Jogos que ainda queremos ver no Switch — Parte 2: Oitava geração

Milagres impossíveis ou possibilidades inviáveis?

em 04/09/2023

Não parece, mas o Nintendo Switch já é um dispositivo antigo. Foi lançado há mais de seis anos, o que o coloca no início da terceira idade dos consoles, próximo à aposentadoria. Para efeitos de comparação, o SNES, o Nintendo 64, o Game Cube, o Wii e o Wii U foram todos lançados com cinco a seis anos de diferença entre um e outro. Mesmo assim, a máquina atual da Nintendo continua trabalhando. Seria demais dizer que “firme e forte”? Firme, sim, mas forte é uma questão relativa.


O ponto é que, sendo um console híbrido com tela embutida e controles destacáveis, o Switch precisou cortar custos em algumas partes a fim de alcançar sua meta de preço. Isso significa que ele foi lançado já defasado em relação à tecnologia de 2017, mas dentro do objetivo principal de bom custo-benefício para uma proposta diferenciada.

Essa característica técnica o distanciou dos grandes lançamentos multiplataforma para a oitava geração, a do PlayStation 4 e Xbox One e, ainda mais, dos atuais PS5 e Xbox Series. A maioria dos AAA são impossíveis de serem convertidos para o… espere, aquilo é The Witcher 3 no Switch?! É um milagre!



Milagre é quando o impossível acontece. Ao longo do tempo, o Switch recebeu alguns desses (isso já é tema para outra lista) e o histórico nos mostra que outras surpresas ainda podem acontecer.

É claro que essas mágicas precisaram de muitos ajustes (ou downgrades, no popular) para viabilizar tais façanhas técnicas. Por isso, sempre que olhamos para um título que está no Switch apesar das probabilidades, temos que considerar mais uma vez o custo-benefício, dessa vez no sentido tecnológico da coisa. Ter uma versão no idoso da Nintendo compensa as medidas necessárias, mesmo quando são drásticas?

Às vezes, o impossível é, na verdade, apenas inviável, comercialmente falando. Não sei se algum dos títulos da lista a seguir é possível ou viável, mas procurei apresentar 15 deles, sem ordem específica, aqueles que parecem encaixar com a realidade do que já foi feito com o console em questão.

Vocês perceberão que, na verdade, alguns títulos abaixo deram seus primeiros passos na sétima geração antes da seguinte — é o famoso conceito de crossgen. Preferi incluí-las nesta segunda parte e não na primeira porque foram muito mais celebrados nos anos seguintes, em consoles mais capazes que lhes deram sobrevida considerável. Esses jogos podem ter iniciado a vida no PS3 e Xbox 360, mas foi nos sucessores que alcançaram a maturidade. Vamos à lista!

Middle-Earth: Shadow of Mordor


Este aqui ganhou lugar na lista por motivo de curiosidade. Mesmo sendo um jogo de oitava geração, acabou tendo uma infame versão de PS3, da qual se diz que foi lançada mesmo sendo sabidamente quebrada no console mais fraco. Ele simplesmente não tinha capacidade para isso. É aqui que entra minha dúvida: como o Switch se sairia onde o PS3 fracassou?

O mundo aberto árido não é atraente, mas Middle-Earth: Shadow of Mordor tem seu mérito no sistema Nemesis, que cria inimigos e situações procedurais com resultados muito satisfatórios.

Final Fantasy XIV: A Realm Reborn


Um dos melhores MMORPG da história, Final Fantasy XIV: A Realm Reborn vai bem de saúde há quase 10 anos. Em 2024 receberá sua quinta expansão e será finalmente lançado para plataformas Xbox, indício que ainda não há planos para encerrar o trabalho e apagar as luzes. Bem que o próximo passo poderia ser em direção à Nintendo, não acham?

Dishonored 2


Em uma sociedade de industrialismo mágico e opulência, jogue como um assassino sobrenatural que pode executar suas missões de muitas maneiras, usando de furtividade, força bruta e até um enxame de ratos devoradores. Dishonored 2 é uma sequência que aprimora seu antecessor e, por sinal, o primeiro Dishonored poderia vir de brinde no pacote, assim como Dishonored: Death of the Outsider, a expansão autônoma que completa o trio.

Pentiment


Pentiment é um RPG narrativo de investigação e ramificação de escolhas que se passa em um cenário estilizado como iluminuras medievais, sendo aclamado por sua história. Mesmo tendo cara de indie, jeitão de indie e ousadia de indie, o jogo foi feito pela Obsidian, que tem no currículo Fallout New Vegas e The Outer Worlds, integrando o Xbox Game Studios. Por isso, fez mais sentido encaixar nesta lista que na da próxima sexta (8), dedicada aos indies.

Code Vein


O soulslike de anime pós-apocalíptico seria uma boa entrada ao gênero no Switch e, na verdade, uma das poucas que provavelmente dariam certo. Com um criador de personagens robusto e um sistema de parceiros controlados pela CPU para ajudar nas batalhas, Code Vein também faria a alegria dos apreciadores de waifus.

Resident Evil 2


Sim, esse é um desejo exagerado, mas tenho motivos históricos para isso: o título original de 1998 fez uma transição supostamente impossível para sair de dois discos do PlayStation e caber em um minúsculo cartucho de Nintendo 64. Milagre! Mesmo com todos os downgrades obrigatórios, seria realmente bonito ver a mágica se repetir e o excelente remake de Resident Evil 2 dar as caras no Switch contra todas as probabilidades (talvez simultaneamente a uma versão para a próxima geração da Nintendo).

Yakuza: Like a Dragon


A série Yakuza começou a se expandir há uns anos, trazendo remasters e remakes de seus primeiros títulos, mas acelerou o avanço para se tornar mais popular no Ocidente, contando até com dublagem em inglês a partir da sétima entrada, Yakuza: Like a Dragon. O título trouxe também um novo protagonista, marcando uma transição que alterou até o nome internacional para uma tradução literal do original em japonês: agora a marca se chama Like a Dragon.

Se o sétimo jogo, com suas batalhas em turnos, não se adequasse bem ao hardware do Switch, o mais indicado seria Yakuza 0, uma prequel considerada por muitos como o melhor título da série por sua história emocionante e o minigame de cabaré, tão desenvolvido que poderia ser um jogo por si só. No fundo, este é mais um crossgen com uma versão para PS3 lançada em pleno 2015, mas apenas no Japão. Foi a versão internacional de PS4 que fez o game brilhar e aumentar sua base de jogadores.

Psychonauts 2


A oitava geração também tem seu jogo de Tim Schafer que deveria estar no Switch: Psychonauts 2, um 3D platformer que levou anos para conseguir o investimento necessário e entregou uma aventura psicodélica, inteligente e engraçada, rendendo muitos elogios da crítica e várias indicações a prêmios.

Eu sei que é muito fácil um leigo fazer comparações, mas penso que se It Takes Two conseguiu vir ao Switch, talvez Psychonauts 2 também possa embarcar no mesmo trem. A Double Fine passou a ser de propriedade da Microsoft há uns anos, mas isso não a impediu de executar a programação de lançamento para PS4.

Tomb Raider: Survivor Trilogy


Lara Croft chegou ao Switch, mas em dois jogos mais modestos. O carro-chefe da franquia na última década foi a trilogia do reboot, com Tomb Raider, Rise of the Tomb Raider e Shadow of the Tomb Raider. O primeiro deles foi da sétima geração, sua adaptação provavelmente não teria problemas, ao menos não tanto quanto os dois seguintes, tecnicamente mais exigentes.

A decisão caberia ao Embracer Group, que em 2022 adquiriu tanto a franquia quanto a desenvolvedora Crystal Dynamics, antes nas mãos da Square Enix.

Dragon Age Inquisition


O Switch não tem nenhuma entrada da série de RPGs da BioWare e Dragon Age: Inquisition poderia mudar isso com sua presença. Primeiro, porque é um título crossgen da sétima para a oitava geração e, segundo, foi bastante premiado em seu lançamento, inclusive sendo o ganhador de Jogo do Ano do primeiro The Game Awards, em 2014.

Em terceiro lugar, uma nova versão poderia levantar o moral da BioWare diante do público após os desapontamentos com Mass Effect: Andromeda e Anthem, preparando a expectativa para o futuro Dragon Age: Dreadwolf, que ainda não tem previsão de data e plataformas, mas bem que poderia sair para o sucessor do Switch.

Grand Theft Auto V


Honestamente, Grand Theft Auto V só está nesta lista por motivo de pragmatismo, dada sua ausência gritante no híbrido da Nintendo. As 185 milhões de cópias garantem ao jogo o segundo lugar entre os mais vendidos de todos os tempos, atrás apenas de Minecraft. Isso significa que muita gente já o comprou e recomprou e é tão acessível que quem não jogou, provavelmente, foi por escolha.

Quem precisa visitar Los Santos em modo portátil, afinal? Ah, em todo caso, uma versão para Switch deveria ser a da revisão para PS4 e Xbox One, justificando a presença nesta lista.

À espera de um milagre

A oitava geração representa um desafio de transposição para o Switch, mas seus limites estão sendo desafiados mais uma vez com Hogwarts Legacy. Como a promessa se sairá? Considerando que o jogo já foi adiado mais de uma vez, a Avalanche Software parece estar com dificuldades para fazer a mágica acontecer. Resta esperar. Enquanto isso não acontece, a próxima parte da nossa lista tratará de jogos independentes que seriam bem-vindos aos últimos anos da ativa do popular híbrido da Nintendo.

Confira todas as partes da lista:

Revisão: Cristiane Amarante
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Admiro videogame como uma mídia de vasto potencial criativo, artístico e humano. Jogo com os filhos pequenos e a esposa; também adoro metroidvanias, souls e jogos que me surpreendam e cativem, uma satisfação que costumo encontrar nos indies. Veja minhas análises no OpenCritic.
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