Após quatro títulos da série New Super Mario Bros., incluindo um relançamento Deluxe do jogo de Wii U, as aventuras 2D do encanador ganharam um estigma peculiar. Embora agradáveis, os games começaram a apresentar cada vez menos ambição em comparação aos jogos 3D da franquia.
Por isso, o anúncio de Super Mario Bros. Wonder para Nintendo Switch trouxe um ar de esperança para os fãs. Trailers mostraram um jogo que ousava ter novidades de gameplay nunca antes vistas na série. As perspectivas não podiam ser mais positivas.
Após experimentarmos a demonstração do título na Brasil Game Show 2023, podemos confirmar que sim: todas essas expectativas estão no lugar certo. Bastam alguns minutos com o jogo para encontrar uma experiência ao mesmo tempo familiar e inovadora.
Mario tupiniquim
A demo presente no evento é a mesma disponibilizada para a imprensa e o público nos Estados Unidos. Porém, uma diferença crucial para a ativação na BGS é a localização em português brasileiro.
Assim como será no jogo final, essa prévia está completamente em nosso idioma. E como já é de praxe com os lançamentos da Big N em PT-BR para Switch, a adaptação está muito boa.
Textos com falas de NPCs tem uma leitura bastante fluida, sem erros ortográficos ou aquele aspecto robótico que muitas localizações podem apresentar.
Trocadilhos inteligentes também podem ser encontrados em alguns nomes, como o do inimigo Atouropelos – que é literalmente um touro que atropela.
Além disso, o jogo conta com dublagem para as Flores Tagarelas, plantinhas que comentam em voz sobre diferentes aspectos dos níveis.
Embora fosse difícil escutar o jogo por causa do barulho do evento, imagens que já circulam na internet mostram a qualidade da interpretação dessas personagens. A Nintendo certamente contratou um dublador profissional para esse trabalho, aprimorando a apresentação do jogo para o nosso público.
Flores Fenomenais
Games 2D do bigodudo dos últimos 11 anos pareciam seguir um padrão quanto a suas novidades. Com um ou outro poder novo, os títulos pegavam cenários já famosos da série – como campos gramados, desertos, florestas e cavernas subterrâneas – e modificavam a estrutura de blocos, canos e inimigos para favorecer o uso das novas habilidades.
Isso continua sendo verdade em Wonder. É nítido que as fases que introduzem a Maçã Elefante ou o Cogumelo Broca, por exemplo, são construídas para ensinar jogadores sobre seus usos. Mas, diferentemente da série New, o design não se limita a isso.
A adição das Flores Fenomenais traz uma camada extra de jogabilidade em cada nível. Ao tocar em uma delas, um desafio aleatório que modifica a progressão do level começa. O objetivo é superar os obstáculos e obter uma Semente Fenomenal, item que permite o desbloqueio de mais fases.
Uma hora, você está descendo pelas entranhas de uma caverna para evitar ser esmagado por um Achatão. Em outra, está correndo atrás de um Atirifoge e usando Estrelas para se tornar invencível e resetar uma contagem regressiva de dez segundos. E assim por diante.
Essa dinamicidade adiciona uma gameplay mais aprofundada e interessante à fórmula clássica da série. É uma soma do tradicional com o moderno que funciona muito bem.
No entanto, isso não significa que a experiência fica mais entediante caso os poderes fenomenais não sejam ativados. Mesmo sem as mudanças, os níveis permanecem bem produzidos. Aliás, em alguns casos, você é até recompensado por não ativar a Flor.
Potenciadores
Com isso, algo que acaba ficando em segundo plano em Super Mario Bros. Wonder são os potenciadores – tradução oficial dos power-ups. A demo permitiu que experimentássemos os já citados Cogumelo Broca e Maçã Elefante.
Grande estrela do trailer de anúncio do jogo, a Maçã Elefante transforma os personagens em elefantes. Com isso, eles podem atacar inimigos e jogar água com suas trombas.
Apesar de ser visualmente impactante, essa transformação não traz mecânicas muito ousadas. Destruir tudo com a tromba traz uma sensação de poder, mas essa novidade se esgota rapidamente. Regar plantas secas com água, embora revele segredos, também não adiciona muito à jogabilidade.
Porém, do outro lado, está o Cogumelo Broca. Com ele, os heróis ganham a habilidade de perfurar gemas e de se defender de inimigos espinhudos que caem sobre suas cabeças. Mas o destaque é a possibilidade de se enterrar no chão e nos tetos.
Esse poder traz muito mais mobilidade à progressão. Entrar e sair do solo é super-rápido e possibilita movimentos extravagantes, como mergulhar com a broca em um ataque, enterrar-se e emergir com uma segunda investida.
No entanto, ainda fica a dúvida se futuros níveis promoverão a utilização de cada potenciador para diversificar a exploração. Vale também lembrar que Yoshi e Ledrão não podem se beneficiar desses itens.
Insígnias
Em contrapartida, algo que todos os personagens podem usar são as insígnias. Com elas, os heróis recebem habilidades extras, independentes dos potenciadores.
Em nosso tempo com a demonstração, utilizamos uma insígnia que permitiu que todos os personagens tivessem pulos longos, como o do Luigi em Super Mario Bros. 2 (NES), e uma em que saltos impulsionados pela parede tivessem movimentação vertical em vez de horizontal.
Não conseguimos experimentar profundamente como essa novidade se integra de fato nos níveis, mas há potencial. Quando descobrimos que é possível somar o salto longo com a flutuação do Yoshi, ou quando percebemos que dá para alcançar itens altos escalando as paredes, não pudemos deixar de sorrir.
Wonderful!
À primeira vista, Super Mario Bros. Wonder pode parecer um jogo menor se comparado a Super Mario Odyssey (Switch) ou The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom (Switch). Mas não se deixe enganar: o game está aparentando ser o mais inovativo Mario 2D para consoles desde Super Mario World (SNES). E isso diz muito.
O jogo chegará ao Switch no dia 20 de outubro em versões físicas e digitais (via Nintendo eShop).
Fotos: João Pedro Boaventura