Blast from the PastPokémon Blast

Especial Nintendo Switch Online + Expansion Pack: Pokémon Stadium (N64)

Um dos primeiros jogos em 3D da franquia, Pokémon Stadium era um ótimo complemento à primeira geração que marcou infâncias e adolescências.


Pokémon Stadium, lançado em fevereiro de 2000, foi para muitos treinadores seu primeiro contato em 3D com os monstros de bolso. Hoje em dia ver modelos 3D dos Pokémon pode parecer apenas natural, mas até outubro de 2013, com o lançamento de Pokémon X & Y, eram raras as ocasiões em que podíamos presenciar as batalhas em três dimensões. Os poucos jogos que permitiam isso eram majoritariamente spin-offs com propostas diferentes, como Pokémon Snap.

Batalhas Pokémon, minigames, fotos e líderes de ginásio

O título chegou nos anos 2000 com a proposta de mudar a forma com que os treinadores experimentavam as batalhas, dando vida à imaginação de crianças e adolescentes fãs da série, com todos os 151 monstrinhos em 3D, divertidos minigames, um narrador energético para trazer empolgação a suas batalhas, a possibilidade de trazer seu time de Pokémon Yellow, Blue e Red a esse novo mundo e, é claro, também permitir que esses jogos fossem aproveitados sem a necessidade de pilhas, com o acessório Transfer Pak.

No dia 12 de abril de 2023, foi anunciado que Pokémon Stadium estaria, depois de 23 anos sem nenhuma adaptação, disponível em um console de geração atual, no serviço Nintendo Switch Online + Expansion Pack. Com o passar das gerações, a experiência de Pokémon Stadium se alterou bastante, porém, o título ainda possui segredos que talvez nem todos os jogadores tenham descoberto na época e uma certa refrescância devido ao uso de Pokémon “alugados”.



Pokémon Stadium possui quatro modos principais: Stadium, que dá nome ao jogo, uma sequência de batalhas em diferentes campeonatos com regras diferentes entre categorias (Petit, Pika, Poké e Prime Cup); Kid’s Club, mais conhecido por aqui simplesmente por “minigames”; Gym Leader Castle, um modo vagamente similar à campanha dos jogos originais, nos quais o jogador deve vencer oito líderes de ginásio para então desafiar a elite dos quatro, porém sem a exploração do mapa entre as batalhas; e por último há o modo Free Battle, modo autoexplicativo de batalha livre no qual é possível também jogar partidas online ou em modo multiplayer local.
 


Além disso, temos o Victory Palace, que, na prática, funciona como o hall of fame do jogo, representando como troféus os monstrinhos com que o jogador completou qualquer um dos modos de batalha do título. Temos também a possibilidade de tirar fotos de seus Pokémon favoritos no modo Gallery logo no início do jogo, antes de entrar em seu menu de seleção principal.

Caso o jogador complete todas as categorias do estádio e vença a Elite dos Quatro + rival, um novo desafio, desconhecido por muitos na época do lançamento do título, será liberado. A noite cairá e Mewtwo pairará acima do estádio principal, abrindo a possibilidade de batalhar contra o Pokémon supremo em uma batalha de 6x1. Esse modo pode parecer uma surpresa para alguns devido a sua natureza escondida no jogo, tendo passado batido por diversos jogadores, como foi por mim em minha infância.


Foi uma agradável surpresa perceber que ainda havia coisas a serem descobertas mesmo depois de tanto tempo. Talvez, de fato, esses não sejam segredos reais, mas é impossível negar que não estavam bem escondidos. Após derrotar Mewtwo, uma nova dificuldade, denominada Round 2, será liberada. Nela, a inteligência artificial dos adversários é melhorada e muitos de seus Pokémon virão em versões mais fortes. Derrotando Mewtwo novamente no Round 2, o Pokémon de nº 151, Mew, ficará disponível no modo de aluguel.

Se tanto trabalho vale realmente a pena não é algo que cabe discutir aqui, porém, essa é uma das únicas formas em que jogadores ocidentais tinham acesso ao Pokémon lendário, sendo inclusive possível, no jogo original, transferir Mew a Pokémon Red, Blue ou Yellow por meio do acessório Transfer Pak. Ademais, outro segredo é uma dificuldade extra nos minigames, chamada hyper e que é desbloqueada após se tornar campeão nos minigames cinco vezes seguidas contra computadores sem nenhuma derrota no modo difícil.
 
Existem dois outros locais: Pokémon Lab e GB Tower, indisponíveis para a versão do título no Nintendo Switch Online, onde poderíamos acessar o laboratório do professor Carvalho para realizar trocas entre cartuchos tanto do Pokémon Stadium quanto entre os jogos de Game Boy, conferir status dos Pokémon e até mesmo jogar os clássicos títulos da primeira geração em tela grande, sem a necessidade de se preocupar com baterias acabando no meio da jogatina.
 
A falta desses dois modos impacta negativamente, pois acaba tirando uma das grandes atrações do jogo, a qual era poder trazer seus Pokémon do Game Boy, com os golpes de seu time escolhidos à mão pelo jogador. Inclusive, isso torna o “desafio final” do título bem complicado, pois muitos dos Pokémon de aluguel possuem uma moveset no mínimo questionável. Era clara a intenção dos criadores de que os jogadores usassem seu próprio time para vencer a batalha final contra Mewtwo, tornando também impossível a maior recompensa de se completar o jogo, que era a de se obter Mew nos primeiros jogos por meios oficiais.
 


É realmente uma pena que essas atrações não estejam disponíveis no serviço atual, e infelizmente tudo o que podemos fazer é torcer para que a Nintendo implemente essas funções com um possível lançamento dos clássicos de Game Boy no futuro, pois elas fazem parte da experiência fundamental do título, tendo ainda mais detalhes que não foram mencionados aqui. Entretanto, nem tudo está perdido, pois mesmo com essa infeliz notícia Pokémon Stadium ainda oferece desafios e qualidades de formas inesperadas.

Uma forma inesperada de se usar Pokémon já conhecidos

Como foi dito no parágrafo anterior, apesar do lançamento original incluir o acessório Transfer Pak para transportar seus monstrinhos do mundo 2D para o mundo 3D, estamos restritos a jogar apenas com os Pokémon de aluguel nessa versão de Pokémon Stadium. Isso por si só é uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo, pois simultaneamente nos permite uma experiência fora do padrão das gerações atuais, sendo obrigados a jogar com Pokémon que geralmente nem pensaríamos em usar, trazendo uma refrescância ao jogo, usando como por exemplo pré-evoluções e até mesmo muitos dos bichanos considerados “fracos” hoje em dia.



Isso ocorre devido aos golpes dos Pokémon serem distribuídos de forma bem particular, com pré-evoluções muitas vezes tendo golpes mais poderosos do que suas evoluções propriamente ditas, numa tentativa de equilibrar o jogo e estimular o jogador a importar seu time do Game Boy e talvez até de variar as batalhas. É possível, no final das contas, vencer com seus monstrinhos favoritos, apesar de ter que usar bastante estratégia para isso e contar também com um pouco de sorte.



Durante os combates, um narrador bem animado dá um sabor extra às batalhas, tendo falas específicas para certos golpes, como por exemplo “Surf”, golpes críticos e certas situações do combate, tais quais conseguir nocautear o adversário em um único golpe, estar em desvantagem de tipo ou quando estados negativos afetarem os Pokémon.

No geral o narrador é bem carismático e não chega a ser irritante, talvez cometa algumas gafes apressando o jogador a escolher seu movimento com pouca paciência ou colocando emoção demais em batalhas em que nada realmente está acontecendo, mas, mesmo assim, a narração é um dos pontos cruciais do jogo. Com certeza o título não seria o mesmo sem ele. Não haveria uma sensação tão forte de “Pokémon no mundo real” se não fosse pelo narrador com sua voz icônica.



Falando em batalhas, a transição dos controles do jogo para o Nintendo Switch tem um ponto importante a se comentar. Como sabemos, o Switch não possui o mesmo número de botões presentes no controle do Nintendo 64. Com isso, os direcionais amarelos do controle foram adaptados para funcionarem através de ZR + A, B, X ou Y. Em Pokémon Stadium em específico isso pode causar certa confusão, pois para verificar os golpes, já é necessário segurar o botão R no jogo, portanto para selecionar apenas um movimento precisamos pressionar ZR + R + A/B/X/Y tudo ao mesmo tempo, sendo um pouco confuso e não tão agradável, apesar de que é possível se acostumar com esse empecilho após poucos minutos.

Trazendo Pokémon 2D para o mundo 3D

Mesmo 23 anos após seu lançamento, os gráficos dos modelos Pokémon, apesar de não serem nada de tirar o fôlego, são interessantes de se ver, por serem em sua maioria até bem “redondinhos” para a época e com animações de entrada e nocaute que mostravam todo o carisma dos 151 Pokémon iniciais.
 
Alakazam, por exemplo, ao receber um golpe, cai em câmera lenta, fazendo todo seu show dramático, para depois voltar flutuando como se estivesse entediado com a batalha. Gloom é babão e arregala seus olhos quando vai atacar, contrastando com sua imagem padrão dos olhos fechados. Marowak parece ter a força de um verdadeiro guerreiro, segurando seu osso como um cajado, com suas últimas forças e não desistindo de lutar, mesmo quando já não tem energia.


São essas animações que dão charme e graça às batalhas Pokémon, mesmo com seus visuais ultrapassados, especialmente nos efeitos especiais de seus golpes. Isso é o principal ponto de interesse de se jogar Pokémon Stadium atualmente, ver toda a personalidade e criatividade dos Pokémon. Os golpes não tiveram a mesma sorte no envelhecimento, sendo alguns, mesmo na época de seu lançamento, um pouco bobos, como por exemplo, praticamente todos os Pokémon apenas giravam seus modelos para realizar o golpe “Dig”.

Claro que existem sempre as exceções à regra, porém, a impressão que fica é que as animações dos Pokémons são muito mais divertidas neles mesmos, e não em seus golpes. Entretanto, não consigo ser muito dura nesse aspecto, pois ter 151 Pokémon, cenários e diversos golpes diferentes em um cartão de apenas 32 megabytes é um feito enorme.



Não há muito o que falar sobre as batalhas em si por Pokémon ser uma série com mecânicas, em sua grande parte, bem definidas desde sua primeira geração. Há somente algumas ressalvas sobre as mecânicas dos primeiros jogos em específico, que são um pouco diferentes das atuais. Uma das novas adaptações do título para o Switch é a possibilidade, como já foi mencionado anteriormente, de se jogar o modo Free Battle com amigos de forma online. Minhas partidas rodaram de forma satisfatória, com apenas alguns glitches sonoros ocasionais devido a uma conexão instável, mas nada que vá afetar muito uma partida de batalha em turnos.

As batalhas continuam divertidas e ainda com a possibilidade de “trapaça” típica de Pokémon Stadium preservada, a qual se tratava em saber se o jogador está trocando de Pokémon ou não olhando para a tela e agir de acordo. Isso ocorre já que a tela é única para ambos os jogadores, mesmo no novo modo online. É possível contornar o problema decorando os golpes e ordem onde estão seus Pokémon, mas não deixa de ser um pouco engraçado aborrecer seu adversário, trocando de Pokémon logo depois que você descobre que ele irá usar determinado golpe.



Falando sobre os outros modos, temos o Gym Leader Castle e Stadium. O desafio do ginásio é um pouco fácil em seu começo e vai gradualmente se tornando mais desafiador conforme progredimos. Tive batalhas acirradas que quase tive de recomeçar o ginásio inteiro novamente graças ao sistema do jogo, que não permite neste modo que você perca uma única batalha. Fiquei um pouco frustrada com os infames NPCs que pareciam gostar muito dos golpes que causavam confusão, autodestruição ou comiam os turnos do oponente. Mas nada que um pouco de estratégia bem planejada não resolvesse.

O modo Stadium é bem parecido com o modo dos ginásios, porém, um pouco mais leniente na dificuldade, já que, caso o jogador consiga vencer sem receber nenhum nocaute, ganha uma tentativa extra para as próximas batalhas. Um torneio em que gostaria de dar destaque por sua singularidade é o Petit Cup, no qual apenas Pokémon até nível 20, de não mais que dois metros de altura e sem pesar mais que 20 quilos são permitidos.
 


Jogar com Pokémon pequeninos nunca foi tão divertido e emocionante quanto neste modo, talvez perdendo somente para sua pseudo sequência espiritual em Pokémon Stadium 2, conhecida como Little Cup. Pokémon Stadium no geral é um jogo relativamente curto, e caso você saiba o que está fazendo, é possível completá-lo rapidamente.



“Lembre-se disso!” — Minigames para toda a família e amigos

Para alguns, o coração dos jogos Pokémon Stadium não eram nem as batalhas, mas sim seus minigames. No primeiro título da franquia temos nove atividades diferentes para jogar online, em modo local com amigos ou contra computadores. Os minigames continuam assim como eu me lembrava, sendo bem divertidos com algumas propostas inusitadas, como por exemplo ver qual jogador consegue pular mais vezes como um Magikarp ou receber a conta de restaurante de sushis mais cara controlando Lickitung.
 


Tive uma experiência tranquila em minha partida online, sem nenhuma falha de conexão e sendo relativamente simples começar um jogo com mais de um jogador humano. Gostaria que houvesse mais minigames, mas isso será compensado em Pokémon Stadium 2 futuramente. Posso afirmar com certeza que muitas pessoas irão se divertir se aproveitando do novo modo online, sem a necessidade de ter vários controles de Nintendo 64 e todos reunidos na mesma casa. Não que isso tire o mérito da bagunça gostosa de se divertir no mesmo ambiente em modo local, portanto, recomendo aproveitar os minigames das duas formas.

O que realmente se torna desagradável na experiência é o controle durante dois minigames específicos. O primeiro, Ekans’ Hoop Hurl, devido a diferenças de sensibilidade da primeira geração de controles analógicos, com alavancas rudimentares comparadas com a geração atual, muito mais precisa, acabou que senti que não tinha tanto controle no arremesso da cobrinha Ekans, muitas vezes a isolando para distâncias que não planejava. Realmente, essa é uma falha bem frustrante e que gostaria que fosse arrumada em um possível patch de atualização.
 



O segundo minigame com ressalvas é o famoso Clefairy Says, dessa vez o problema não é no analógico, e sim D-Pad do Pro Controller, o qual acaba registrando ocasionalmente dois comandos no lugar de um, devido a sua precisão um pouco limitada. O mesmo não ocorre com os Joy-Cons e é um problema bem mais raro do que no minigame anterior da Ekans, portanto, não é fatal, mas ainda assim um pouco chato de aturar caso aconteça com você. Mas não necessariamente é um defeito da adaptação, portanto, acredito que deva ser relevado.
 


Na espera de Pokémon Stadium 2

Pokémon Stadium foi um título histórico que cumpriu com honra seu papel de trazer os treinadores Pokémon do mundo 2D dos jogos de Game Boy para o mundo 3D, dando asas à imaginação das crianças e adolescentes ao redor do mundo. Sua característica narração energética e animações dos Pokémon cheias de personalidade conseguiram com maestria simular o que seria uma batalha Pokémon no mundo real. O título possui suas ressalvas, como a maior parte dos jogos retrô de mais de 20 anos, porém, ainda é um título que podemos recordar com carinho.

Com segredos que alguns treinadores podem ainda não conhecer como Mew e Mewtwo, além de modos criativos nos torneios como o Petit Cup, Pokémon Stadium no Nintendo Switch, tirando seu empecilho de não ser integrado com o Game Boy, é uma boa forma de se recordar do jogo. Pokémon Stadium 2 aperfeiçoou ainda mais a experiência de Pokémon Stadium e o título também foi prometido para estar disponível no serviço em 2023.
 


Aguardarei ansiosamente para quando o próximo jogo da franquia for lançado no Nintendo Switch Online + Expansion Pack. Sua sequência promete ser uma expansão do primeiro mais completa e divertida, mas que sempre causa um pouco de tristeza ao lembrarmos que ele foi o último título da saga “Stadium”.
Revisão: Vitor Tibério
Artigo produzido com cópia digital cedida pela Nintendo


Fascinada pela cultura japonesa dos anos '80, '90 e '00. Ama livros, mangás, sua gata maluca, mahou shoujo e jogos. Em especial Dragon Quest, Fire Emblem, Famicom Detective Club, Okami, JRPGs, retrô, Bishoujo & Otome games. Sempre em busca de jogos estranhos ou com propostas inusitadas. Estuda japonês nas horas vagas para conhecer mais obras do tipo.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google