A franquia Pokémon é conhecida mundialmente em virtude de dois jogos, Red/Blue (ou Green no Japão) lançados para Game Boy, console portátil da Nintendo dos anos 1990. De lá para cá, diversas versões foram lançadas ao longo das nove gerações que temos até então. Possivelmente, algumas podem ter feito parte da sua infância.
Os anos vão passando, novos jogos e consoles são lançados, e você para de jogar Pokémon por um tempo. Quando se dá conta, passaram-se 10 ou 15 anos sem se aventurar no universo dos monstrinhos de bolso. Sua promessa de ano-novo é voltar a jogar Pokémon para recuperar o tempo perdido.
Contudo, se depara com um dilema: por qual versão começar? Estamos na nona geração e há 28 versões da linha principal da franquia para escolher. Calma, a gente te ajuda! A ideia é apresentar para você, leitor, uma lista de opções com base nos argumentos que iremos trazer a seguir. Ansioso pela lista? Boa leitura!
Critérios
Conforme dito no início, a seleção de jogos foi feita a partir de alguns pontos que identificamos como essenciais e que vão ao encontro da proposta, que é fornecer opções coesas para os jogadores, sejam eles novatos ou veteranos. Veja a seguir os tópicos considerados:- Nível de dificuldade: os jogos selecionados possuem a curva de dificuldade mais branda, ou seja, há um certo grau de desafio, porém, não é algo que afastará os treinadores mais novos;
- História: os jogos selecionados apresentam uma boa narrativa e que podem tanto ser lineares, obrigando o jogador a seguir um determinado padrão como mais permissíveis, sem a necessidade ir para o ponto B sem antes passar pelo ponto A;
- Variedade: os jogos selecionados contém uma Pokédex com boas opções de monstrinhos (o que inclui também as DLCs se aplicável) e com alta variedade de tipos para compor as equipes;
- As mecânicas únicas de geração (Mega Evolução, Z-Move e Dynamax) foram consideradas, pois são peça-chave na construção das histórias, e também por adicionarem dinamismo aos jogos.
Sword/Shield
Integrantes da oitava geração, as versões Sword/Shield foram lançadas para o Nintendo Switch em 2019 e marcaram um ponto importante na franquia: atingiram o terceiro lugar na lista de jogos de Pokémon mais vendidos. Com design atualizado e mecânica única, a aventura pela região de Galar torna-se cada vez mais interessante à medida que progredimos no jogo.
A Wild Area contribui muito para nossa experiência, pois garante ao jogador uma sessão de exploração nunca antes vista na franquia. Vale lembrar que as versões Scarlet/Violet ainda não existiam, então o conceito de mundo aberto na franquia era algo novo e fresco na cabeça dos jogadores.
Mesmo não havendo todos os monstrinhos no jogo, é possível montar uma boa equipe para superar os desafios, podendo inclusive revezar os monstrinhos no time a cada nova área disponível. Os ginásios seguem o padrão clássico com oito líderes, mas não há Elite Four, e sim, um torneio para decidir o melhor treinador da região de Galar.
As Raids são mais um ponto positivo do game, pois até então estavam exclusivas do jogo Pokémon GO, para dispositivos mobile. Com elas na jogada, as disputas locais ou online agregaram um valor único para a série. É muito gratificante poder vencer uma batalha difícil como essa e ainda ter a chance de capturar o Pokémon. Uma ótima pedida para quem gosta de colecionar monstrinhos.
Os pacotes de expansão, Isle of Armor e Crown Tundra, também foram os primeiros conteúdos adicionais com essa característica, fornecendo mais longevidade ao título e trazendo para a franquia Pokémon algo que antes tínhamos apenas no formato de terceira versão, porém, era o mesmo jogo com algumas mudanças. Com os DLCs, todo o conteúdo é novo.
Em virtude de todos os aspectos pontuados, as versões Sword/Shield são ótimas para quem está retornando à franquia depois de um longo período, e principalmente para aqueles que desejam começar uma nova e divertida jornada pela facilidade e diversidade disponível na região de Galar.
Sun/Moon
De todos os jogos dessa lista, as versões Sun/Moon seguem uma linha diferente. Isso porque na região de Alola não há ginásios. Citando a abertura da primeira temporada do anime que se passa nas quatro ilhas, é como se a franquia estivesse tirando férias, adotando uma linha mais suave e descontraída.
Os ginásios cederam a vaga para os trials, ou em uma tradução livre, provas. Após vencermos os desafios propostos, somos recompensados com um cristal chamado Z-Crystal, responsável pela ativação dos Z-Moves, potencializadores de movimentos únicos da região de Alola.
Seguindo a linha dos trials temos os Pokémon Totem, que funcionam como chefes que todo jogador de RPG conhece. A disposição dos tipos também é algo que chama atenção: começamos no tipo NORMAL, avançamos para o clássico pedra-papel-tesoura com WATER/FIRE/GRASS, e logo em seguida o tipo ELECTRIC. Reparou que os tipos se assemelham com os iniciais da primeira geração?
Um segundo quesito que joga a favor dessa região é a interação dos humanos com os Pokémon. Nos outros jogos da franquia, nós temos a presença dos HMs, movimentos que podem ser usados no mapa sem limite de vezes. Em Alola, isso foi substituído por montarias Pokémon.
Gostaria de navegar apreciando a paisagem ou rápido como um torpedo? Lapras e Sharpedo dão conta do recado. Seu perfil é rápido e explosivo? Então, bora de Tauros! Agora, se você é mais tranquilo e gosta de viver cada segundo ao seu máximo, Mudsdale é seu parceiro ideal.
A história de Alola também não é de se jogar fora: a carga cultural que essas versões carregam é muito alta, e confesso que passei a consumir e procurar mais conteúdos sobre o Havaí depois de jogar a versão Sun.
Emerald
A terceira versão das terceiras versões. Pokémon Emerald conta a história definitiva da região de Hoenn e possui uma das cenas mais épicas de todas da franquia: Rayquaza descendo das nuvens para acalmar o chilique de Groudon e Kyogre.
O palco da terceira geração é a região de Hoenn, muito aclamada pelos fãs por sua história exemplar e que deu início ao padrão que temos hoje com a equipe vilã se apoderando da mascote para atingir seu objetivo.
Team Magma e Aqua brigam por território constantemente, e cabe a nós impedir os planos maléficos de Maxie e Archie, respectivos líderes das organizações. Por ter jogado muito a versão Sapphire quando mais jovem, me identifico muito com Archie.
A Pokédex regional dessa versão contém pouco mais de 200 monstrinhos, algo que no passado era um número expressivo, considerando os 386 Pokémon totais na terceira geração. Isso, no entanto, ajuda os treinadores na hora de escolher seus companheiros de forma eficiente, pois menos opções resultam em adversários mais fáceis de se contornar.
O trio de iniciais dispensa comentários: Sceptile, Blaziken e Swampert estão entre os favoritos dos treinadores. Inclusive, Blaziken chegará em breve como personagem jogável em Pokémon Unite, promovendo ainda mais os monstrinhos da terceira geração.
Em suma, podemos dizer que a versão Emerald foi muito importante em sua geração e para a franquia como um todo. Nos remakes Omega Ruby/Alpha Sapphire para o 3DS, há inclusive um episódio no pós-jogo sobre Rayquaza, encerrando com maestria nossa passagem pela região de Hoenn.
Heart Gold/Soul Silver
A quarta geração de Pokémon marcou o início das batalhas online graças aos recursos do Nintendo DS. A ideia de não usar cabos para conectar aparelhos para batalharmos contra nossos amigos começou no Game Boy Advance e foi além na era das duas telas.
Porém, o ponto de impacto dessa geração foi o anúncio dos remakes das versões Gold/Silver, intitulados Heart Gold/Soul Silver. Esses dois jogos são muito conceituados entre os fãs e muitos apontam como os melhores já feitos, mesmo sendo releituras de jogos lançados no passado.
Por ser um remake, os jogadores que presenciaram as versões Gold/Silver aproveitam o cenário familiar para reviver as memórias da época em que eram mais jovens. Até hoje, enquanto jogo a versão prateada, lembro-me das tardes treinando meus Pokémon para vencer meus amigos.
A região de Johto é uma extensão natural da região de Kanto, e com isso, essas duas gerações conversam entre si a todo momento, praticamente integrando-se em uma só região. Basta irmos até a estação de trem e pronto, trocamos de mapa.
Agora, o que diferencia essas versões (tanto base como remake) é a quantidade de atividades que podemos realizar além das batalhas. Temos oito ginásios em Johto, oito ginásios em Kanto, eventos diários, semanais, reencontro com os líderes, colocar nosso Pokémon favorito para nos seguir, vestir o uniforme do Team Rocket… preciso continuar?
Ainda que seja uma versão lançada há mais de 10 anos, HGSS (abreviação para os íntimos) é magnífica para quem está voltando a jogar Pokémon. Para quem está começando, ter a possibilidade de vivenciar as duas primeiras gerações em ação dará uma boa noção do porquê Pokémon foi uma febre nos anos 2000.
FireRed/LeafGreen
O bom filho à casa torna. Nada como começar uma aventura no universo Pokémon pela região que deu o pontapé inicial na franquia. As versões FireRed/LeafGreen também foram lançadas para o Game Boy Advance e foram os primeiros remakes da série.
Como estamos em Kanto, os 151 monstrinhos de bolso mais famosos do planeta Terra estão à nossa disposição, contando com as mecânicas da terceira geração e mais próximas do que temos hoje.
O ponto-chave da primeira geração é o seu charme irreverente, já que as criaturas encontradas nessa região fizeram parte da infância de muitos jogadores, inclusive da minha. É muito difícil encontrar um treinador que não goste dos Pokémon da primeira geração. Até porque, eles estão presentes em todas as versões e não poderíamos imaginar um jogo sem que eles existissem, com exceção de Black/White.
Os líderes de ginásio são magníficos, o que permite ao jogador montar sua equipe com Pokémon como Arcanine, Exeggutor, Nidoking, Gyarados, Scyther, Muk, Alakazam, Lapras, Vileplume, Flareon, Zapdos… olha quantos Pokémon legais! Podemos dizer que a primeira geração é o símbolo da franquia, logo, ter acesso a esses monstrinhos é algo difícil de rivalizar.
A cereja do bolo fica para nosso rival, que também é o campeão da Elite Four. Isso só ocorre na região de Kanto, pois a partir de Johto, cada geração possui um campeão previamente selecionado, enquanto nosso rival nos estimula a melhorar cada vez mais. Essa dinâmica entre protagonista e rival é um dos pontos altos da primeira geração.
Todas essas características tornam essas versões as melhores para se começar ou regressar à franquia, pois mesmo sendo lançadas há 20 anos, FireRed/LeafGreen envelheceram muito bem, e arrisco dizer que até nesse quesito saem na frente das versões antigas.
Se você gosta ou quer gostar de Pokémon, dê uma chance à primeira geração. Você vai se surpreender com o quão bom é se aventurar pela região de Kanto pela primeira vez ou retornar a ela após tanto tempo longe.
Menção Honrosa - Yellow
Não tinha como deixarmos de lado essa versão. Lançada para o Game Boy Color, Yellow é completamente diferente das demais por seguir a história da série animada. Tem até o Pikachu seguindo o protagonista!
Tudo que temos no anime foi trazido para essa versão. Eu comecei a jogar Pokémon com esta versão e quando vi Jesse e James no jogo, fiquei maravilhado. Quando tentei evoluir Pikachu para Raichu, o mesmo rejeitou a Thunderstone. Recebi um Squirtle de presente da Officer Jenny em Vermilion e treinei até ter Blastoise, com seu sprite ofensivo e descolado.
Novamente, a primeira geração possui uma magia que é difícil de explicar. Seguindo meu próprio exemplo, por vezes me vejo buscando algum jogo de Pokémon para me divertir, e em 90% das vezes escolho a primeira ou a segunda geração. É incrível o poder que as primeiras gerações da franquia possuem.
O carisma, a trilha sonora, as memórias: tudo isso combina em uma explosão de emoções que só quem jogou vai entender. Não que as versões de hoje não tenham. A questão é que as características da franquia hoje, com suas mecânicas avançadas, mais de 1000 monstrinhos e toneladas de conteúdo, só existem porque Kanto deu início a tudo isso.
Evidentemente que, por ser uma versão de antes dos anos 2000, pode ser que alguns treinadores não se identifiquem com ela por ser, digamos, ultrapassada tecnicamente. A programação do jogo era completamente diferente, sem falar na dificuldade elevada para a época. Contudo, não deixe que isso te afaste desse incrível jogo.
No N-Blast Cast especial dos 25 anos da versão Yellow, o apresentador do programa, Maurício Katayama, comentou que este seria o jogo que ele recomendaria para novos jogadores, por conta dos aspectos trazidos aqui e de outros mais específicos. Curioso para saber o porquê? Então ouça nosso Podcast! Eu também participei do programa e compartilhei algumas histórias interessantes sobre o game.
Esperamos que com este repertório, você consiga decidir por qual delas irá começar e que também se lembre do tempo em que jogou pela primeira vez. O que achou das recomendações? Alguma versão ficou de fora? Para você, depois de ter lido tudo isso sobre as versões apresentadas, acredita que é possível começar ou voltar à franquia em uma dessas versões?