Análise: The Legend of Nayuta: Boundless Trails (Switch) tem uma boa proposta, mas peca na repetição

Acompanhe Nayuta em uma jornada para salvar o seu mundo e uma realidade paralela cheia de magia.

em 16/09/2023
The Legend of Nayuta: Boundless Trails é uma mistura de RPG de ação com elementos de plataforma que começou no PlayStation Portable em 2012 e, assim como tantos títulos menos conhecidos da Nihon Falcom, não havia sido lançado fora do Japão.

A série Trails é conhecida por sua construção de mundos. Títulos como Trails of Cold Steel, Trails from Zero e Trails to Azure, bem como Trails in the Sky, fazem parte deste universo. The Legend of Nayuta, no entanto, não tem absolutamente nenhuma conexão com as entradas principais.

Na verdade, isso é bom, pois significa que Boundless Trails não sofre com comparações diretas e tem liberdade para introduzir seu próprio estilo. O sistema de combate de ação envolvente em tempo real, aliado ao conceito de construção, joga a seu favor.

Não se deixe levar pelo fato do jogo não fazer parte da linha principal: este é um spinoff digno que merece pertencer à família Trails. Boa leitura!

Conflito entre dois mundos

Um poderoso mago chamado Zechst quer destruir a realidade dos humanos; para isso, ele precisa combinar as quatro Master Gears (engrenagens mestres) presentes nas regiões de Terra, seu mundo. Sim, o nome da realidade alternativa é Terra, e o jogo reforça que esse nome é Earth em latim. Em outras palavras, a proximidade dos nomes conota uma similaridade entre os mundos.

Cada engrenagem controla o clima de sua região e é protegida por entidades poderosas, que, por sua vez, respeitam as orientações dos administradores, criaturas mágicas incrivelmente fortes. Um desses administradores é Noi, que exerce influência sobre Garden of Stars, localizada no centro de Terra.

Universo de Terra

Nessa ilha, há um astrolábio construído pela raça Mythos, responsável pela criação da realidade Terra. Zechst faz parte dessa raça, assim como Creha, a princesa adormecida e centro da segunda metade da história. Os integrantes desta raça possuem cabelos brancos e poderes mágicos incríveis.

Cabe a Nayuta, um garoto cheio de sonhos, e Noi, uma fadinha que odeia os humanos, salvar seus mundos da ameaça de Zechst. A história começa calma e apresenta os protagonistas: Nayuta é o personagem jogável, enquanto Noi o acompanha durante as missões. Os dois se conhecem em Remnant Isle ainda no prólogo e passam grande parte da campanha lado a lado.
 
Remnant Isle
 
A química entre Noi e o protagonista é bem cômica, já que a fadinha não suporta os seres humanos. Quando os demais administradores se encontram com a dupla, frases do tipo “Nossa, ela está trabalhando com um humano mesmo detestando eles” ou “Noi, você com um humano? Essa é nova!” garantem boas risadas. A reação da pequena fada a essas falas também é hilária e bem ácida.

RPG, Plataforma e Ação

A primeira hora de Legend of Nayuta é dedicada ao tutorial. Aqui, é ensinado ao jogador como se mover, pontos de interesse, sidequests e técnicas de combate. A progressão é de livre movimentação; porém, nas fases, ela se torna majoritariamente lateral, com momentos de variação. Esse esquema se assemelha muito aos moldes de plataforma, pois há obstáculos que devem ser pulados ou destruídos para podermos avançar.

Como o combate não é por turnos e sim por sequência de ações, o jogo possui uma característica de combo chamada Chain: quanto mais acertos, maiores são os bônus temporários recebidos por Nayuta.
 

Os equipamentos usados pelo garoto e pela fada possuem propriedades únicas e, à medida que progredimos na história, alguns são desbloqueados, enquanto outros fazem parte de missões secundárias. Um ponto interessante é que cada peça de roupa reflete no modelo do personagem em tela, tanto para Nayuta quanto para Noi.

Durante a história, há momentos em que os diálogos são dublados, mas não todos. Do nada um personagem começa a falar e rapidamente para. No começo, pensei que era uma falha de arquivos corrompidos e instalei o jogo novamente; para minha surpresa, não era falha, e sim o que acontece normalmente. Uma pena, pois os diálogos são muito bem dublados.
 

Visualmente, temos a presença de artes no estilo anime quando os personagens são apresentados ao jogador, seguidas de uma frase ou um pequeno trecho de diálogo dublado. Infelizmente, os desenhos se atêm a esses momentos.

Os cenários do game contam com inimigos e missões específicas, que concedem recompensas até que legais. O problema fica na repetição dos monstros e das rotas, já que a cada Master Gear obtida, o clima é alterado e podemos revisitar as fases, só que por caminhos antes bloqueados e povoados por inimigos com cores diferentes, mas o mesmo visual.

A trilha sonora é simples e combina muito bem com o jogo. Durante o tutorial, passei um bom tempo visitando os locais disponíveis em Remnant Isle, e a música que toca é relaxante e agradável.



O ritmo dinâmico do game contribui para uma aventura rápida e, ainda que haja uma reviravolta na história, alguns são meio que esperados, enquanto que outros de fato afetam o curso da história, inclusive me pegando de surpresa. As missões secundárias tentam preencher um pouco, mas não dão conta por serem muito simples e previsíveis.

Uma aventura de duas perspectivas

Como dissemos acima, The Legend of Nayuta: Boundless Trails foi lançado originalmente em 2012 para PSP. Naturalmente, a escala dos gráficos e das animações vai ao encontro de uma resolução menor.

No Nintendo Switch, esse ponto recebeu destaque pela capacidade do console híbrido da Big N ter um modo portátil e também poder ser conectado à TV. Desse modo, assim como na aventura, temos duas realidades completamente distintas.



No modo portátil, parece que tudo se encaixa. As texturas e tamanhos dos elementos no cenário combinam perfeitamente, não passando a sensação de um produto, digamos, datado graficamente.

Entretanto, isso não acontece no modo dock. Tudo na tela parece muito maior do que deveria. O efeito de upscaling aplicado não conseguiu fazer os ajustes de modo que o jogador não tenha a percepção de um jogo lançado há mais de 10 anos.



Para nossa sorte, a dificuldade não é afetada por essa diferença gráfica. Em certos momentos, até ajuda na verdade, especialmente em televisores acima de 43 polegadas. Os elementos de plataforma do game se beneficiam da modelagem do terreno maior pelo fato de permitir um melhor contato visual do jogador com os obstáculos.

Quando dois mundos colidem

The Legend of Nayuta: Boundless Trails combina RPG de ação e plataforma para criar uma experiência diferente da série principal. A história é bem-escrita e conta com as tradicionais reviravoltas para ser dinâmica e atraente.

O combate é fluido, permitindo que o jogador se adapte ao cenário e seus inimigos, e as músicas contribuem para imersão e adicionam outra camada à jogatina. Noi, a fadinha, rouba as cenas com suas colocações precisas e humor ácido.



No entanto, a repetição de cenários e baixa variedade de inimigos ofuscam o título. Ainda que a história seja boa, é rápida demais e as missões secundárias não contribuem para o preenchimento, além de serem simples e previsíveis. Os diálogos dublados poderiam ser melhor trabalhados, já que sua presença é esporádica e inconsistente.

No fim das contas, Boundless Trails é um bom jogo e serve tanto para fãs de longa data quanto para quem ainda está começando.
 

Prós

  • História interessante e com diversas reviravoltas na trama;
  • Sistema de combate fluido e intuitivo;
  • Elenco de personagens carismáticos;
  • Trilha sonora simples, porém eficaz;
  • Humor ácido nos diálogos de Noi.

Contras

  • A mescla de trechos com voz e texto é bem irregular;
  • Repetição de inimigos e cenários;
  • Campanha com duração rápida;
  • As sidequests agregam pouco à aventura;

The Legend of Nayuta: Boundless Trails — PC/PSP/PS4/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America

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Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
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