Análise: LOST EPIC (Switch) é uma salada de gêneros com um incrível visual 2D

Controlando um cavaleiro sem nome, parta em uma jornada para derrubar o panteão divino.

em 16/05/2023
O soulslike e o metroidvania parecem ser alguns dos gêneros preferidos dos desenvolvedores independentes, marcando presença em muitas das produções de menor orçamento. Nesse sentido, recentemente o Switch recebeu LOST EPIC, um RPG de ação side-scrolling 2D que também incorpora elementos dessas duas famosas classes de jogos.

Um cavaleiro renegado

Seguindo a receita de Hidetaka Miyazaki, LOST EPIC introduz a sua trama por meio de poucas informações e frases enigmáticas, nos apresentando de forma breve quais são os seres poderosos que devemos derrotar e o que está acontecendo no mundo. Além disso, para adentrar mais fundo os detalhes da história, o jogador precisa conversar com NPCs e ler as descrições dos itens.

Tudo começa com a partida de uma deusa anciã. Após o desaparecimento da divindade, seis novos deuses passaram a dominar o mundo. Apesar deles concederem bênçãos aos seus seguidores, um grupo de pessoas foi totalmente abandonado e isolado em terras distantes.

Dentre esses renegados, surgiram cavaleiros que se opõem e lutam contra os deuses, mas que ainda não obtiveram êxito em suas tentativas. Neste contexto, assumimos o controle de um desses guerreiros e partimos em uma jornada para quebrar esse paradigma. Ainda que seja bem simples, o enredo é interessante o suficiente para manter o jogador engajado até o final.

Um mundo aos moldes de um metroidvania

Graficamente, LOST EPIC possui um ótimo visual 2D com estilo de anime, dando para perceber que houve cuidado na criação dos cenários, personagens e deuses. Nos momentos iniciais, somos convidados a escolher um avatar e uma voz para o nosso protagonista. Confesso que não gostei muito dessa escolha, pois creio que um personagem criado à nossa maneira se aproveitaria melhor da beleza do título.

Controlando o cavaleiro, devemos explorar um grande mapa interconectado aos moldes de um metroidvania. Temos uma relativa liberdade para explorar o mundo em qualquer ordem, mas, assim como ocorre no mencionado gênero, há alguns lugares que são inacessíveis inicialmente e requerem certa habilidade ou item que permita o acesso.

Há uma boa variedade de cenários diferentes, com a maioria deles tendo uma aparência bastante agradável. A despeito disso, a visualização da nossa localização no mapa não é tão detalhada, o que pode acabar gerando alguns momentos de confusão. Felizmente, o título apresenta legendas em português, o que torna a experiência mais agradável e convidativa.

Soulslike ou hack 'n' slash?

Além dos deuses, enfrentamos diversos adversários comuns e semi-chefes pelo caminho. Embora os bosses sejam bem inspirados e possuam movimentos únicos, a maior parte dos inimigos normais são mais genéricos e se repetem demais ao longo da campanha.

O combate também adota alguns aspectos do soulslike. Aqui, temos uma barra de energia que é consumida com qualquer ataque, esquiva ou contra-ataque que utilizamos; no entanto, não há uma punitividade tão grande como ocorre no gênero de inspiração, pois a energia é generosa e os nossos golpes são muito rápidos, fazendo com que as lutas sejam bem mais simples.

Os monstros derrotados derrubam anima, uma espécie de cristal vermelho que serve para aumentar o nível do herói, além de poder ser usado como moeda para melhorar as nossas armas e criar itens. Ao morrermos, derrubamos todo o anima que temos, mas podemos recuperá-lo se voltarmos ao local onde fomos derrotados.

Embora não seja tão desafiador e nem demande um estudo aprofundado dos movimentos dos adversários, o combate em LOST EPIC é fluido e responde bem aos comandos, podendo agradar principalmente às pessoas que gostam de um estilo mais rápido, como o hack 'n' slash.

Os pontos de níveis não aumentam apenas os parâmetros

O método de fortalecimento em LOST EPIC é um pouco diferente do que costumamos ver, pois apresenta uma única árvore de talentos que abriga todas as espécies de melhorias e conhecimentos do jogo. Nesse sistema, podemos usar os pontos que recebemos a cada novo nível para aumentar os atributos, como força, vigor ou fé. Ocorre que a compreensão de como criar e usar novos tipos de armas, armaduras e itens também é adquirida dessa forma, além de habilidades ativas e passivas.

O jogador precisa ter certo cuidado com a distribuição dos seus pontos, pois eles não são usados apenas nos parâmetros, mas em todos os outros aspectos que envolvem a criação de recursos, os aprimoramentos de atributos e a construção de builds. Vale mencionar que, embora a maioria possa ser adquirida com o aumento de níveis, algumas aptidões específicas só podem ser obtidas ao encontrarmos baús em determinados locais do mapa ou ao cumprirmos certas quests

Para gastar e usar o nosso anima, devemos interagir com uma das estátuas da antiga deusa que estão espalhadas pelo mundo, que também possibilitam o transporte rápido entre diversos locais. Ao lado dessas esculturas, geralmente há uma NPC que revela mais detalhes sobre a trama e fornece missões secundárias. Devo dizer que elas se destacam pela quantidade e não pela qualidade, pois a maioria envolve o extermínio de um determinado monstro ou a entrega de algum item.

Uma jornada prazerosa, ainda que com ressalvas

LOST EPIC não possui nenhum problema grave, mas a repetição dos inimigos e das missões secundárias faz com que ele não se destaque tanto. O combate muito ágil e pouco punitivo pode afastar os amantes de soulslike, mas também aproximar os entusiastas de hack 'n' slash. Finalmente, há um esmero visual que entrega certo charme e identidade ao título, tornando a jornada mais memorável.

Prós:

  • O visual 2D é incrivelmente belo, com chefes, cenários e personagens bem detalhados;
  • Trama simples, mas interessante;
  • Apesar dos ataques serem muito rápidos, os movimentos respondem bem aos nossos comandos;
  • A velocidade dos combates pode agradar às pessoas que gostam de hack 'n' slash;
  • Legendado em português.

Contras:

  • As lutas são simples e não requerem muito esforço, podendo afastar as pessoas que procuram um soulslike;
  • Baixa variedade de inimigos normais;
  • Não é possível criar o personagem, restando apenas escolher um dos avatares já definidos;
  • Ver a nossa localização no mapa pode ser confuso;
  • As missões secundárias são repetitivas.
LOST EPIC — PC/PS4/PS5/Switch — Nota 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli 
Análise produzida com cópia digital cedida pela oneoreight

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