Acessível desde 13 de setembro (a segunda parte, The Indigo Disk, será lançada ainda em 2023), The Teal Mask leva os jogadores à carismática terra de Kitakami, trazendo consigo velhos e novos Pokémon para serem capturados, mais personagens e biomas, somando algumas horas de conteúdo extra para quem já se divertiu bastante em Paldea.
Porém, problemas significativos, especialmente no tocante aos aspectos técnicos da obra, continuam incomodando e impedindo uma recomendação mais ampla. Confira a nossa análise.
Hora de aventura
Assim que adquirir o conteúdo adicional e entrar no jogo, você receberá uma ligação em seu Rotom Phone do professor Jacq, avisando sobre uma colaboração especial entre a sua escola (Naranja ou Uva Academy, dependendo da sua versão base) e a Blueberry Academy, de Unova, para uma excursão à pitoresca terra de Kitakami, famosa por suas ricas tradições e vastos campos agrícolas.
Símbolo da boa relação entre as duas escolas, este intercâmbio ocorre anualmente, mas somente alguns alunos são escolhidos para participar. Por sorte, você foi um deles, o que significa que poderá continuar ou expandir a sua caça ao tesouro para esta nova localidade, onde habitam diversos Pokémon já conhecidos e algumas surpresas bem legais.
Infelizmente, o caráter aleatório da seleção dos alunos contemplados significa que nenhum de seus velhos amigos, como Arven, Nemona e Penny, participarão desta jornada. Em seu lugar, somos apresentados a novas figuras, como os irmãos Carmine e Kieran e a tutora Briar, que possui um interesse muito peculiar na Área Zero e no fenômeno Terastal.
Sendo descendente direta de Heath, autor do Scarlet/Violet Book, e uma das principais pesquisadoras do Pokémon conhecido como Terapagos, Briar promete ser uma das figuras centrais da segunda parte do conteúdo adicional. Em Teal Mask, porém, o foco está nos irmãos Carmine e Kieran, cuja história, revelada aos poucos, se entrelaça perfeitamente com a de Kitakami.
Boas-vindas a Kitakami
Kitakami é uma região rural marcada por costumes e histórias transmitidas de geração em geração. Uma das mais marcantes diz respeito a um temível monstro que habitava na localidade, em uma caverna próxima ao lugar onde hoje fica a cidade de Mossui.
Certo dia, essa criatura desceu da montanha onde ficava a caverna, completamente enfurecida, causando grande medo nos habitantes da região. Por sorte, três Pokémon — Okidogi, Munkidori e Fezandipiti — estavam próximos quando isso aconteceu. Após um grande conflito, o trio conseguiu conter o ser e expulsá-lo de volta às montanhas.
Movida por admiração e gratidão, a população conferiu aos bravos Pokémon o título The Loyal Three (Os Três Leais, em tradução livre). Seus corpos foram enterrados após o confronto e estátuas erguidas em sua homenagem. Além disso, até hoje é realizado o famoso Festival das Máscaras, um evento dedicado à memória dos grandes heróis de Kitakami.
Ao participar do Festival das Máscaras como parte das atividades da excursão, você acaba se deparando com uma criatura que aparenta ser o antigo monstro das lendas, mas sua aparente docilidade em nada lembra o que o folclore da região faz pensar a seu respeito.
Sem entrar no campo de spoilers, esse acaba sendo o verdadeiro ponto de partida para a aventura, que, apesar de não conter um desfecho tão impressionante quanto o do jogo base (cuja história certamente está entre as melhores da série Pokémon), se prova divertida enquanto expõe a verdade por trás das lendas há muito transmitidas em Kitakami.
Novos e velhos amigos, de volta
Obviamente, o grande apelo deste conteúdo adicional, além da nova região para explorar, é a presença de velhos e novos Pokémon para serem capturados, treinados e utilizados tanto na expansão quanto no jogo base (caso você não possua o conteúdo adicional, pode trocá-los com um conhecido que tenha esses monstrinhos).
Apesar de a Pokédex de Paldea ser bem rica, confesso que foi muito legal ver criaturinhas como Geodude, Poliwag, Koffing, Poochyena e Jangmo-o, além de suas respectivas evoluções e variações regionais, estreando na nona geração. Ao todo, são 102 Pokémon que retornam nesta primeira parte (a expectativa é que mais uma centena acompanhe a segunda do conteúdo adicional).
Ao lado das criaturas já conhecidas, há também novas adições, que pra mim são o ponto mais forte de The Teal Mask. Além do Loyal Three, cujos integrantes podem ser capturados após o fim da história, a expansão nos apresenta os monstrinhos Dipplin (nova evolução de Applin); Poltchageist e sua evolução Sinistcha; a variante Bloodmoon para Ursaluna; e o lendário Ogerpon, a criatura das lendas de Kitakami.
Todas as novas adições são carismáticas e comprovam que o design da série continua sendo um de seus pontos mais fortes mesmo muitos anos após sua fundação. Ogerpon, em especial, possui uma mecânica singular que possibilita alterar a sua tipagem de acordo com a máscara que está equipando. Além de terastalizá-lo ser um espetáculo à parte, seus números indicam que ele será bem requisitado no competitivo do jogo.
Aliás, por tocar no assunto, 30 novas TMs (Technical Machines) também estreiam no título com a expansão, aumentando o elenco de pokémon capazes de usar golpes clássicos como Toxic, Focus Punch e Scald. Em suma, tanto os jogadores que se interessam pelo lado competitivo do jogo quanto os que só desejam mais criaturas para colecionar terão bastante com o que se divertir em The Teal Mask.
No meio ou no fim do jogo?
Uma das coisas mais legais de The Teal Mask é que os níveis dos Pokémon (e adversários) escalam de acordo com o seu progresso no jogo base. Caso você já tenha finalizado a história e explorado a Área Zero, os monstrinhos selvagens e dos adversários estarão em torno do nível 60. Caso não, espere encontrá-los por volta do nível 12.
Portanto, Kitakami pode ser explorada tanto durante os eventos da aventura principal quanto após a rolagem dos créditos. Para esta análise, eu já havia finalizado o jogo anteriormente, então aproveitei para carregar comigo alguns monstrinhos que não me acompanharam em Paldea, como Roaring Moon e Eternatus, este último capturado em minha cópia de Pokémon Sword (Switch).
Algo que vale mencionar é que, mesmo com os níveis altos envolvidos, não há aqui nada muito diferente do jogo base em termos de dificuldade. Isso me fez pensar que a melhor experiência de The Teal Mask possivelmente seja em paralelo à história principal, acrescentando diversos Pokémon para o jogador escolher seus titulares durante a caça ao tesouro (é possível viajar entre Paldea e Kitakami instantaneamente, uma vez que tenha visitado a região). Por outro lado, caso você já tenha zerado o jogo, o DLC é uma boa oportunidade de criar um time novo para se aventurar.
Só não convém esperar uma história muito longa: focando apenas nos objetivos principais, consegui finalizar The Teal Mask em aproximadamente cinco horas. Se você pretende completar a nova Pokédex ou descobrir todos os segredos aqui presentes, é possível dobrar ou até triplicar esse tempo, mas, caso você prefira adições mais substanciosas em termos de conteúdo, é prudente temperar as expectativas ou esperar a parte dois para ver como o DLC se sai em sua forma completa.
Falando sobre o Donphan branco na sala
Dito tudo isso, é hora de falar sobre o elefante branco na sala: se você estava esperando melhorias na performance do título ou alguma evolução técnica, ainda que tímida, com esta expansão, sinto informar que nada mudou nesse quesito. Assim como o jogo base, The Teal Mask apresenta diversas quedas na taxa de quadros, problemas com pop-in, incoerências de geometria e colisão, e bugs visuais.
Como um fã de longa data da série (comecei a jogá-la no Game Boy, com Pokémon Gold), é realmente triste ver o estado dela atualmente. Compartilho da opinião de meu colega de redação Maurício Katayama, que descreveu Scarlet/Violet como dois dos melhores jogos da franquia completamente eclipsados por problemas inaceitáveis para títulos deste porte.
Quase um ano após o lançamento, é francamente deprimente ver que nada significativo foi feito (e nem será, pelo visto). Junte a isso a ausência de localização em português brasileiro (algo que até mesmo desenvolvedores independentes conseguem adicionar em seus jogos) e temos aqui um produto impossível de recomendar sem ressalvas.
Sendo plenamente sincero, me diverti com The Teal Mask e gostei bastante dos novos monstrinhos trazidos com a expansão, mas tanto Pokémon quanto seus leais fãs merecem mais. Meu desejo é de que a Nintendo, a Game Freak ou quem quer que seja o principal responsável pelo estado técnico da série atualmente perceba com urgência que certos problemas são inaceitáveis para uma franquia deste calibre. Portanto, fica o aviso: caso decida viajar para Kitakami, saiba que turbulências similares às de Paldea farão parte do caminho, infelizmente.
Uma expansão divertida, prejudicada por aspectos técnicos
The Teal Mask abre a expansão The Hidden Treasure of Area Zero cumprindo o seu papel de trazer mais conteúdo a Pokémon Scarlet e Violet na forma de uma nova região, mais monstrinhos capturáveis e uma história divertida, ainda que curta em sua duração e sem as reviravoltas daquela presente no jogo base.
Se você gostou de Scarlet e Violet e conseguiu aproveitar o jogo apesar dos seus inúmeros problemas técnicos, provavelmente vai gostar do que é apresentado aqui. É só uma pena que, quase um ano depois, os deslizes continuem tão evidentes. Mística ou não, não há máscara que esconda o fato de que Pokémon e seus fãs merecem mais, muito mais.
Prós
- História divertida, apesar de curta e sem o impacto da presente no jogo base;
- Mais de 100 Pokémon retornando, entre eles favoritos como Geodude, Darkrai e Kommo-o;
- A adição de mais TMs promove bem-vindas adições ao segmento competitivo do jogo;
- Os novos personagens e Pokémon introduzidos com a expansão são carismáticos.
Contras
- Pode ser finalizado em menos de seis horas;
- Inúmeros problemas técnicos do jogo base continuam na expansão, mesmo ela se passando em uma nova região;
- Poderia apresentar um nível maior ou até mesmo selecionável de desafio para quem já finalizou o jogo;
- Sem suporte a português brasileiro.
Pokémon Scarlet/Violet: The Hidden Treasure of Area Zero - The Teal Mask — Switch — Nota: 6.5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo