InuYasha: Secret of the Divine Jewel (DS): uma trama agradável em um RPG limitado

Relembre a jornada de Janis, uma colega de classe de Kagome que também vai parar no Japão feudal.

em 17/08/2023
Criada por Rumiko Takahashi, InuYasha é uma série de mangá que segue a jornada de Kagome Higurashi, uma colegial de 15 anos que é transportada para o Japão Feudal através de um poço em sua casa. Lá, ela descobre ser a reencarnação da sacerdotisa Kikyou e que seu corpo abriga a Joia de Quatro Almas, um artefato cobiçado por demônios. Nesse contexto, ela conhece InuYasha, um meio-yokai com cabelos prateados e orelhas de cachorro.

Além do mangá e da renomada adaptação em anime, a obra de Takahashi também gerou jogos para algumas plataformas. O título que relembraremos dessa vez é InuYasha: Secret of the Divine Jewel, lançado para o Nintendo DS em 2007 pela Bandai Namco.

Uma nova estudante chega ao Japão feudal

Conforme os eventos da série se desenrolam, a Joia é extraída do corpo de Kagome e se parte em fragmentos que se espalham por diversas regiões. Para impedir que esses pedaços caiam em mãos malignas, especialmente nas garras do principal antagonista, Naraku, a dupla embarca em uma jornada repleta de desafios para recuperá-los. Durante essa aventura, eles são acompanhados por aliados como Miroku, um monge mulherengo; Sango, uma hábil caçadora de demônios; e Shippo, um adorável yokai raposa.

Secret of the Divine Jewel se passa em meio a esse contexto e nos apresenta Janis, uma colega de classe de Kagome. Em um determinado dia, ela visita a casa dos Higurashi para descobrir o motivo das frequentes ausências de sua amiga na escola. Contudo, ela é atacada por um demônio e salva por um monge chamado Sen.

Este enigmático indivíduo revela à jovem que ela possui poderes espirituais e a encoraja a atravessar o poço para encontrar respostas. Aceitando a sugestão, a estudante chega ao Japão Feudal, onde se junta a Kagome e seus companheiros. Juntos, o grupo inicia uma jornada para descobrir o mistério por trás dos poderes de Janis.

A trama de Secret of the Divine Jewel é interessante e poderia facilmente se encaixar como um OVA de InuYasha, pois mantém as particularidades dos personagens e apresenta diálogos semelhantes aos que costumamos ver na série original. Além disso, outros indivíduos importantes também dão as caras durante a campanha, como Sesshoumaru, Rin, Jaken e Kohaku.

Fanservice em forma de combates por turnos

Em essência, o jogo é um RPG com combates em turnos e encontros aleatórios. Durante os confrontos, o jogador controla Janis e os demais personagens já mencionados. Enquanto a protagonista utiliza magias e uma lança (adquirida após algumas horas de jogo), os heróis originais empregam seus golpes característicos do mangá/anime, como o Buraco do Vento de Miroku ou o Osso Voador de Sango.

Enquanto os ataques normais não possuem restrição e causam dano moderado, os especiais são mais poderosos e consomem energia espiritual, recarregável através de um comando específico e ilimitado durante as lutas ou ao simplesmente caminhar pelo mapa.

Outro detalhe interessante é que o jogo apresenta noites de lua nova, durante as quais InuYasha assume sua forma humana e perde momentaneamente seus poderes de yokai. Além dos personagens, alguns locais também foram recriados com certa fidelidade visual à obra de Rumiko, especialmente as cidades. Embora não esteja entre os mais bonitos do Nintendo DS, particularmente acho os gráficos 2D deste jogo bem charmosos.

Todo esse cuidado é, sem dúvida, gratificante para aqueles que conhecem a série e funciona como um excelente fanservice. No entanto, Secret of the Divine Jewel sofre com a falta de variedade e a ausência de elementos que costumam estar presentes em RPGs.

A falta de variedade limita muito a obra

Assim como na série principal, os ataques dos heróis, principalmente os de InuYasha, são bastante poderosos e fazem com que muitas batalhas sejam fáceis. Infelizmente, aqui, nem mesmo Naraku e seus lacaios conseguem criar situações desafiadoras. Para exemplificar, a Onda Explosiva do yokai de orelhas fofas acerta todos os inimigos e, na maioria das vezes, os derrota instantaneamente.

Além disso, a progressão dos personagens se resume a ganhar níveis, sem praticamente nenhuma opção para adquirir novos ataques ou equipamentos. Esse aspecto faz com que não tenhamos formas significativas de personalizar os personagens, tornando as batalhas cansativas antes que consigamos alcançar o final do jogo, o que pode facilmente levar mais de dez horas.

Os menus presentes também são limitados, com abas apenas para habilidades e itens de recuperação. Apesar da existência de amuletos que concedem efeitos interessantes ao serem equipados, como a redução de encontros com inimigos, essas adições não alteram substancialmente a experiência.

Creio que essa simplicidade de sistemas pode ser um aspecto positivo para pessoas que gostam muito da série e que não possuem nenhuma afinidade com RPGs. No entanto, para aqueles com experiência no gênero, Secret of the Divine Jewel acaba sendo um jogo genérico que dificilmente seria notado se não carregasse consigo um nome tão renomado.

Uma interessante homenagem a InuYasha, mas também um jogo medíocre

InuYasha: Secret of the Divine Jewel oferece uma fidelidade admirável aos personagens e ao universo criado por Rumiko Takahashi, tornando-o uma escolha atraente para fãs de longa data. No entanto, a falta de elementos que definem um RPG completo limita a experiência, potencialmente afastando os entusiastas do gênero.

No Ocidente, a série conta com alguns outros títulos interessantes, como o RPG InuYasha: The Secret of the Cursed Mask e o jogo de luta InuYasha: Feudal Combat, ambos de PS2, além de InuYasha: A Feudal Fairy Tale, também de luta e lançado para o primeiro PlayStation. Apesar disso, não acredito que nenhuma dessas produções possa ser considerada como uma representação definitiva desse fantástico universo.

Com a Bandai Namco apresentando cada vez mais bons jogos baseados em anime, como o incrível Dragon Ball Z: Kakarot, resta torcer para que futuramente sejamos agraciados com uma nova obra que verdadeiramente honre o legado da jornada de Kagome e InuYasha.

Revisão: Cristiane Amarante
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