Análise: Norn9: Last Era (Switch): uma excelente continuação para a visual novel sci-fi

Como todo bom fandisk, Last Era expande a narrativa do jogo base de maneira espetacular, mesmo com algumas ressalvas.

em 22/08/2023

Norn9: Last Era é o segundo fandisk que tive o prazer de analisar para o Nintendo Blast. Funcionando como uma espécie de "expansão" dos acontecimentos de Norn9 Var Commons, temos aqui um jogo riquíssimo em conteúdo e que vale a pena ser explorado por quem curtiu a pegada sci-fi da visual novel original.

De volta à Norn — sob outros pontos de vista

Assim como Collar × Malice -Unlimited-, os acontecimentos de Last Era são melhor aproveitados após a conclusão de Var Commons, já que, devido às características do fandisk, spoilers tomam conta da espaçonave Norn assim como seus tripulantes. No entanto, dado o tamanho do rol de personagens, sua duração chega a ser a mesma do jogo base, algo em torno de 30 horas.

O primeiro contato que temos com os tripulantes da Norn está no Prelude, mas, diferentemente do que acontece em Var Commons, temos aqui uma breve introdução de como os rapazes chegaram à nave provida pela organização The World. Apesar de ser um começo meio arrastado que segue uma sequência pré-determinada (começamos com Masamune, passamos para Kakeru e assim por diante, até o último tripulante, Heishi, embarcar), é interessante ver como esses personagens se sentem em relação à situação em que estão e como é a ligação entre eles.

Como comentei na análise da visual novel base, as personalidades desses jovens seguem determinados padrões e estereótipos explorados nas mídias, mas, na minha opinião, esse prólogo ajuda a justificá-los, mesmo que brevemente. É claro que meu esper favorito continua sendo o idiotinha do Heishi, porque, por algum motivo aparente, esse é o tipo de personagem que mais me atrai em visual novels.

Completado o Prelude, temos acesso às outras categorias do jogo: Fugue, Concerto e Fantasia. Nessa primeira, podemos reviver a história de Var Commons sob a ótica dos rapazes, o que, além de ser uma boa oportunidade de revisitar a narrativa original, traz alguns pontos que ficaram em aberto na visual novel base.


Em Concerto, temos a resolução das nove rotas românticas, uma para cada interesse amoroso das protagonistas Koharu, Mikoto e Nanami. Mais uma vez, essas histórias são acompanhadas por (mais) um prólogo e apresentam três narrativas: Sunburst, para acompanhar uma história mais amena; Moonlight, que conta as superações pelas quais cada casal passou; e Epilogue, que traz o "felizes para sempre".

Por fim, Fantasia traz um cenário hipotético "e se", no qual todos os personagens são encolhidos e apresentados no caricato estilo chibi. Mais uma vez, temos um prólogo — foram quantos até agora? — e depois cada um dos trios da Norn têm que superar desafios específicos para voltarem ao normal.

Sinceramente falando, gostei mais dos cenários do Fantasia, porque são historinhas curtas e divertidas, mas, ao mesmo tempo, relevantes para a trama como um todo. Em suma, excelentes para dar uma pausa no longo período de leitura das outras categorias.

É texto pra caramba!

Se você voltar para o início do tópico anterior, verá que mencionei que Last Era tem aproximadamente 30 horas de duração, basicamente a mesma de Var Commons. Felizmente, o fandisk conta com as mesmas funções de qualidade de vida que o jogo base, como velocidade de texto, auto save/load, pular diálogos já lidos e mais, mas elas não eximem o fato de as rotas serem, de certa forma, mais lentas.

Claro, é sempre um ponto positivo ter um fator de rejogabilidade e complementos em assuntos previamente apresentados, mas, se colocarmos Var Commons e Last Era em uma balança, o fandisk pesa mais no quesito velocidade narrativa. Enquanto na visual novel tínhamos um bom ritmo na linha início-meio-fim, senti que na sequência temos alguns momentos de enrolação que só servem para "encher linguiça".

É só contar a quantidade de prólogos que temos em cada uma das categorias de jogo e multiplicá-las por nove (ou uma só — ufa! — no caso de Fantasia). Dando meu pitaco mais uma vez, não acho necessário introduzir o mesmo assunto de novo e de novo, já que, mesmo com a possibilidade de revisitar os acontecimentos de Var Commons, o fandisk só faz sentido mesmo se tivermos jogado a visual novel antes.


Sim, os jogadores têm a opção de escolher apenas suas rotas favoritas, porém, com tantas personalidades distintas, quem resiste à curiosidade de conferir como é a química de cada garota com seus pretendentes? Spoiler gratuito que ninguém pediu, mas que justifica meu ponto: alguns casais até constituem família, não há de quê.

Por fim, quem é Sorata na fila do pão, mesmo? O coitado do (suposto) protagonista de Norn9 fica de escanteio de novo, encontrando seu lugar ao sol apenas em Fantasia, uma história paralela e hipotética.

Pelo menos, assim como Var Commons, há um minijogo em Last Era que rende pontinhos que podem ser usados para comprar músicas e CGs na lojinha do jogo, caso precisemos dar um tempo na leitura.

A qualidade audiovisual se mantém

Todos os elogios que fiz à apresentação audiovisual em Var Commons se aplicam a Last Era, das artes de Teita à excelente trilha sonora. A dublagem também continua um dos pontos altos no fandisk, com o elenco original do primeiro jogo mantido.

Infelizmente, algumas CGs foram reaproveitadas de Var Commons, então, em termos visuais, algumas cenas são repetidas. Pessoalmente, não é algo que me incomode muito, mas fica aqui o alerta para quem esperava uma porcentagem maior de ilustrações inéditas.

Para completar, Last Era conta com suporte parcial à tela de toque do Switch, facilitando bastante a navegação pelos textos e menus em alguns momentos.

Mais uma continuação que vale a pena

Com todos os pontos positivos de Var Commons mantidos, Norn9: Last Era é um pacote riquíssimo em conteúdo, trazendo várias explicações e pontos de vista que ficaram em aberto no jogo base. Infelizmente, algumas CGs foram reaproveitadas no fandisk e certas partes da narrativa são mais arrastadas do que deveriam, mas, para apreciadores de visual novels, a segunda viagem a bordo da Norn vale — e muito — a pena.

Prós

  • Grande fator de rejogabilidade, com direito a um minijogo que rende pontos que podem ser trocados por CGs e músicas para a galeria;
  • Presença de detalhes narrativos que complementam acontecimentos de Var Commons;
  • Ferramentas textuais que agregam qualidade de vida, como velocidade dos diálogos, auto save/load, possibilidade de pular textos lidos, entre outras; 
  • Compatível com a tela de toque do Switch;
  • Apresentação audiovisual impecável, com direito ao elenco original da dublagem japonesa;
  • Quatro categorias narrativas distintas, incluindo um cenário hipotético com personagens em estilo chibi.

Contras

  • Sorata, o suposto protagonista, só aparece de forma mais marcante em um dos modos de jogo;
  • Algumas CGs são reaproveitadas de Var Commons;
  • Narrativa excessivamente arrastada em alguns pontos;
  • Excesso de prólogos nos modos de jogo.
Norn9: Last Era — Switch — Nota: 9.0
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aksys Games

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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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