Um mundo inundado por trevas e uma raposa brilhante em busca de luz. Essa é a premissa e essência de Lost Dream Darkness, um walking simulator desenvolvido pela Morning Shift Studios e publicado pela Ultimate Games.
Uma jornada solitária
Em Lost Dream Darkness, assumimos o papel de uma raposa coberta por inusitadas gravuras azuis. Partindo de um local escuro e chuvoso em uma floresta, devemos atravessar alguns cenários abertos para chegar em uma zona brilhante e ensolarada. Além de movimentar livremente o animalzinho, podemos pular e executar um ataque simples.
Durante uma jornada de pouco mais de dez minutos, com exceção de uma estátua de raposa no início, não encontramos nenhuma pessoa, animal, objeto, puzzle ou qualquer elemento passível de interação. No decorrer de todo o percurso, visualizamos apenas poucos componentes comuns da natureza, como árvores, lagos e montanhas.
Mesmo com essa estrutura simples, Lost Dream Darkness apresenta diversos problemas. Em primeiro lugar, o controle da movimentação do animal é pouco agradável, assemelhando-se bastante a controlar um cavalo nos primeiros jogos da era 3D. Além disso, a transição entre os cenários é abrupta, cortando o ambiente antigo e iniciando o novo de uma forma muito repentina.
Para finalizar, ao girar a câmera, podemos ver as partes vazias abaixo do chão, deixando evidente a falta de polimento. Apesar de todos os problemas listados e da baixíssima duração, Lost Dream Darkness possui aspectos que me despertaram certa curiosidade.
Existe algo além?
Neste título, não nos é dito o motivo de o mundo estar coberto por trevas e nem por que a raposa contém marcas brilhantes. Também não sabemos por que há um animal petrificado no início do jogo e qual o motivo de termos um botão de ataque, já que não existe nenhum inimigo presente.
Além dessas perguntas mais simples, houve uma que se manteve por mais tempo em minha mente: qual era a verdadeira intenção dos desenvolvedores? Embora a jornada tenha durado apenas poucos minutos, o pensamento de que poderia haver algum significado ou mensagem sobre a busca pela luz permaneceu na minha cabeça por um período maior.
Essa curta e silenciosa aventura me lembrou vagamente as experiências fornecidas por Flower (Multi) e Journey (Multi). Lamentavelmente, Lost Dream não tem o mesmo esmero técnico e visual dessas obras, sendo extremamente prejudicado pela pobreza das paisagens e pelos demais inconvenientes já mencionados.
O destaque positivo de Lost Dream Darkness fica com o uso que faz dos efeitos sonoros, replicando sons de chuva, insetos e pássaros que me proporcionaram um certo relaxamento. Acredito que esse fator possa ter sido o gatilho para a cuca começar a maquinar. Claro que se os gráficos tivessem recebido mais cuidados, a natureza apresentada forneceria uma experiência mais memorável.
Apesar de enigmático, Lost Dream Darkness possui muitas falhas
Penso que recursos como alegorias, lições de moral, fanservices e referências servem para enriquecer o que já é agradável e não para transformar em bom o que não é. Dessa forma, esses elementos não são suficientes para anular falhas de roteiro e de direção em um filme, problemas de narrativa em um livro, ou até um gameplay fraco se tornar um jogo. Por esse motivo, Lost Dream Darkness acaba não tendo grandes méritos, pois, apesar de ter me deixado intrigado e pensativo, falha muito enquanto jogo.
Prós
- Efeitos sonoros competentes, conseguindo entregar uma sensação relaxante;
- Há alguns aspectos que podem criar curiosidade.
Contras
- Gráficos pouco detalhados e sem polimento;
- A transição entre os cenários acontece de maneira abrupta;
- Ao girar a câmera, é possível ver o "nada" por fora das paisagens;
- Controlar o animal não é muito satisfatório.
Lost Dream Darkness — PC/Switch — Nota: 4.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ultimate Games