Jogos que ainda queremos ver no Switch — Parte 1: Sétima geração

A lista ultrapassou o top 10 e chegou a 20 third parties memoráveis daqueles tempos.

em 30/08/2023

Red Dead Redemption é um clássico aclamado que, estranhamente, havia sido esquecido na geração retrasada, deixado às traças como peça de museu. Pela glória passada, uma eventual atualização para plataformas modernas parecia inevitável, ainda mais após o lançamento de Grand Theft Auto: The Trilogy – The Definitive Edition, uma versão muito mais polêmica pelas falhas técnicas do que pelo seu tema de vida criminosa.


Mesmo que não se trate de uma remasterização, a chegada do faroeste da Rockstar ao Switch foi uma bela surpresa. Nesta lista, seguirei a linha de Red Dead Redemption e indicarei apenas títulos da sétima geração de consoles, formada pelo Wii, PlayStation 3 e Xbox 360. Essa escolha é razoável porque, em termos de potência de hardware, o Switch está em algum ponto entre esses consoles e a geração seguinte da Sony e da Microsoft, a do PlayStation 4 e Xbox One.

Por isso, o híbrido da Nintendo é, em tese, capaz de melhorar o que veio na geração anterior, mas precisa de muitas reduções para rodar jogos de seus contemporâneos. A diferença técnica isolou o Switch dos lançamentos de grande perfil, uma separação que se alarga cada vez mais à medida que o console avança em seu tempo de vida.

Cientes disso, as publicadoras mostram muito interesse em revisitar seu legado no Switch, que não demorou a se revelar um ótimo museu. Basta espanar a poeira, restaurar as marcas do tempo e abrir uma exibição de belas obras importantes para o passado, interessantes para hoje e, se bem cuidadas, preservadas para o futuro. 

A lista a seguir seria, em tese, um top 10, mas, na prática, acrescentei outros títulos na esteira de alguns deles, o que nos leva aos cerca de 20 jogos mencionados a seguir. Na verdade, como as ideias se estenderam, este artigo terá mais duas partes publicadas na sequência: uma para a oitava geração e outra para jogos independentes.

Ah, eu sei que muita gente quer ver seus first parties favoritos portados, remasterizados, refeitos, disponíveis no Nintendo Switch Online ou seja o que for, mas o texto de hoje deixa esses para outra ocasião e dá atenção apenas a jogos de companhias terceiras. Vamos à lista, sem ordem específica.

Castlevania: Lords of Shadow


A reimaginação da série Castlevania ficou de fora da onda de remasterizações da última década, mas com certeza Castlevania: Lords of Shadow, completo com seus capítulos extras, seria uma boa pedida. 

A princípio um clone da trilogia God of War, o primeiro jogo tem uma atmosfera melancólica e profunda cuja narrativa se destaca na franquia. A sequência, Castlevania: Lords of Shadow 2, foi inconsistente, alternando entre um interessante castelo no passado e uma cidade moderna, toscamente nomeada Castlevania City (é sério). Valeria a pena vê-lo no Switch como parte de uma coletânea, o que já abriria espaço para Castlevania: Lords of Shadow — Mirror of Fate, o jogo de 3DS que serviu de interlúdio entre os dois principais, fazer um retorno de carona..

Mass Effect Legendary Edition


Mass Effect Legendary Edition reúne a trilogia da série aclamada na sétima geração ao ponto de obscurecer o título que esperava-se que fosse uma evolução, mas deixou o público desapontado: Mass Effect: Andromeda.

Os três títulos liderados por comandante Sheppard são renomados como uma ópera espacial de RPG que deixa as escolhas na mão de quem joga e faz as consequências repercutirem de um jogo a outro, fechando uma trilogia envolvente e coesa como poucas.

Dark Souls 2: Scholars of the First Sin


O segundo título é a ovelha negra da trilogia Dark Souls, mas, mesmo assim, é um bom jogo, tem muito conteúdo e merece atenção. A edição Dark Souls 2: Scholars of the First Sin reúne as três expansões, que superam a base e figuram entre o que de melhor a FromSoftware já produziu. Se Dark Souls Remastered deu certo no Switch, sua sequência seria uma boa pedida.

Fallout: New Vegas


Volta e meia vejo Fallout: New Vegas sendo elogiado em vídeos de game design. O RPG de mundo aberto se destacou pela liberdade de suas missões, que são elaboradas tanto em narrativa quanto nos sistemas. Essa coesão favorece o aspecto “role play” da sigla, resultando em um jogo que ainda hoje é considerado por muitos como o melhor da série.

Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots


Esse é um daqueles jogos prisioneiros de sua geração. Exilado no PS3 até hoje, Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots é um clássico da espionagem com foco narrativo e esperamos que finalmente seja liberto em um possível Volume 2 para a Metal Gear Master Collection.

Para acompanhá-lo na coletânea, as principais ideias seriam Metal Gear Solid: Peace Walker, jogo de PSP que já teve remaster na sétima geração, e Metal Gear Rising: Revengeance, que a PlatinumGames desenvolveu com muito orgulho de sua ação divertidamente elevada a um nível que poucos ousam tentar.

Sonic Generations


O ouriço azul nunca retomou as alturas que alcançou na década de 1990, mas conseguiu manter-se relevante até hoje e teve bons jogos pelo caminho. Mesmo com o relançamento bugado de Sonic Colors, não faltam motivos para querer que a SEGA tente novamente com Sonic Generations, na qual a série revisita a si mesma de forma saudosista, mas competente.

E não quero polemizar, mas acredito que Sonic Unleashed merece entrar na fila algum dia e, para manter o ritmo atual da franquia, até Sonic: Lost World poderia fazer um eventual retorno.

Rare Replay


Como a Xbox e a Nintendo têm uma relação amigável, eu diria que seria muito vantajoso para ambas lançar Halo: The Master Chief Collection no console híbrido. Forcei muito? Ok, então vamos para algo mais pé no chão: Rare Replay, uma coletânea de jogos daquela que já foi uma das melhores desenvolvedoras a lançar jogos em consoles da Big N. Não preciso nem argumentar.

Espere, esta lista é focada na sétima geração, certo? A coletânea inclui Viva Piñata, um simulador de vida e criação de animais que, no caso, são pinhatas adoráveis. Além de uma gameplay competente, o jogo é cheio de uma personalidade que combina muito com o ecossistema lúdico do Switch. E, sim, também acho que o desprezado Banjo Kazooie: Nuts and Bolts é um jogo legal que não faria mal em dar as caras mais uma vez em uma coletânea.

Spec Ops: The Line


Mesmo que pareça apenas mais um no mar de cover shooters (jogos de tiro de cobertura), Spec Ops: The Line está isolado como um título de guerra que realmente faz uma crítica significativa a esse mal da humanidade.

A base é o centenário romance Coração das Trevas, de Joseph Conrad, aqui adaptado a um cenário contemporâneo. À medida que os soldados avançam por uma Dubai devastada por tempestades de areia, os questionamentos morais se intensificam e o jogador é capaz de fazer escolhas sem nem mesmo saber disso. Mesmo que a gameplay consista em atirar e matar, quando despida da glorificação, a guerra é apenas amarga.

Goldeneye 007


É comum falar do GoldenEye 007 de 1997 sem lembrar que ele teve um ótimo remake para Wii em 2010. O jogo foi totalmente atualizado para algo mais moderno, até no ator de Bond, contando com a aparência de Daniel Craig. Essa versão se beneficiaria de poder ter seus controles de movimento devidamente adaptados aos Joy-Cons, como vimos em Metroid Prime Remastered, por exemplo.

Muramasa: The Demon Blade


Muramasa: The Demon Blade chegou ao Wii mostrando como uma direção de arte deslumbrante pode compensar a falta de poder bruto do hardware. A história interessante, a ação frenética e os elementos de metroidvania contribuem para fazer dele um jogo que deveria estar em consoles modernos, como o Switch.

Após ele, bem que a Atlus poderia fazer como com 13 Sentinels: Aegis Rim e GrimGrimoire Oncemore e trazer os jogos da Vanillaware que ainda faltam: Odin Sphere Leifthrasir e Dragon’s Crown.

Enslaved: Odyssey to the West


A Ninja Theory resolveu adaptar o clássico chinês Jornada para o Oeste para um futuro pós-apocalíptico em que as máquinas dominaram um mundo tomado pela natureza. Além de ser um jogo envolvente, Enslaved: Odyssey to the West teve em seu elenco o ator Andy Serkis como protagonista, que usou sua experiência em captura de movimentos para fazer do jogo o mais avançado nessa tecnologia em sua época.

3D Dot Game Heroes


Esse é o “Zelda” do PS3, mas com uma identidade tridimensional peculiar: e se cada pixel fosse um cubo? A brincadeira autorreferente leva a uma típica aventura de Link dos 8 e 16 bits, dando a chance de criar o próprio herói, pixel-cubo a pixel-cubo. As proporções de 3D Dot Game Heroes, porém, são maiores, tanto na espada quanto no mundo povoado por quatro vilarejos e várias dungeons.

Vanquish


Mais um momento PlatinumGames na lista, mais um jogo da sétima geração alimentado por ação irrefreada e estilo. Vanquish leva o jogador até uma cidade espacial e adiciona o fator velocidade ao tiro em terceira pessoa, fazendo o protagonista deslizar pelo chão e usar uma intensa câmera lenta para mirar nos inimigos rápidos.

Sempre lembrado como um título marcante entre seus contemporâneos pela gameplay estilizada, Vanquish recebeu um remaster para PS4 e Xbox One em combo com Bayonetta, mas, por motivos inexplicados, o Switch ficou de fora da conversão.

Brütal Legend


Após ter migrado dos point and click para o platformer 3D Psychonauts, Tim Schafer, astro do estúdio Double Fine, seguiu por um caminho menos esperado: um jogo de ação com estratégia em tempo real estrelado por Jack Black empunhando uma guitarra contra exércitos de demônios em meio a figuras interpretadas por Ozzy Osbourne e Lemmy Kilmister. Munido com a escrita espirituosa de Schafer, Brütal Legend, o jogo de aventura mais head banger de todos os tempos, merece retornar das cinzas.

A lista continua na próxima semana e entrará na oitava geração

Chegamos ao fim da primeira parte de nossa lista de jogos que ainda gostaríamos de ver portados para Switch. Sim, a sétima geração, mesmo sendo razoavelmente recente, teve muita coisa legal que ficou perdida no tempo. São tantas menções honrosas que, na próxima segunda-feira (4), veremos mais alguns games daquela era pegando carona com os da oitava geração, a do PS4 e Xbox One. Até lá!

Confira todas as partes da lista:

Revisão: Vitor Tibério

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Admiro videogame como uma mídia de vasto potencial criativo, artístico e humano. Jogo com os filhos pequenos e a esposa; também adoro metroidvanias, souls e jogos que me surpreendam e cativem, uma satisfação que costumo encontrar nos indies. Veja minhas análises no OpenCritic.
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