Captain Falcon, o ícone renascido

O homem. O mito. A própria lenda.

1990. A 4ª Geração de games havia começado dois anos antes, com a Sega lançando seu mais novo console, o Mega Drive. Dessa forma, a 4ª e mais lendária Guerra dos Consoles começou. Sega atacava a Nintendo com seus gráficos de ponta, 16-bits contra os 8-bits do NES. Acuada, a Nintendo precisava revidar. Ela desenvolveu seu mais novo console, o SNES, com 3 games no ataque: Super Mario World, Pilotwings e F-Zero. Assim, nascia Captain Falcon.

Grand-Prix

A história de Captain Falcon é a história de sua franquia. F-Zero era um jogo de corrida diferente dos outros: era de único jogador e com uma pegada mais futurista, com carros voadores e cores incrivelmente vivas. Atraía pela alta dificuldade e pelos gráficos de última geração, passando uma impressão de profundidade, feito exclusivamente para mostrar o poder de processamento do SNES.

Captain Falcon não aparecia propriamente no jogo (apenas sua cabeça é levemente visível dentro do seu fiel carro, o Blue Falcon), mas era possível vê-lo por completo no manual, em uma história em quadrinhos de oito páginas que detalham seu estilo de vida como caçador de recompensas e piloto, capturando criminosos e vencendo corridas. Aliás, todas as imagens de F-Zero 99 são deste manual.




F-Zero rasgou a crítica com notas positivas e elogios. Foi responsável pelo revigoramento dos jogos de corrida e criação do subgênero de corridas futuristas, além de se tornar um ícone pelo estilo artístico único. E eis que veio a lendária sequência, F-Zero X, para o Nintendo 64 em 1998. Rápido, com multiplayer, mais pilotos, mais difícil e mais divertido, era o retorno triunfante de Captain Falcon aos holofotes.

Depois dele, veio o icônico F-Zero GX, de GameCube, lançado em 2003, notório pela sua dificuldade absurda e desenvolvido em uma parceria entre Nintendo e Sega.



O voo do falcão índigo

Captain Falcon é diferente dos demais protagonistas da Nintendo. Sabemos de toda a jornada trágica de Samus, a história de cada reencarnação de Link, a odisseia de Mario por 1000 empregos, a dinastia dos Kongs, as peripécias de Kirby, as desventuras de Olimar e seus amigos, mas Captain Falcon? Até seu nome é um mistério (Douglas Jay, na versão americana e aceito pelos fãs, é na verdade uma tradução errada).

As únicas informações concretas sobre ele são que ele nasceu na Terra, na cidade de Port Town, e tem como objetivo vencer corridas e lutar contra as forças do mal, lideradas pelo temível senhor do crime, Black Shadow, determinado em dominar o Universo. Mesmo assim, Falcon ganhou o coração dos jogadores por sua aparência distante e misteriosa, seu design único e seu carisma silencioso (e gritante em outra certa franquia).

Takaya Imamura, ex-desenvolvedor principal de F-Zero e cocriador do personagem (ao lado de Shigeru Miyamoto), revelou que Captain Falcon foi criado para ser a mascote do SNES, com suas cores predominantemente escolhidas para fazer par com os botões da versão japonesa, o Super Famicom. De acordo com Imamura, a equipe queria um personagem com nome de “Captain” para combinar como mascote.

Quando a HQ do manual foi apresentada para a equipe da Nintendo nos Estados Unidos, a recepção com Captain Falcon foi universalmente elogiada, com ideias surgindo e, tão de repente quanto, Captain Falcon fez F-Zero nascer e ele, o herói. E as pistas não seriam o único lugar em que o misterioso vigilante enfrentaria perigos.



SHOW ME YOUR MOVES!

Em 1999, Masahiro Sakurai e Nintendo lançaram o primeiro título da consagrada Super Smash Bros. para o Nintendo 64. 12 personagens, 8 iniciais e 4 figuras misteriosas. Entre elas, saindo de seu alazão azulado pela primeira vez, estava Captain Falcon, desferindo golpes nunca vistos antes como o Falcon KickRaptor Boost, Falcon Dive, o temível Knee of Justice e o icônico Falcon Punch! Cheios de personalidade e força, eram claras as homenagens aos shows de tokusatsu com sua alta pompa e ação coreografada.

Sua aparência em Smash 64 e Melee deriva de F-Zero X, enquanto de Brawl até Ultimate é uma mistura do redesign de F-Zero GX com o cachecol de F-Zero: GP Legend (de GBA). Com golpes rápidos e cheios de personalidade, Falcon se tornou um ícone da franquia, transmitindo poder para seus jogadores e emitindo medo para seus adversários. Inclusive invocando seu fiel Blue Falcon como Final Smash (C'MON! BLUE FALCON!).

Nada mais, Smash se tornou uma segunda casa para Falcon, visto que ele apareceu em mais jogos de Smash (6 ao todo; 5, se considerar 3DS e Wii U um único jogo) que em sua própria franquia (5 ao todo; 6 se o arcade F-Zero AX for considerado) já que sua série foi colocada na geladeira por tantos anos. E por falar neste tópico...



Precisa-se de heróis

F-Zero teve F-Zero Clímax como seu último jogo lançado, exclusivamente para o Japão, para o GBA em 2004. Antes disso, o último lançamento mundial foi GP Legend, também para GBA em 2004. Ambos os jogos foram baseados no anime e fizeram relativo sucesso. Mas, então, misteriosamente, a franquia sumiu.

Similar aos outros vigilantes estelares da Nintendo, Samus e Fox McCloud, Captain Falcon foi congelado em carbonita, mas em pior estado. Pelo menos Metroid e Star Fox ganhavam jogos de forma esparsa, seja um spin-off, seja o lançamento de um jogo cancelado, seja uma aventura inteiramente nova. Falcon, por outro lado, não teve a mesma sorte, esperando no cockpit pacientemente por uma chance de ligar os motores, abrir as asas e voar.


Por anos, Captain Falcon e F-Zero só apareciam em ports e aparições especiais. No começo de sua carreira, o capacete do herói apareceu no modo “Great Cave Offensive” de Kirby Super Star (SNES); uma ponta em Nintendo Land (Wii U) e bastante conteúdo em Mario Kart 8 (Wii U). Diversas vezes apareceu como decoração em Animal Crossing e minigame em WarioWare, e até em Tekken Tag Team Tournament 2 (Wii U) como roupa para personagens.

Eu não cresci com F-Zero, mas, de alguma forma, eu sempre soube do que se tratava e sempre soube quem Captain Falcon era. Graças a Super Smash Bros. Brawl (Wii), eu pude conhecer quem era aquele justiceiro misterioso. Seu jeito diferente, sua postura despojada e velocidade me atraíram. Era diferente de qualquer outro personagem de jogo que eu já tinha visto. Anos depois, tive a oportunidade de jogar F-Zero e me apaixonei pela proposta difícil.

Eu sempre tive afeto por franquias criminalmente mal apreciadas (não é à toa que Earthbound é minha trilogia favorita de todos os tempos), então obviamente eu me simpatizei pelo rico universo de F-Zero. Quando eu estava aceitando que ele jamais voltaria, um som cortou o silêncio.



READY... GO!!!

Sem qualquer anúncio prévio, na Direct do dia 14 de setembro, era mostrado F-Zero 99, um Battle Royale gratuito aos moldes do jogo original onde 99 jogadores correm ao mesmo tempo e, com todas as forças e determinação, tentam chegar em primeiro lugar (nem que sejam explodindo logo depois da linha de chegada). Não é uma novidade no gênero (vide Super Mario Bros. 35 ou Tetris 99), mas qualquer coisa já era o bastante (YES!).

Captain Falcon estava de volta, com um recomeço pequeno, mas quem sabe? Talvez precise ser assim. Começar com corridas de kart para chegar às corridas profissionais. Correr antes de voar. E, neste caso, um falcão precisa dar pequenos passos se quiser alçar os céus. Seja como for, a lenda está de volta. FALCON PUNCH!!!

Revisão: Thais Santos

Formado em Publicidade e Propaganda na USC e especializado em Marketing Digital, sou Editor de Vídeos também, meu TCC foi sobre a Guerra dos Consoles e evolução da publicidade nos games. Jogo um pouco de tudo e também escrevo. Me descrevo como um artista.
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