Em 11 de julho de 2023, Disney’s Goof Troop, lançado para Super Nintendo em 1993, completou 30 anos de idade. Nem parece que faz tanto tempo, mas o desenho da Turma do Pateta, como conhecemos no Brasil, foi lançado nos EUA no mesmo ano — e se você viveu a sua juventude nos anos 90 e início dos anos 2000, certamente assistiu-o em algum momento nos programas infantis do SBT ou ainda assiste até hoje nos serviços de streaming.
Sendo assim, em comemoração ao seu 30º aniversário, resolvi revisitar o game, fruto de muitas frustrações em minha infância, e trago neste especial a minha experiência atualizada com o título.
Mente brilhante, jogo brilhante
O desenho Goof Troop conta as histórias divertidas envolvendo Pateta, seu filho Max e o vizinho Bafo com seu filho PJ, dentre outros personagens. O sucesso do desenho logo atraiu a atenção da Capcom: a divisão ocidental da companhia seria a responsável pela distribuição do jogo, enquanto o desenvolvimento ficaria por conta da divisão oriental.
O design ficou sob responsabilidade de Satoshi Murata e de ninguém menos que Shinji Mikami, a mente brilhante por trás da franquia de Resident Evil. Mikami em breve também seria responsável pelos traços de outro sucesso da Disney lançado para Super Nintendo: Disney's Aladdin.
No jogo, os protagonistas estão pescando em um belo dia de sol, quando Bafo e PJ são encontrados por um navio pirata. Os capangas confundem o pai com o capitão Keelhaul Pete e levam os dois para o seu esconderijo em uma ilha.
Pateta e Max perseguem o navio e adentram uma ilha em busca de salvar os vizinhos. A história é apenas isso, simples assim, mas suficiente para criar um pano de fundo que justifique a gameplay em florestas, cavernas escuras e masmorras cheias de perigos.
Jogabilidade diferenciada que envelheceu muito bem
Goof Troop é um jogo de aventura, com foco em quebra-cabeças, algo um pouco diferente dos gêneros principais de jogos de videogame noventistas; se Pateta e Max pudessem sobrepujar seus inimigos com alguma espada ou algo do tipo, seria mais do mesmo. As armas principais dos protagonistas são barris e alguns outros objetos espalhados pelo cenário, que podem ser arremessados em direção a seus inimigos tanto vertical quanto horizontalmente.
Ao remover esses objetos do chão, é possível encontrar itens como frutas e diamantes. Cada um deles possui um benefício:
- Cerejas concedem um coração adicional;
- Bananas concedem dois corações adicionais;
- Diamante vermelho adiciona uma vida extra;
- Diamante azul acrescenta um crédito extra;
Ao coletar sete corações, o personagem ganha uma vida. No entanto, se estiver com seis corações e for atingido por qualquer inimigo ou projétil, perderá todos eles. Eu considero essa mecânica um pouco punitiva, no entanto, é compreensível em uma época em que jogos eram artificialmente difíceis para render alguns trocados nas locadoras e fliperamas.
Durante a gameplay, o jogador conta também com alguns itens que facilitam a sua jornada, como uma pistola com arpão que pode puxar barris ou servir de ponte, um sino que atrai a atenção dos inimigos, uma vela que aumenta o raio de iluminação em locais escuros, chaves para abrir portões, etc.
O jogo alterna momentos de combates com quebra-cabeças com uma dificuldade acima da média em alguns casos. Boa parte deles consiste em chutar blocos para alguma direção, de modo a liberar uma passagem ou abrir um portão estratégico.
Os quebra-cabeças vão ficando mais difíceis à medida que se avança pelo jogo, a tal ponto de dar trabalho até mesmo para os veteranos em games. Eu confesso que não faço ideia de como tinha capacidade de resolvê-los em minha juventude, mas é fato que só consegui finalizar o jogo alguns anos depois de seu lançamento.
Em Goof Troop, você pode jogar com Pateta ou Max. O filho anda mais rápido, é mais ágil, mas é preciso um arremesso adicional de objeto em alguns inimigos, pois ele, por ser um jovenzinho, é mais fraco que o seu pai. O jogo permite cooperativo local, o que torna a experiência de gameplay muito mais agradável. Eu senti algo similar em It Takes Two (Multi), e, dadas as devidas proporções, os dois jogos são incríveis para curtir junto com o seu Player 2.
Bebeu de Zelda, mas com elegância
Em alguns momentos, percebemos que Goof Troop se inspirou em The Legend of Zelda: A Link to the Past (SNES), porém o jogo estrelado por Pateta e Max não deixou de apresentar originalidade em sua concepção: a forma como as salas dos estágios estão organizadas, as paredes em perspectiva, os buracos na tela e os puzzles de chutar blocos, por exemplo, nos trazem lembranças de um dos mais icônicos episódios de Link nos videogames, mas não passa disso.
Não demora para as lembranças irem embora quando precisamos fugir de um inimigo em uma sala ou procurar por um pedaço de madeira para consertar uma ponte, algo que o herói de Hyrule não precisava fazer em A Link to the Past.
Curto e divertido
A curva de reaprendizado, no meu caso, foi rápida: consegui terminar o jogo apenas em algumas horas, com somente um game over. No início, se você nunca tiver jogado, talvez sofra um pouco para entender as mecânicas.
Uma vez superadas, o jogo torna-se trivial, já que não possui seleção de dificuldade, mas talvez um desafio que possa lhe dar alguma sobrevida é tentar desbravar o mundo dos speedrunners. Atualmente, pelo que pesquisei, o recorde é de um jogador chamado Le Hulk, que terminou o game em impressionantes 21:02 minutos.
Apesar de ser um jogo relativamente curto, com apenas cinco fases, Disney’s Goof Troop possui uma gameplay divertida e relaxante, uma pixel-art digna dos jogos atuais e envelheceu muito bem, não deixando nada a desejar se comparado com jogos semelhantes atuais. Considero-o uma excelente porta de entrada para os videogames, por exemplo, para crianças com cinco ou seis anos de idade, mas com um apoio de adultos em locais que possuam quebra-cabeças. A propósito, aqui você encontra excelentes indicações de jogos para curtir com a garotada, principalmente nessa época de férias escolares.
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli