Aceite a sua missão, escolhido!
Adore nos leva ao fantástico mundo de Gaterdrik, onde humanos e criaturas fantásticas coexistem em relativa harmonia.
É dito que, no início de tudo, Draknar, o deus supremo das criaturas, usou sua essência divina para criar Gaterdrik. Porém, Ixer, o semideus do Fim, lançou uma maldição sobre este mundo.
Com isso, Ixer conseguiu enfrentar diretamente Draknar, derrotando o deus das criaturas, controlando todo o ciclo da criação e lançando uma maldição sobre a terra.
Nem tudo está perdido, porém: na pele do jovem Lukha, você descobre que, misteriosamente, a chama de Draknar sobrevive dentro de seu corpo. Assim, começa a sua jornada para entender esse fato, reviver o grande deus e salvar o mundo de Gaterdrik da opressão de Ixer.
Como ser um verdadeiro adorador
Na prática, Adore pode ser descrito como uma mescla de Diablo e Pokémon por conta da visão isométrica fixa, combate em tempo real e captura de criaturas que lutam por você. A campanha do título se dá na forma de missões principais e secundárias em biomas que são progressivamente desbloqueados conforme se avança na história.
Como um jovem adorador — assim são chamados os "treinadores de monstros” em Adore —, você aprenderá, ao longo da sua jornada, a domar e utilizar as fantásticas criaturas que habitam Gaterdrik. Para capturá-las, porém, é necessário possuir itens especiais, chamados de partículas, que podem ser encontrados durante missões.
Assim como no combate, a captura ocorre em tempo real, de forma que é necessário se posicionar próximo a um monstrinho e preencher uma barra de captura com o botão L para ser bem-sucedido na tarefa.
Criaturas mais raras ou mais poderosas serão, logicamente, mais difíceis de capturar. Uma saída eficaz, neste caso, é diminuir a vida delas antes da captura, o que nos leva ao combate em si — o grande ponto alto do jogo, na minha opinião.
Ser o melhor que já existiu
Ao todo, Lukha pode carregar quatro monstrinhos consigo. Dessa forma, cada um ficará associado a um botão do console, o que significa que eles podem ser convocados instantânea e simultaneamente no campo de batalha, a depender somente do vigor do adorador, recurso que pode ser aprimorado conforme se progride no jogo.
Cada criatura possui sua própria vida e habilidades. O interessante aqui é que, uma vez que suas barras de vidas sejam zeradas, elas podem continuar batalhando, mas todo dano recebido será sofrido pelo protagonista.
Manusear a barra de vida dos monstros e do domador ao mesmo tempo é, então, o grande segredo para prosperar em Adore. Na prática, isso quer dizer que mesmo os encontros simples são empolgantes, porque é preciso saber a hora de convocar e recuar suas criaturas, enquanto se esquiva e se preserva de ataques diretos.
Adicione a isso um sistema de tipos e a necessidade de criar sinergia entre os integrantes de seu time por meio de itens especiais e você logo se verá perdendo horas — no bom sentido — aprimorando suas técnicas para enfrentar os maiores desafios do jogo, como os chefes.
Algo bem interessante é que Adore não é exatamente um jogo fácil. Portanto, se a ausência de dificuldade em jogos do gênero te desmotiva, saiba que aqui será preciso realmente se esforçar para avançar. Considerando que o combate é divertido, esse é um ponto muito positivo na minha opinião.
Potencial não aproveitado
Dito tudo isso, é uma pena que Adore peque em alguns outros pontos cruciais, que acabam impedindo uma recomendação mais ampla.
Primeiramente, as zonas onde as missões e combates ocorrem são pequenas e com poucas variações visuais entre si, fazendo com que logo chegue aquela incômoda sensação de repetição, capaz de impedir uma imersão mais profunda.
A impressão de “já vi isso antes” também se estende às missões. Resumindo, na maior parte do tempo, você estará fazendo as mesmas três tarefas (eliminar criaturas, colher itens ou enfrentar outros monstros/adoradores) em cenários não tão diferentes assim.
Até mesmo a trilha sonora — que possui uma interessante abordagem acústica, diga-se de passagem — começa a saturar quando os mesmos temas se repetem à exaustão.
Além disso, o título infelizmente sofre com alguns problemas de performance e apresentação no Switch. O excesso de desfoque de movimento (motion blur) incomoda e acaba mais prejudicando que ajudando em cenas intensas, em que também é possível observar quedas, ainda que pequenas, nas taxas de quadros.
Se você for jogar no modo portátil, também é melhor se preparar para cansar os olhos e ter dor de cabeça tentando ler os textos pequenos e mal dimensionados para o console. Pelo menos, há suporte ao português brasileiro.
Temos que adorar todos?
No fim das contas, Adore apresenta boas ideias, especialmente no tocante ao seu divertido sistema de combate, mas também a leve sensação de potencial desperdiçado para um jogo que passou tanto tempo em acesso antecipado.
Ainda assim, se a promessa de colecionar criaturas e formar o melhor time possível para combates ágeis em tempo real lhe agrada, há muito o que aproveitar aqui. Fica a torcida, então, para que, em uma eventual (e mais ambiciosa) sequência, ser um adorador seja menos repetitivo e ainda mais empolgante. Draknar certamente se agradaria.
Prós
- Universo e personagens carismáticos;
- Sistema de combate ágil e divertido;
- Mais de 30 criaturas para colecionar e utilizar;
- Suporte a português brasileiro.
Contras
- Torna-se repetitivo com facilidade;
- Áreas pequenas e com pouca variação visual entre si;
- Problemas de performance e otimização para o Switch, com quedas na taxa de quadros e textos pequenos no modo portátil;
- Ausência de opções multiplayer.
Adore — PC/PS5/PS4/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela QUByte Interactive
Análise produzida com cópia digital cedida pela QUByte Interactive