Em abril de 2003, chegava ao Japão o sétimo título da franquia Fire Emblem, The Blazing Blade, contando a história anterior à de seu predecessor, The Binding Blade. Este segundo lançamento para o Game Boy Advance veio ao Ocidente em novembro do mesmo ano, não apenas abrindo as portas para a série de RPG tático da Intelligent Systems, como também ajudando-a a se popularizar do lado de cá do globo.
Desbravando o continente de Elibe
A história de Blazing Blade — ou apenas Fire Emblem, como foi lançado na América do Norte — acontece 20 anos antes da trama de Binding Blade. No continente de Elibe, temos o trio de amigos Lyn, Eliwood e Hector que, em sua busca por Elbert, Marquês de Pherae, acabam em um confronto contra o temível grupo Black Fang, liderado por Nergal, cujo objetivo era trazer os dragões de volta ao continente através do Dragon's Gate. A partir desses seres lendários, Nergal poderia dar continuidade aos seus estudos em magia das trevas e obter o poder para aumentar sua expectativa de vida.
Durante a primeira parte da campanha, o jogador segue a história de Lyn, que precisa completar sua jornada para descobrir de onde vem e, assim, auxiliar seu povo a recuperar sua terra natal. Após isso, segue-se a história de Eliwood, que, enquanto procura por seu pai, acaba descobrindo um culto maligno cujo objetivo é dominar o mundo através de um dragão das trevas.
Esse é um dos principais diferenciais de Blazing Blade, já que o prólogo de Lyn serve como um tutorial para o jogo em si. Durante os 10 capítulos que compõem esse arco, o jogador aprende sobre diferentes objetivos para a conclusão dos mapas, o triângulo de armas e tipos de classes, entre outros elementos essenciais para o entendimento de Fire Emblem como um todo.
Outro diferencial é que, após completar a campanha pela primeira vez, o jogador ganha acesso à história de Hector. Embora a trama principal não mude tanto em relação à de Eliwood, alguns acontecimentos são apresentados sob a perspectiva do Marquês de Ostia, incluindo personagens que só podem ser recrutados nessa história.
O prólogo de Lyn e a história de Hector garantem a Blazing Blade um grande fator de rejogabilidade.
Fire Emblem como já conhecemos, agora no Ocidente
Como típico na série, cabe ao jogador recrutar e gerir as unidades de seu exército. Assim como em outras entradas, existem personagens com os quais se pode interagir durante a batalha para convencê-los a se juntar à causa principal.
O combate conta com o também icônico sistema do triângulo de armas, o qual aumenta o desafio de posicionamento e escolhas na hora de formar embates entre aliados e inimigos, já que certas armas são fortes ou fracas umas contra as outras, o que pode virar o jogo a seu favor ou simplesmente pôr tudo a perder em momentos decisivos.
Outro fator de jogabilidade que deixou Blazing Blade conhecido no Ocidente é o sistema de morte permanente (permadeath), característica consolidada da franquia que aumenta a sensação de punitividade e tensão dos combates. Foi também neste sétimo Fire Emblem que o sistema de suporte entre seus personagens encantou os fãs ocidentais, desenvolvendo e expandindo a narrativa de cada personagem, a fim de adicionar novas informações à lore do jogo.
A série é famosa por seu fenomenal desenvolvimento de personagens, e o sistema de suportes amplia o fator replay com maestria, uma vez que interfere diretamente no crescimento de personagens em questão. A interação com os mapas não se resume apenas à interação entre combatentes aliados e inimigos: é possível também se posicionar em tiles que contêm itens ou diálogos com NPCs. Por isso, o fator estratégia é o que torna a série tão aclamada entre os fãs até os dias de hoje.
Para além da gameplay
Para a época, os sprites de Blazing Blade eram muito bem desenhados para o Game Boy Advance, o que ajudou a cativar ainda mais os ocidentais. Muitos artistas de pixel art, inclusive, foram influenciados pela apresentação visual do jogo, tendo-o como principal fonte de inspiração para aprender essa arte.
Apesar de muitos fãs não considerarem as músicas desse título as mais memoráveis da série, há muita qualidade sonora aqui. Yuka Tsujiyoko, que trabalhou também em outros títulos da franquia, foi capaz de entregar faixas marcantes como a música tema, associada a toda a série até os dias atuais.
A maior crítica ao jogo talvez seja sua dificuldade não muito amigável àqueles que estiverem chegando à série. Hoje em dia, há muita qualidade de vida que auxilia na inserção de jogadores novatos, inclusive aqueles que nunca tiveram contato com o gênero de estratégia; porém, para a época, Blazing Blade poderia ser um desafio demasiadamente frustrante para quem queria apenas conhecer uma história tão profunda e interessante.
Em breve no Nintendo Switch Online
Apesar de uma crítica ou outra, Fire Emblem: The Blazing Blade é, sem dúvidas, um dos títulos mais importantes de toda a franquia, seja pela introdução de mecânicas que moldaram muito do que torna a série popular até seus mais recentes títulos, seja pela qualidade narrativa e personagens de peso que ganharam o coração de muita gente à época de seu lançamento em 2003 e continuam esbanjando carisma mesmo 20 anos depois.
Em breve, Blazing Blade será adicionado ao catálogo de Game Boy Advance do Expansion Pack do Nintendo Switch Online. Finalmente os fãs poderão experimentar esta épica aventura por Elibe em um console atual, seja para matar a saudade ou conhecer o jogo que consolidou Fire Emblem no Ocidente.
Revisão: Davi Sousa
Capa: Thais Santos