Desenvolvido pela Froach Club e publicado pela XSEED Games, Melon Journey: Bittersweet Memories segue na contramão da tendência atual da indústria de games, na qual os jogos precisam ter 200 horas de duração e centenas de coisas para fazer, e limita sua jogabilidade a andar e conversar com NPCs. De maneira assertiva, o título conta sua história sem se estender mais do que o necessário para isso.
Melões são proibidos!
Em Bittersweet Memories, assumimos o papel de Honeydew, uma empregada de marketing em uma fábrica de produtos de melão. Em um determinado dia, seu amigo, Cantaloupe, desaparece e deixa uma carta pedindo para ela encontrá-lo na cidade de Hog. Ocorre que, nesse local, melões e qualquer produto derivado dessa fruta são proibidos por lei.
Chegando à cidade, a protagonista descobre que Cantaloupe possuía sementes de melões dentro de uma maleta misteriosa. Nesse contexto, cabe a Honeydew descobrir onde está o seu amigo e qual a relação dele com uma suposta produção ilegal de melões.
Conforme dito anteriormente, a gameplay de Melon Journey consiste em andar e interagir com os NPCs. Explorando a cidade e conversando com os habitantes, o jogador não só descobrirá segredos sombrios que rodeiam a região, mas também vai conhecer as histórias e dramas de cada residente.
Uma cidade povoada por animais amáveis
Além de muitos personagens diferentes, o mundo apresentado em Melon Journey é composto por vários espaços distintos, incluindo áreas urbanas (umas mais ricas e outras mais precárias), florestas, esgotos, um cemitério e um presídio. Para andar mais rapidamente por essas zonas, contamos com um par de patins que são adquiridos em certo momento da campanha.
Os moradores de Hog são todos animais, como cobras, ratos, gatos e cachorros. Embora haja dezenas de sujeitos, é impressionante ver que os desenvolvedores conseguiram dar carisma e personalidade a todos, com cada um deles possuindo linhas de diálogos que tornam a trama mais envolvente.
Apesar da história assumir um tom cômico e se apresentar de uma forma leve, ela também aborda alguns temas mais pesados e sérios, abrangendo corrupção, abandono, prisão e vícios. Nesse sentido, Melon Journey consegue extrair do jogador gargalhadas e reflexões ao mesmo tempo.
Ótimas tarefas opcionais e alguns probleminhas
Além da campanha principal, Bittersweet Memories possui algumas quests opcionais que se resumem a ajudar alguns dos animaizinhos. Além de ser muito prazeroso auxiliar essas criaturinhas fofas, concluir as missões também resulta em uma surpresa no final da jornada.
Infelizmente, essas subquests não se apresentam de maneira eficaz, pois a única identificação que temos é um ícone com o rosto do personagem que ajudamos (visível na parte superior do menu geral). Somado a isso, essa imagem aparece somente depois que concluímos a missão correspondente, fazendo com que, na maioria das vezes, eu só descobrisse que estava realizando uma dessas tarefas após terminá-la.
Ademais, por se tratar de um jogo que se sustenta unicamente na história, a ausência de legendas em português acaba ganhando um peso maior se comparada com outros casos, pois pode acabar afastando muitas pessoas que não possuam uma compreensão minimamente razoável do inglês.
Um título que esbanja beleza em todos os aspectos
Graficamente, Bittersweet Memories possui um visual em pixel art muito charmoso e detalhado, utilizando apenas tons verdes em sua coloração. Os gráficos lembram bastante os tempos de Game Boy, provocando uma certa nostalgia em quem teve contato com o portátil.
Somado aos belos visuais, está uma trilha sonora igualmente agradável, composta por várias melodias dançantes, calmas ou agitadas, todas inseridas em contextos que fazem bom uso dos seus tons. Além disso, os animais também emitem sons que tornam seus diálogos mais divertidos, como miados, latidos e risadas vilanescas.
Concluir a campanha leva cerca de três horas, podendo aumentar para cinco ou seis se o jogador realizar todas as tarefas opcionais. Esse tempo de duração se encaixa perfeitamente com a proposta do jogo, não deixando nenhuma lacuna no enredo e nem enrolando com informações desnecessárias. Desta forma, todos os locais e personagens possuem alguma relevância para a trama, fazendo com que a exploração e a interação sejam bastante naturais.
Mais uma incrível adição de menor orçamento ao portátil da Nintendo
Com uma jogabilidade simples e um enredo bem-humorado, mas que também aborda temas sérios, Melon Journey: Bittersweet Memories é uma ótima adição à biblioteca do Switch, entregando ao jogador momentos de risos e de meditação em uma mesma proporção. Lamentavelmente, a falta de tradução para o português pode acabar impedindo que algumas pessoas tenham acesso a essa excelente produção.
Prós:
- Enredo interessante que aborda temas sérios de uma forma leve e bem-humorada;
- Personagens extremamente carismáticos que somam muito à trama;
- Visual em pixel art charmoso e bem detalhado;
- Trilha sonora agradável e assertiva, composta por diversas melodias diferentes usadas em momentos oportunos;
- As missões opcionais enriquecem o roteiro, dão mais vida aos personagens e recompensam o jogador com uma surpresa no final.
Contras:
- A ausência de legendas em português pode afastar algumas pessoas, pois o jogo se sustenta unicamente na história;
- As missões secundárias poderiam ter uma apresentação melhor, pois não é intuitivo saber se estamos fazendo uma ou não.
Melon Journey: Bittersweet Memories — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 9.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games