
Com a chegada da 8ª Geração, finalmente algumas migalhas foram jogadas com o 3DS e Wii U tendo opção de português brasileiro para seus menus. Era algo minúsculo, levando em consideração que a Nintendo deixaria o Brasil depois de um tempo, mas era algo? OK, chega de negatividade e chorar pelo que não deu certo. Por que não se lembrar do começo REAL?
Cornélio Prokoppa
Apesar da falta de tradução em seus jogos e softwares, é bom lembrar que Mario já falava em nossa amada língua, só que não nos jogos. A primeira adaptação da franquia foi antes de Mario ser Mario, quando ainda era Jumpman no desenho Donkey Kong, praticamente mídia perdida. Depois veio seu próprio desenho, o Super Mario Bros. Super Show, uma máquina de memes por seu tom absurdo e designs esquisitos (era a aurora dos games, dá um desconto), junto do infame filme live action.Após estes eventos, não se teve mais nada oficial do bigodudo ou de nenhum de seus amigos traduzido para o português brasileiro. Note que Bowser nem fala em Detona Ralph (filme da Disney lançado em 2013), por exemplo. Foi um longo e árduo caminho até que, em outubro do ano passado, tivemos o primeiro trailer do novo filme do Mario, feito pela Illumination. Dublado pelo excelente Raphael Rossatto, Mario falou poucas palavras no trailer mas que atiçaram a emoção do povo brasileiro.
O maior diferencial de Super Mario Bros. Wonder com os dois primeiros jogos traduzidos da franquia (Super Mario Run e Mario Kart Tour, ambos para dispositivos móveis) são dois fatores: ser um título da série e também conter vozes em português. Wonder está longe de ser como esses jogos menores, que inclusive já nem mais têm suporte, então seu peso é mais do que óbvio.
No entanto, o fator mais importante, na minha opinião, é em relação à voz. Leandro Hainis, excelente veterano na dublagem brasileira, deu voz às novas adições de personagens coloridos da franquia, as chamadas Flores Tagarelas, que oferecem comentários sobre o que está rolando pelo gameplay. É um papel pequeno, mas essa é a primeira vez que um jogo oficial Nintendo está recebendo voz brasileira. Como um amante da dublagem brasileira (e objetivo de juntar-me ao panteão de dubladores), eu fico bastante feliz e orgulhoso desse progresso que tivemos.
Eu lamento o fato de que eu tive que esperar 24 anos da minha vida (e dez como jogador da Nintendo) para finalmente ver um jogo de verdade da marca lindamente adaptado. Me deixa contrariado ver a decisão da empresa de não atualizar seus jogos anteriores com nosso idioma, obrigando a nós, jogadores brasileiros que colocaram a opção de português no idioma de seu Switch, ver Mario Kart 8 com nomes traduzidos para o português de sua terra natal, Portugal.
No entanto, o fator mais importante, na minha opinião, é em relação à voz. Leandro Hainis, excelente veterano na dublagem brasileira, deu voz às novas adições de personagens coloridos da franquia, as chamadas Flores Tagarelas, que oferecem comentários sobre o que está rolando pelo gameplay. É um papel pequeno, mas essa é a primeira vez que um jogo oficial Nintendo está recebendo voz brasileira. Como um amante da dublagem brasileira (e objetivo de juntar-me ao panteão de dubladores), eu fico bastante feliz e orgulhoso desse progresso que tivemos.
Eu lamento o fato de que eu tive que esperar 24 anos da minha vida (e dez como jogador da Nintendo) para finalmente ver um jogo de verdade da marca lindamente adaptado. Me deixa contrariado ver a decisão da empresa de não atualizar seus jogos anteriores com nosso idioma, obrigando a nós, jogadores brasileiros que colocaram a opção de português no idioma de seu Switch, ver Mario Kart 8 com nomes traduzidos para o português de sua terra natal, Portugal.
Talvez o maior alívio que eu tenho em relação a toda essa evolução é em como a tradução está de alta qualidade. Também em 2013, eu comprei o jogo Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 3, uma decepção em muitas camadas mas, acima de tudo, uma localização patética e insultante. Super Mario Bros. Wonder, por outro lado, trata o povo brasileiro com respeito e carinho, entregando um jogo de altíssima qualidade e uma localização de ponta.
Na visão deste redator, eu acredito que a Nintendo teria aderido à localização brasileira se tivesse vencido a sua mais famosa guerra aqui, conquistando territórios e estabelecendo uma posição forte no mercado. Talvez assim a Nintendo poderia ter evitado as baixas vendas do GameCube e Wii U, tendo uma base forte em ambos hemisférios da América, presença na Europa e base na Ásia. Quem sabe… Isso não importa no final do dia. Mario está aqui definitivamente e, como diria o velho ditado dos jogos: antes tarde, Duke Nukem.
Seja bem-vindo de volta ao Brasil, Mario!
Na visão deste redator, eu acredito que a Nintendo teria aderido à localização brasileira se tivesse vencido a sua mais famosa guerra aqui, conquistando territórios e estabelecendo uma posição forte no mercado. Talvez assim a Nintendo poderia ter evitado as baixas vendas do GameCube e Wii U, tendo uma base forte em ambos hemisférios da América, presença na Europa e base na Ásia. Quem sabe… Isso não importa no final do dia. Mario está aqui definitivamente e, como diria o velho ditado dos jogos: antes tarde, Duke Nukem.
Seja bem-vindo de volta ao Brasil, Mario!