Análise: Might & Magic: Clash of Heroes Definitive Edition (Switch) possui um excelente equilíbrio entre os elementos de RPG e puzzle

Mesmo com as novidades sendo quase nulas com relação à versão original, o jogo entrega o que promete e proporciona horas de diversão competitiva.

em 24/07/2023

O conceito de jogos no estilo de combinar três peças (match-3) já não é novidade para ninguém, mas Might & Magic: Clash of Heroes Definitive Edition consegue trabalhar muito bem com um formato aparentemente limitado, transformando-o em uma experiência competitiva cativante que mescla elementos tanto de puzzle quanto de RPG, o que aumenta as possibilidades de cada partida. Lançado originalmente para o Nintendo DS em 2009, a edição definitiva retorna a um console da Nintendo com uma jogabilidade que, infelizmente, não acrescenta quase nada ao título original, mas é capaz de entreter por muitas horas.

Campanha simples, mas desafiadora — às vezes até demais

Como um jogo focado em gameplay, é natural que a história seja praticamente irrelevante, e Might & Magic não é exceção nesse quesito. Um por vez, controlamos ao todo cinco heróis, cada um pertencendo a uma das facções disponíveis, a fim de enfrentar seus próprios demônios e revelar, pouco a pouco, diversas facetas de uma única luta pela paz no reino de Ashan. 

Para alcançar esse objetivo, precisamos movimentar nosso personagem por uma espécie de “tabuleiro”, interagindo com inimigos e itens em casas específicas para avançar na trama. Em algumas áreas, é possível que apareçam algumas batalhas aleatórias que ajudam a juntar ouro, recursos e alguns pontos de experiência para melhorar as habilidades de nosso herói e a força das unidades por ele controladas. 




As batalhas são, aparentemente, tão simples quanto a história: para realizar uma ação, devemos unir três peças de mesma cor. Porém, para realizar essa façanha, podemos movimentar manualmente a última unidade de uma coluna para outra ou selecionar uma unidade em qualquer posição do campo de batalha e removê-la do jogo, pressionando o botão B. É possível, assim, realizar ações tanto ofensivas quanto defensivas, criando formações de ataque com três unidades dispostas na vertical ou barreiras com três unidades na horizontal. 

Usando esses conhecimentos, é preciso pensar não apenas no que fazer no turno atual, mas tentar prever quanto dano será realizado pelo inimigo nos turnos seguintes e criar uma estratégia para defender o maior número de pontos de vida possível. Como último recurso, cada herói que controlamos também conta com uma habilidade única, que pode ser ou ofensiva ou defensiva a depender do personagem, então é interessante tentar traçar planos tendo essa técnica em mente para evitar uma derrota iminente ou garantir uma vitória com um único golpe poderoso sem gastar movimentos.




Além das três unidades básicas disponíveis, temos unidades de elite e campeões, que são peças que ocupam mais de um espaço em campo e, consequentemente, são mais difíceis de preparar para um ataque. No entanto, o jogador que conseguir utilizar seus poderes será recompensado com ataques e habilidades úteis e avassaladores.

Durante o modo campanha, iniciamos cada capítulo com apenas uma das unidades básicas e, conforme avançamos na história, desbloqueamos o restante. Esse aspecto de crescimento proveniente dos RPGs é um elemento que permite que o jogador vá se acostumando com a jogabilidade e conhecendo aos poucos as unidades e poderes de cada facção, mas às vezes também acaba em batalhas totalmente desbalanceadas contra inimigos que, com apenas um tipo de unidade a mais, são capazes de realizar combos praticamente indefensáveis, tornando as disputas um pouco frustrantes. 



Tais aspectos são também agravados pelo fator aleatoriedade, responsável por distribuir as peças dos combatentes em cada um dos campos. Em minha jogatina, não foram raros os momentos em que eu podia realizar apenas uma ou duas ações enquanto meu oponente criava combos e mais combos removendo apenas uma de suas peças, o que me fazia apenas aceitar que o Game Over viria em poucos turnos e já me preparar para enfrentar a mesma luta mais algumas vezes.

Apesar do desbalanceamento, o modo campanha é bem divertido e funcional para apresentar as diferentes facções e personagens disponíveis no jogo, além de contar com desafios únicos e interessantes, como puzzles em que temos apenas um turno para realizar um objetivo específico. 

Para jogar junto, com ou sem distância

O modo multijogador é, talvez, o destaque do título. É possível encontrar partidas online com jogadores desconhecidos ou convidar amigos para uma disputa, bem como dividir um único controle com alguém que está no mesmo recinto para alternar entre os turnos. O modo online é muito responsivo e rápido e conta com tabelas de liderança de pontuação para os mais competitivos, além de um modo dois contra dois como possibilidade para aumentar ainda mais as variedades de estratégia dentro de um confronto. 

Novos personagens para o multiplayer são liberados a partir do avanço da campanha, mas a seleção inicial já proporciona grande variedade de escolha logo de início, pois temos dois personagens de cada facção para selecionar. Nesse modo, temos 100 pontos de vida iniciais e as unidades estão todas no mesmo nível, o que, teoricamente, serve para balancear os confrontos. No entanto, com o tempo, não é difícil perceber que algumas facções são naturalmente mais fortes que outras, não havendo balanceamento que resolva essa disparidade.




Apesar dos problemas evidentes, nenhum dos modos deixou de entreter ou divertir nem a mim, nem a meus parceiros de teste, online ou não. Might & Magic se mostrou um jogo extremamente competente no que se refere à criação de confrontos ágeis e desafiadores, o que gera momentos de diversão para todos os envolvidos, não importa se saia com a vitória ou a derrota.

Definitivamente pobre de novidades

Pois bem, chegamos ao ponto polêmico do lançamento desta Edição Definitiva. Apesar de uma melhoria visual no que tange ao visual dos personagens, não há nenhuma novidade significativa para quem já jogou a versão anterior.

Houve apenas um ou outro ajuste na porcentagem de dano de algumas habilidades e a adição de um novo personagem no modo multijogador, mas as novidades param por aí mesmo, o que chega a ser frustrante. Para jogadores majoritariamente solo, é decepcionante não ter nem uma ou duas quests novas para incentivar o reinício da campanha. 




Mesmo a parte visual pode ser alvo de críticas, já que os sprites anteriores tinham seu charme e, com um estilo de arte totalmente novo, acaba ficando ao gosto do jogador julgar se houve, de fato, uma melhoria ou um retrocesso nesse aspecto. Outro ponto passível de críticas é a música: não há um loop ou uma transição suave entre as faixas apresentadas no título, o que gera um estranhamento quando a trilha simplesmente para abruptamente, chegando a cortar o clima de alguns momentos. 

É uma pena que um título tão importante para o gênero não tenha recebido nenhuma adição relevante para um retorno tão aguardado; por outro lado, para os jogadores de primeira viagem, o título ainda é, certamente, uma grande recomendação para os amantes de puzzle.



Escolha seu lado e parta para o combate

Might & Magic: Clash of Heroes Definitive Edition chega ao Switch como uma excelente opção tanto para jogar sozinho quanto para convidar os amigos para participar de emocionantes confrontos entre as facções. Com praticamente inúmeras possibilidades estratégicas, o jogo garante, tanto para veteranos quanto para novatos no gênero, uma experiência única e envolvente para muitas horas.



Prós:

  • Variedade de personagens e unidades para a criação de inúmeras estratégias diferentes de combate;
  • Mecânicas simples de entender, mas complexas o suficiente para criar táticas diferenciadas de batalha;
  • Modo campanha excelente para introduzir a complexidade do jogo;
  • Modo multijogador que incentiva o avanço, com rankings e diferentes modos.

Contras:

  • Desbalanceamento de alguns personagens e unidades, tanto para jogadores solo quanto para multiplayer;
  • Jogos frustrados, algumas vezes, pela falta de sorte com a distribuição aleatória das peças;
  • Falta de novidades com relação ao lançamento anterior.
Might & Magic: Clash of Heroes Definitive Edition — Switch/PC/PS4 — Nota: 8.5
Versão utilizada para a análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dotemu

Siga o Blast nas Redes Sociais

Professora por profissão, crossfiteira e artesã nas horas vagas. Seu primeiro contato com consoles da Nintendo foi zerando Chrono Trigger repetidas vezes no SNES. Atualmente é dona de um Switch no qual joga principalmente puzzles, jogos de pesca, RPGs e todos os Disgaea que para ele foram lançados. Icon por 0range0ceans
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).