Análise: Nuclear Blaze (Switch) oferece uma divertida aventura de plataforma protagonizada por bombeiros

Apesar de sua campanha ser breve, este indie de ação é extremamente eficaz em termos de qualidade de gameplay.

em 26/04/2023
Colocando-nos no papel de um bombeiro em ação durante um grande incêndio, uma perspectiva pouco recorrente nos videogames em geral, Nuclear Blaze apresenta muitos méritos quando o assunto é gameplay. Com comandos divertidos, fases engenhosas e situações intensas, a aventura encanta mesmo com um grande defeito: a sua curta duração, que nos deixa querendo mais ação neste simpático jogo de plataforma. 

Um herói sem capa, mas com mangueira

Nuclear Blaze foi desenvolvido pelo estúdio ​​Deepnight Games, tendo como grande atrativo a liderança de Sébastien Benard, criador de Dead Cells. Originalmente lançado para PC em outubro de 2021, agora o jogo chega ao Switch graças ao trabalho da Red Art Games, que realizou um port eficaz para o console da Nintendo.

No começo desta aventura, presenciamos uma breve cena cinematográfica que nos introduz ao seguinte contexto: uma floresta está em chamas e um grupo de bombeiros está vindo ao resgate, incluindo o protagonista de Nuclear Blaze, que é um desses socorristas. Desse modo, ele salta de um helicóptero e adentra os entremeados do incêndio, que está ocorrendo em uma região caracterizada por sua vegetação verde.

No comando do protagonista, conseguimos apagar pequenos focos de fogo e ingressar nas áreas queimadas, que nos revelam que o incêndio traz um problema muito mais grave: ele está se alastrando até uma usina nuclear misteriosa, propiciando o risco de diversas explosões e a possibilidade de espalhar radioatividade por todo o seu entorno. 

Será nossa missão, portanto, impedir que o desastre seja ainda maior. Conforme avançamos pelos corredores da usina, descobrimos o antigo cotidiano desse local enigmático por meio de anotações deixadas pelos operários, bem como ficamos sabendo sobre as circunstâncias passadas que podem explicar como o incêndio se originou.

Apesar de não desenvolver, exatamente, uma trama complexa, Nuclear Blaze oferece uma jogatina descontraída que não deixa a desejar em termos de progressão. Isso ocorre por conta de seus recursos de gameplay, que são atraentes a ponto de nos incentivar a todo momento com as suas engenhosas propostas de jogabilidade.

Muita água para salvar o dia

Esta jornada de emergência se desenvolve por meio de mecânicas de plataforma bastante clássicas: ao longo de cenários bidimensionais, devemos utilizar o análogico do Joy-Con para desbravar a região incendiada, desfrutando de saltos, esquivas e outras ações comuns, como subir escadas e ativar painéis. Entretanto, o movimento mais importante para o jogo é o manejo da mangueira, capaz de lançar jatos de água para apagar o fogo.

Nos primeiros instantes, essa movimentação é limitada, pois só podemos jorrar água para a frente. Porém, com o nosso progresso, ganhamos algumas melhorias de movimentação, como a possibilidade de mirar a mangueira para o alto e de usá-la para formar uma espécie de escudo aquático. Além disso, outros recursos também são desbloqueados em termos de comando, entre eles, a capacidade de fazer o protagonista rolar pelo chão, assim evitando o contato com o fogo por um breve instante.  

No geral, a jogabilidade de Nuclear Blaze é simples e fácil de se aprender, mas isso não significa que ela não seja engenhosa; pelo contrário, temos aqui a principal qualidade desta criativa aventura. À medida que as novas habilidades são desbloqueadas, elas se tornam cruciais para a resolução dos desafios, que nos obrigam a resistir contra explosões aleatórias, encontrar chaves para abrir portas e extinguir focos de fogo que podem reacender caso não sejam apagados na ordem correta.

Na primeira vez em que concluí a campanha, me aventurei com o nível de dificuldade previamente estabelecido, que me pareceu bastante justo e instigante, algo possível graças à boa distribuição de checkpoints dentro de cada um dos 20 estágios. No entanto, cabe ressaltar que Nuclear Blaze oferece diversas possibilidades para regular os níveis de dificuldade, inclusive oferecendo um adorável Modo Kids, que torna o jogo mais acessível para crianças acima de três anos. Uma fofura, não?

Por falar nisso, Nuclear Blaze apresenta uma adorável estética caracterizada por um pixel art de bom tom, que estampa um aspecto retrô, mas sem ser extremamente genérico. Essa qualidade visual também é complementada por uma trilha sonora interessante e repleta de efeitos apurados, com sons de explosão e diálogos ambientados por meio do rádio do corpo de bombeiros do jogo.

Outro pequeno recurso que garante muita personalidade ao jogo está na possibilidade de resgatar pequenos gatos nos locais incendiados. Assim, cria-se uma espécie de item coletável, que não só torna as conjunturas muito mais adoráveis, como também eleva o fator replay desta aventura, que, apesar das qualidades, não é isenta de defeitos.

Uma chama que se apaga rapidamente 

Sinto-me seguro em dizer que Nuclear Blaze é um jogo com poucos problemas. Para ser honesto, apenas um detalhe me incomodou dentro da gameplay, que envolve a existência de desafios que exigem alta precisão na mira da mangueira. Isso é desagradável, pois não temos tanta liberdade no controle desse elemento, uma vez que, até nos trechos finais, quando já estamos com todas as melhorias possíveis, não conseguimos direcionar os jatos de água para todos os lados.


Com uma movimentação limitada, essa característica não chega a ser um impeditivo para o progresso, apenas torna as conjunturas mais penosas em certos momentos. Nesse sentido, é curioso que o jogo não busca desenvolver mais liberdade quando se trata do controle da mangueira. 

Por exemplo, penso que uma alternativa seria utilizar o analógico direito, que não é usado, para direcionar os jatos de água, com uma jogabilidade inspirada nos conceitos de twin-stick shooter. Entretanto, isso não ocorre, o que parece ser uma oportunidade desperdiçada.

Esse ponto negativo, todavia, não é tão grave quanto o que eu julgo ser o principal defeito de Nuclear Blaze: a curta duração de sua campanha, que pode ser completada em cerca de duas horas, justamente quando os desafios se tornam literalmente mais quentes e intensos. É uma pena, pois se trata de um jogo que executa as suas premissas com tanta excelência, que, quando a jornada chega ao fim, nos deixa com vontade de mais momentos de ação.

Aquecendo o Switch (em um sentido positivo)

Mesmo com uma campanha de curta duração, Nuclear Blaze mostra-se capaz de encantar os jogadores, sobretudo por conta de seus conceitos criativos, desafios instigantes e uma apresentação adorável. Assim, a aventura protagonizada por um corpo de bombeiros aquece a nossa imaginação, proporcionando uma divertida experiência de plataforma que está cheia de qualidades.

Prós

  • Uma jornada de bombeiros narrada em uma perspectiva pouco comum nos jogos;
  • Além de criativa, a jogabilidade de plataforma é simples e divertida;
  • Oferece desafios justos, mas que também podem ser ajustados nas opções;
  • Em termos visuais e sonoros, temos elementos de boa qualidade;
  • Presença de adoráveis gatinhos coletáveis e outros modos de aventura.

Contras

  • A campanha possui uma duração bastante curta;
  • Em certos momentos, seria interessante ter maior liberdade no controle da mangueira, passível de ser comandada com o analógico direito, por exemplo.
Nuclear Blaze — Switch/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela RED ART GAMES
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Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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