Publicado pela WayForward e desenvolvido pela Canari Games, Lunark é um jogo que se inspira em clássicos, principalmente Prince of Persia e Flashback, para trazer ao Switch um gênero pouco explorado atualmente: o plataforma cinematográfica 2D. Antes de iniciar a análise, devo advertir que, embora se trate de uma obra com muitos pontos positivos, a necessidade de executar os movimentos com precisão pode acabar afastando algumas pessoas que preferem jogos mais rápidos.
Novo planeta, velhos problemas
Em um futuro no qual a Terra se tornou inabitável, a humanidade conseguiu sobreviver se mudando para um planeta chamado Albaryne; no entanto, a desigualdade social parece acompanhar o ser humano em qualquer lugar em que ele esteja. Neste novo lar, as pessoas são governadas por uma inteligência artificial, com o auxílio de muitos robôs, que mantêm os poucos ricos e muitos pobres em suas posições.
Nesse contexto, o jogador assume o papel de Leo, um jovem com habilidades e características físicas únicas que, após ser acusado de participar de uma rebelião, deve fugir enquanto descobre os segredos por trás de sua origem e do passado do planeta. A história de Lunark vai criando muitos mistérios em seus momentos iniciais, sendo revelada de forma mais direta a partir de um certo momento do jogo.
Para enriquecer o roteiro, os diversos NPCs espalhados pelo mundo possuem certos conhecimentos que fazem com que os diálogos sejam interessantes, despertando ainda mais a curiosidade sobre os segredos que cercam o novo lar da raça humana. Infelizmente, o título não conta com legendas em português.
Uma jogabilidade precisa
Albaryne é composto por muitas regiões diferentes, como cidades, florestas e cavernas. Em cada ambiente, há diversos quebra-cabeças para serem resolvidos, geralmente envolvendo o deslocamento de plataformas e a abertura de passagens. Além dos puzzles, também nos deparamos com variados inimigos, com cada um deles possuindo movimentos e ataques diferentes.
No controle de Leo, o jogador pode correr, pular, rolar, se pendurar e atirar. Apesar de serem ações relativamente simples, leva um tempo para se acostumar com elas, principalmente para as pessoas que não tiveram contato com títulos de plataforma cinematográfica. Isso ocorre porque as movimentações do protagonista simulam uma pessoa real, tornando impossível a execução de ações que desafiam a física.
Devo admitir que o meu tempo com jogos do gênero foi mínimo, o que resultou em uma certa demora para pegar o jeito das mecânicas de Lunark. Tudo parecia impreciso no início, com um certo atraso entre a execução de um comando e outro; no entanto, após aprender que cada movimento possui um tempo exato de resposta, a aventura se tornou bastante prazerosa.
Diferentemente de jogos de plataforma mais comuns, sair correndo e pulando nunca será uma opção viável; pelo contrário, é necessário analisar o cenário e pensar em cada movimento para não acabar morrendo. Nesse sentido, o level design acompanha a alta exigência que Lunark tem com o jogador, pois cada obstáculo e inimigo é posicionado de uma forma que faz com que seja difícil concluir o local, mas totalmente possível se houver atenção.
A arma utilizada por Leo também exige um pouco de estratégia para ser usada, pois ela necessita de um tempo de carregamento após alguns tiros. Para facilitar um pouco, existem algumas estruturas escondidas pelos cenários que aprimoram a arma, aumentando a quantidade de disparos.
Outra forma de evoluir o personagem é encontrando um item específico que um NPC chamado Hugg deseja. Ao efetuar a entrega, somos recompensados com mais corações de vida. Por conta desses aprimoramentos, a exploração se torna benéfica ao jogador, tornando a jornada um pouco menos difícil.
Poucos problemas em um jogo feito com carinho
Embora sejam simples, os gráficos em pixel art de Lunark são bem detalhados, com o visual dos chefes merecendo grande destaque. Além disso, há algumas cenas animadas que foram criadas com a técnica de rotoscopia, ou seja, os momentos foram filmados por pessoas reais e redesenhados quadro a quadro, criando a animação a partir do vídeo.
A trilha sonora segue a variedade de cenários e também apresenta uma boa quantidade de faixas diferentes. O que pode acabar incomodando algumas pessoas é a repetição da música que toca durante as cenas animadas, geralmente quando coletamos um item chave ou interagimos com algum dispositivo.
Em cada detalhe, podemos ver o cuidado e o carinho que os desenvolvedores tiveram com a criação de Lunark. Cada pedacinho do jogo parece ter sido planejado meticulosamente, pois tudo o que há no cenário não é por acaso e possui um motivo coerente para estar ali.
A despeito das diversas qualidades, o que acabou me incomodando bastante foi a incoerência dos pontos de respawn. Em alguns momentos, voltamos para um local próximo ao que morremos, mas em outros retornamos várias áreas atrás. Por esse motivo, algumas regiões mais difíceis se tornaram cansativas, pois sempre que eu falhava, precisava atravessar a zona inteira novamente.
Uma ótima forma de revisitar ou conhecer o gênero
Com Lunark, a Canari Games não só homenageia os títulos que a inspiraram, mas cria uma ótima adição com identidade própria ao gênero de plataforma cinematográfica. O jogo pode não agradar pessoas que prefiram uma abordagem mais veloz, mas aqueles que se permitirem conhecer a obra serão certamente recompensados com uma experiência ímpar que exigirá raciocínio e habilidade com o controle.
Prós:
- História simples, mas interessante e cheia de mistérios;
- NPCs com diálogos que contribuem com a trama;
- Movimentos com tempo de resposta exato que requerem precisão do jogador;
- Gráficos em pixel art bem detalhados;
- Excelente adição a um gênero pouco explorado atualmente.
Contras:
- Ausência de legendas em português;
- A necessidade de realizar os comandos em tempo exato pode afastar pessoas que preferem jogos mais rápidos;
- Os pontos de respawn são inconstantes, com alguns momentos obrigando o jogador a repetir áreas inteiras.
Lunark — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela WayForward