Uma luta de um só homem e um cão
Quando o mundo está sendo tomado por alienígenas, um veterano louco chamado Frank W. e o seu parceiro canino, Teddy, partem em uma missão solitária para enfrentá-los. O jogo já começa com uma entrada de alto impacto com os dois chegando de jipe ao local marcado, passando por cima de tudo e todos com ele.Uma vez dentro de uma base dos alienígenas, começamos de fato: uma experiência de plataforma 2D de ação que, para muitos jogadores, remeteria a Contra. Cabe ao jogador controlar o personagem, movimentando-o para a direita e derrotando os inimigos pelo caminho. Cada criatura morta vale pontos adicionais, dando ao título um aspecto arcade de tentar ter a melhor performance possível para assumir as posições do topo das leaderboards.
Ao longo das fases, além de itens que restauram a energia do jogador até o máximo, é possível encontrar vários upgrades para modificar o funcionamento da arma. Entre as opções, temos tiros triplos, bumerangue, lança-chamas e mísseis teleguiados. Entender a área de alcance deles é fundamental para enfrentar a fase da melhor forma possível.
Além disso, o jogador tem dois slots, permitindo assim alternar entre duas modalidades diferentes de arma. Outra vantagem desse sistema é o fato de que os upgrades estão atrelados à vida atual, ou seja, caso o jogador seja eliminado, ele perderá aquele poder. Ter uma reserva para essa emergência e saber se aproveitar desse sistema (mudando para um slot sem upgrade antes de morrer, por exemplo) dão um fator estratégico às habilidades disponíveis.
Vale destacar que o título conta com um menu escondido de cheats para quem quiser ajustar a dificuldade, tanto para deixá-lo mais difícil com um modo hardcore, em que se perde a vida recebendo dano uma única vez, quanto para facilitá-lo, aumentando o número de vidas ou ficando invencível (o que considero bem sem graça). Apesar de ser um elemento nostálgico ativá-lo através da sequência “Cima, Esquerda, Direita, Baixo, Cima, Baixo” no menu de pause, a falta de indicações de que essa opção existe deve deixar vários jogadores incapazes de usá-la.
Fases longas, múltiplos chefes e a variedade
Um ponto negativo é o fato de que as fases são muito longas, com vários pequenos chefes e as áreas de exploração entre eles. Falhar envolve voltar ao início, fazendo com que o processo possa ser um pouco tedioso. Felizmente, a desenvolvedora chegou a perceber o problema e liberou uma atualização com checkpoints para o jogo, mas infelizmente como o Switch só recebeu esse update no dia 8 de maio, não fui capaz de aproveitar a mudança para a avaliação.Por outro lado, a 2ndBoss realmente investiu em variedade para a gameplay. Mesmo que a maior parte da experiência seja no controle do Frank em plataforma 2D lateral comum com o acompanhamento do cachorro, há também momentos em que passamos a controlar Teddy. Apesar do companheiro canino não tomar dano quando está apenas do nosso lado, ele passa a ser vulnerável quando está em nossas mãos e, por padrão, ele não tem formas de se defender, embora posteriormente comece a pilotar mechas (como em alguns trechos da série Mega Man X ou o robô clássico do Baby Head em Captain Commando).
Além disso, há trechos de travessia que envolvem pilotar aeronaves em sequências de shoot’em up tanto vertical quanto horizontal, entre vários outros trechos que intercalam a experiência padrão de plataforma. A escolha é muito acertada, quebrando a tendência à repetição e à monotonia.
Porém, em termos estéticos, se deixarmos de lado o apelo nostálgico, Wild Dogs acaba tendo um estilo gráfico e sonoro pouco interessante e um tanto repetitivo. O jogo até oferece várias opções de cores e filtros que o próprio jogador pode utilizar para alterar o estilo monocromático que por padrão lembra um título de Game Boy, algo que ajuda a evocar sensações bem diferentes de acordo com a escolha. Porém, as áreas e o design do Frank em especial mereciam um pouco mais de detalhe. Também não sinto que o sistema de energia (quantos ataques podemos receber antes de morrer) é claro com seu estilo de setas em vez dos corações utilizados quando controlamos o cachorro.
Um título retrô bem competente
De forma geral, Wild Dogs é um jogo retrô bem competente que aposta em dar um pouco de variedade para a gameplay. Embora essa decisão seja acertada, as fases muito longas sem checkpoints deixam o título um pouco maçante e o foco demasiado no fator nostalgia reduz a sensação de originalidade da obra. Ainda assim, com a sua dificuldade justa e competência técnica geral, é uma fácil recomendação para os fãs de obras retrô.Prós
- Gameplay conta com vários trechos que mudam o estilo de combate, brincando com outros formatos como shmup e plataforma sem combate, e o uso de veículos;
- Dificuldade justa que faz com que perder seja realmente culpa do jogador;
- As opções de armas com alcance variado, os dois slots e a perda do upgrade ao morrer adicionam elementos estratégicos ao combate;
- Boa variedade de cores e filtros;
- Menu secreto de cheats serve tanto para aumentar a dificuldade quanto para facilitar a experiência.
Contras
- Fases muito longas e sem checkpoints (até o momento da escrita desta análise);
- Esteticamente repetitivo e relativamente pouco interessante fora do fator nostalgia;
- O símbolo de vida como setas é pouco intuitivo.
Wild Dogs — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela QUByte Interactive