No comando de uma tropa de plantinhas esforçadas
O conceito da série Pikmin é como comandar várias formiguinhas para poder explorar ambientes, coletar tesouros e enfrentar criaturas maiores e muito perigosas. Cabe ao jogador alternar entre Olimar e o novato Louie e explorar vários mapas com o auxílio dos pequenos Pikmin que são capazes de pegar objetos, enfrentar criaturas, destruir barreiras e fazer outras interações com os objetos dos cenários.São no máximo 100 dessas criaturinhas e cabe ao jogador entender o que cada tipo consegue fazer para lidar com várias situações. Por exemplo, em alguns mapas, pode ser necessário passar por obstáculos com veneno, um efeito contra o qual os Pikmin brancos são imunes ou pode ser necessário um peso muito superior a 100, algo que só é possível tendo vários Pikmin roxos.
Algo que chama bastante atenção no jogo é a variedade das funcionalidades das criaturas e a forma como isso leva a situações curiosas de desafio. Além dos exemplos mencionados acima, há inimigos com poderes de fogo ou eletricidade, alguns que se escondem debaixo da terra, entre outros. Se o jogador não dominar as habilidades individuais, que incluem vantagens contra fogo, água e eletricidade, dificilmente vai conseguir avançar de forma adequada. Felizmente, os tutoriais são simples e apresentados nos momentos oportunos, o que me permitiu rapidamente me sentir à vontade com a proposta.
Como um jogador novato na franquia, fiquei bem surpreso com a forma como comandar as tropas acaba sendo natural e simples. Para um jogo no qual é necessário controlar múltiplas tropas, escolher entre categorias diferentes e enfrentar constantes obstáculos em tempo real, o controle de Pikmin 2 é tão bem pensado que às vezes os resultados dos meus movimentos eram até mais corretos do que eu imaginava.
A sensação geral é a de que o jogo foi feito de uma forma muito inteligente para avaliar detalhes como “se o jogador arremessou o Pikmin naquele ponto, ele quer pegar o objeto mais próximo de lá” e isso resulta em uma experiência tão orgânica que às vezes parece mágica. O único porém é a movimentação das criaturas que segue um padrão estúpido que faz com que seja fácil que algumas fiquem agarradas em paredes e sejam deixadas para trás, especialmente as roxas, que são mais lerdas para compensar o seu peso e força muito maiores que os outros aliados.
Explorando os sombrios subsolos
Em comparação com Pikmin e Pikmin 3, o segundo jogo da franquia não dá ao jogador um limite de dias para explorar o mundo. Com isso, somos livres para vasculhar as áreas no nosso próprio ritmo, embora ainda haja um limite de tempo de cerca de treze minutos para cada dia.
Um detalhe interessante de Pikmin 2 é que, além da superfície, o jogador também pode mergulhar em dungeons subterrâneas em busca de tesouros. Essas áreas podem oferecer um tom forte de perigo e desafios que reforçam o aprendizado na superfície, assim como é nelas que encontramos flores subterrâneas capazes de transformar seus aliados nas versões roxa e branca, que foram adições bem significativas do jogo. Em contraponto ao clima sombrio, o próprio jogo brinca com um alívio cômico ao colocar os pequenos Pikmin cantando a música atmosférica que toca ao fundo em voz alta.
Também é importante destacar que o subterrâneo funciona de formas bem diferentes que a superfície em algumas questões. Primeiramente, o relógio que calcula o limite de tempo para totalmente enquanto estamos nessa área, permitindo ao jogador ter bastante cautela nesses ambientes claustrofóbicos. Ao sair desses locais, voltamos ao início do mapa e podemos continuar explorando pelo mesmo tempo que tínhamos antes.
Outro detalhe é que não temos acesso aos Onions (as bases de onde novos Pikmin nascem), o que faz com que nossa capacidade de expandir a tropa seja duramente restringida a algumas situações raras. É fundamental ter um bom controle da equipe para evitar um fracasso colossal na exploração e o jogo é salvo toda vez que descemos um andar. Com isso, a sensação de perigo aumenta consideravelmente e o jogo consegue oferecer a tensão necessária para justificar que o jogador redobre a atenção.
Um port simples
Apesar de todos os pontos positivos que mencionei e da experiência de forma geral ser muito boa, é importante destacar que a versão de Switch se trata de um port básico e sem novidades. Houve a remoção do uso de tesouros com marcas reais como pilhas Duracell e tampas de iogurte Danone e outros ajustes de pequena importância.
Em termos gráficos, o jogo é visivelmente datado. Isso é especialmente fácil de perceber pela interface que parece apenas ter sido esticada e usa um esquema de transparência que era bastante comum na época para interfaces como as de gerenciamento de Memory Cards. As texturas de ambientes também acabam tendo defeitos bem perceptíveis que reforçam a sensação de que o jogo é velho e poderia ter tido um tratamento melhor.
Retornando às raízes de Pikmin
Pikmin 2 está de volta, agora no Switch, em uma edição simples, mas honesta. O port não traz novidades significativas, mas é uma forma fácil de aproveitar um jogo clássico em um console atual. Especialmente para quem já era muito fã da série ou nunca jogou, essa é uma bela oportunidade para desbravar esse mundo de pequenas criaturas.Prós
- Comandar grandes tropas em tempo real é surpreendentemente natural;
- Boa variedade de tipos de Pikmin, cujas características são apresentadas de forma simples, mas efetiva;
- Ambientes variados e ricos em tesouros e desafios que demandam entender bem o funcionamento dos seus aliados;
- A capacidade de explorar as áreas no seu próprio ritmo sem um limite de tempo faz com que o jogo seja uma entrada bem tranquila para novatos.
Contras
- Trata-se de um port bem simples e o estilo de interface e texturas dos ambientes em particular não envelheceu muito bem;
- A tendência dos Pikmin de ficar presos em cantos e acabar se separando do grupo é bem inconveniente.
Pikmin 2 — Switch/GC/Wii — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo