Análise: Pikmin 1 (Switch) traz ao console o irmão mais velho da franquia

A primeira aventura das criaturas coloridas vence as barreiras impostas pelo tempo e permanece agradável na atualidade.

em 06/07/2023
Durante a transmissão do último Nintendo Direct, fomos surpreendidos com o anúncio e lançamento de novas versões dos dois primeiros jogos da série Pikmin para o Switch. Embora se trate de um título lançado há mais de vinte anos para GameCube, Pikmin 1, objeto desta análise, continua entregando uma jogabilidade sólida e de altíssima qualidade.

Caindo em um planeta desconhecido

Antes de qualquer coisa, preciso ser sincero e admitir que este foi o meu primeiro contato com a franquia; no entanto, posso dizer com alegria que a experiência foi incrivelmente agradável e me deixou bastante entusiasmado para conhecer as suas continuações.

Para aqueles que não conhecem, Pikmin 1 é um jogo de estratégia em tempo real com grande foco em resolução de puzzles. Nesta aventura, controlamos Olimar, um viajante espacial que, durante uma expedição, tem a sua nave atingida por um meteorito e cai em um planeta estranho.

Para ir embora desse mundo, ele precisa recuperar 30 peças do seu veículo que se espalharam em algumas regiões, mas existe um grave problema: os seus recursos de sobrevivência só subsistirão por mais 30 dias. Para piorar, esse local está infestado de seres hostis, prontos para impedir que o nosso herói atinja o seu objetivo.

Diante dessa situação desesperadora, Olimar encontra um — ou melhor, muitos aliados: os carismáticos Pikmin (batizados dessa forma por lembrarem vegetais Pikpik, oriundos de seu planeta natal). Essas criaturas são uma mistura de planta e animal e reagem ao apito do astronauta, obedecendo fielmente às suas instruções.

Um exército de criaturinhas coloridas

Nesta primeira jornada, os bichinhos se apresentam em três tipos diferentes: os vermelhos, que são mais fortes e resistentes ao fogo; os amarelos, que podem ser lançados em maiores alturas e conseguem segurar e arremessar bombas; e os azuis, capazes de nadar tranquilamente sem se afogar.

A sobrevivência de Olimar depende diretamente desses amiguinhos, pois são eles que enfrentam os inimigos, trazem as peças de volta para o foguete e desbloqueiam caminhos inicialmente inacessíveis. Como são pequenos e frágeis, é fundamental que eles trabalhem em conjunto para vencer as adversidades.

Cada tipo de Pikmin possui uma espécie de nave que também funciona como incubadora, criando mais e mais criaturas conforme a preenchemos com inimigos derrubados ou objetos específicos espalhados pelo cenário e presentes em flores. Dessa forma, conseguimos comandar um verdadeiro exército desses bichinhos coloridos, controlando até 100 deles ao mesmo tempo.

Em um primeiro momento, cheguei a ficar assustado, pois movimentar o protagonista e dirigir dezenas de aliados pareciam ser muitas tarefas para se executar simultaneamente. No entanto, bastaram alguns minutos para eu conseguir me acostumar completamente aos sistemas. Somado a isso, o jogo apresenta alguns tutoriais escritos de maneira bem clara e direta.

Para liderar o grupo, conseguimos apontar uma direção com o analógico direito ou então arremessar as criaturas nos elementos que queremos transportar ou atacar. Não sei exatamente como era o mapeamento dos controles no GameCube e na versão de Wii, mas posso garantir que no Switch ficou tudo muito prático, pois temos o auxílio de uma mira para conseguirmos lançar os bichos exatamente aonde queremos. 

Além disso, desfrutamos de um domínio absoluto da câmera, com direito a zoom in e zoom out. Por esses fatores, não somente somos capazes de ter um manuseio perfeito de todo o nosso exército, como também gozamos de uma visibilidade que nos permite identificar os pontos de interesse e possíveis ameaças, estejam esses elementos próximos ou distantes.

Minha única ressalva fica com a forma em que selecionamos os parceiros: para usar um tipo específico de Pikmin, é necessário segurar o botão de arremesso (A) e apertar o R até que chegue na coloração pretendida. Creio que usar apenas um botão para isso seria bem mais simples e, em razão desse movimento, foram muitos os momentos em que eu, querendo escolher uma determinada cor, acabei lançando um aliado para longe.

Para escapar, é necessário se planejar!

Como dito anteriormente, temos um prazo de 30 dias para coletar todos os objetos e escapar deste planeta. Particularmente, achei esse aspecto muito interessante por fazer com que os nossos movimentos devam ser planejados para que cada minuto seja aproveitado. Apesar disso, entendo que esse limite pode ser um empecilho para algumas pessoas, principalmente aquelas que não tiveram muito contato com jogos do gênero.

Descobrir a localização das peças da nave é uma tarefa fácil, pois são todas visíveis em nosso mapa; no entanto, recuperá-las e transportá-las até o foguete não é nada simples, havendo muitos obstáculos e inimigos em nosso caminho. Assim, são várias as barreiras que o jogador deve superar para atingir o seu objetivo, como paredes a serem quebradas e pontes para construir. 

Nesse sentido, a liberdade que temos de comandar grupos de Pikmin é uma característica muito positiva e nos permite realizar diversas tarefas ao mesmo tempo. Não foram poucas as situações em que deixei um bando de criaturas carregando uma peça e um segundo time quebrando alguma parede, tudo isso enquanto eu passeava pelo cenário a fim de descobrir o que fazer para recuperar as próximas partes.

Conhecer a fundo a geografia do mundo em que estamos e pensar em maneiras de como usar os vegetais andantes para vencer as adversidades é uma parte mágica desse jogo. Ademais, quando finalmente entendemos o que fazer e notamos que todos os elementos no cenário possuem um propósito claro e útil ao jogador, a satisfação que acompanha a descoberta é indescritível. 

Outro aspecto bastante interessante é que, a cada novo dia, Olimar aprende mais sobre os seus parceiros e anota as informações em um diário acessível ao jogador no menu de fases. Também vale mencionar que, além da campanha principal, Pikmin 1 dispõe de um modo de desafio, no qual devemos criar o maior número de criaturinhas até o final do dia.

O título original é incrível, mas e essa nova versão?

Falar sobre a prática de ports, remakes e remasters é uma tarefa um pouco complicada, sendo um assunto que costuma dividir muito as opiniões. Para quem quer se aprofundar um pouco mais nessa questão e conhecer melhor as principais diferenças entre esses três métodos de relançamentos, recomendo a leitura do ótimo texto redigido pelo colega Ivanir.

Nessa perspectiva, ainda que esteja em HD, as limitações visuais de sua época são claramente vistas em Pikmin 1. Não entenda errado, isso não quer dizer que é um jogo feio; pelo contrário: acredito que estamos falando de uma obra que resistiu incrivelmente bem ao tempo, sendo charmosa ainda hoje em dia.

No entanto, penso que essa qualidade visual se deve muito mais à beleza original das versões de GameCube e Wii do que propriamente um mérito desta nova edição de Switch. Assim, este relançamento faz apenas o simples em termos de adaptação, concentrando seus esforços "somente" em deixar a imagem mais nítida para a resolução do híbrido da Nintendo. Talvez seja exatamente esse o motivo de ela não carregar o “Remaster” em seu título e possuir um valor inferior ao cobrado em Metroid Prime Remastered

Apesar disso, posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que Pikmin 1 está entre os jogos que mais gostei este ano, me proporcionando horas de diversão. O que realmente lamento é o fato de estarmos diante de mais uma oportunidade perdida pela Nintendo de nos trazer uma produção importante e exclusiva legendada em português. Felizmente, Pikmin 4 não sofrerá desse mal. 

Com uma resolução aumentada, provavelmente esta nova edição de Switch é a mais recomendada para quem quer conhecer a série desde o seu princípio e, possivelmente, também é capaz de agradar aos veteranos que estavam com saudades. No entanto, é igualmente verdade que ela pode desagradar às pessoas mais exigentes que costumam esperar algo a mais em relançamentos.

Uma obra atemporal

Pikmin 1 não apenas me entregou uma experiência extremamente agradável e divertida, mas também me fez querer aproveitar todas as suas sequências. Com visuais que se mantiveram bastante charmosos e, principalmente, com uma jogabilidade sólida, funcional e indescritivelmente divertida, trata-se de um jogo que justifica a sua chegada ao Switch e que merece ser conferido por qualquer amante de videogame.

Prós: 

  • A jogabilidade continua extremamente sólida e divertida, se sustentando plenamente nos dias atuais;
  • Apesar de visivelmente antigos, os gráficos permanecem charmosos;
  • A data limite de 30 dias cria uma necessidade de planejamento, podendo agradar às pessoas que gostam de elaborar estratégias e superar desafios;
  • A possibilidade de se comandar dezenas de Pikmin e dividi-los em grupos é surpreendentemente funcional e permite que o jogador execute diversas tarefas ao mesmo tempo;
  • O título possui um tutorial que é efetivo em explicar as principais mecânicas e um interessante diário preenchido com informações relevantes sobre os Pikmin;
  • Os comandos ficaram bem distribuídos, práticos e agradáveis nos controles do Nintendo Switch.

Contras:

  • A data limite de 30 dias pode assustar os jogadores que preferem uma experiência mais relaxada;
  • A despeito de ser um excelente jogo, trata-se de um relançamento sem grandes novidades, podendo afastar algumas pessoas mais exigentes;
  • A função de selecionar o Pikmin poderia ser executada de uma maneira mais simples, com o uso de apenas um botão, por exemplo;
  • Ausência de legendas em português.
Pikmin 1 — Switch — Nota: 8.5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
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