Análise: Kraino Origins (Switch) — uma aventura de plataforma das antigas que diverte com simplicidade

Ajude o elegante Kraino a derrotar as forças do mal neste jogo de ação retrô.

em 14/04/2023
Em uma terra distante, o maligno Dr. Batcula decidiu formar um exército sombrio a partir de magia e ciência, dando vida às suas próprias criaturas e revivendo monstrengos do passado. No entanto, o seu plano começou a dar errado quando ele ressuscitou Kraino, um esqueleto que parecia ser maligno, mas que bravamente passou a combater as tropas do vilão.


Assim, Kraino Origins narra a saga desse protagonista que, buscando salvar o universo de seus perigos assombrosos, deve enfrentar cenários bidimensionais com desafios de plataforma e embates intensos. Embora não seja uma aventura essencialmente original e ampla, é preciso reconhecer que este platformer retrô consegue nos divertir por meio de sua agradável simplicidade. 

Tirando o chapéu para Kraino

Em termos de narrativa, Kraino Origins é bastante limitado: para além de uma breve cena cinematográfica introdutória, o jogo não apresenta grandes acontecimentos ou desenvolve personagens, apenas nos mostra alguns diálogos conforme avançamos pela campanha. Por isso, sem se aprofundar em sua trama, fica claro que a aventura concentra-se em oferecer uma jogabilidade intensa.


Com movimentação lateral, saltos e a presença de habilidades especiais que nos permitem atacar à distância, atirando bolas de fogo ou arremessando machados, por exemplo, Kraino possui um repertório de movimentos bastante tradicional, mas que é divertido de usar. Isso ocorre principalmente pela precisão dos comandos e também pela intensidade dos desafios, que exigem pulos precisos, desvios ligeiros e investidas de ataque diversificadas.

Quando o assunto é progressão, a campanha é essencialmente linear, compreendendo oito estágios, cada qual com um chefão em seu final, além de outras pequenas fases que são chamadas de Desafios. Nestas, devemos superar adversidades para conquistar as Caveiras Mágicas, que possibilitam melhorias na loja da aventura.



Esses motivos evidenciam que Kraino Origins tem uma essência bastante simples em termos de progressão e jogabilidade, o que não é necessariamente um problema. Muito pelo contrário, essa é uma das maiores qualidades da aventura: entreter através de desafios intuitivos e clássicos, que também são agraciados por uma estilosa estética retrô.

O belo e pixelado Mundo Superior

Além de interessantes propostas de level design, temos aqui um título que incorpora muito bem a sua temática assustadora: enquanto os cenários estampam ilustrações encantadoras, exibindo cemitérios, cavernas e florestas, os personagens são criativos e vão desde lobisomens e arqueiros esqueletos até cogumelos venenosos e fantasmas. Nesse sentido, a pixel art utilizada faz um bom serviço, trazendo o aspecto old school desejado, mas sem deixar de caprichar nas ambiências do Mundo Superior, como é chamado o universo da saga.

Outra proeza de Kraino Origins está no fato de que os estágios contam com itens coletáveis. Em cada fase, podemos coletar até três Fragmentos de Alma, o que é interessante pois, além de incentivar as explorações, também aumenta o fator replay da aventura, juntando-se à conjuntura de que as fases de desafio são opcionais; ou seja, encaramos esses estágios apenas se desejamos coletar novos recursos.

Diante disso, a minha jornada foi divertida e encantadora, tanto por conta das qualidades estéticas, quanto pela fundamentação dos desafios. Uma pena, no entanto, que alguns problemas se manifestem em meio aos cenários arrasados pelas tropas do Dr. Batcula.

Adversidades que não estão nos estágios

Nos primeiros instantes de jogatina, é notável que as físicas de movimentação de Kraino são um tanto singulares. Apesar dos comandos serem precisos, os saltos e a corrida do protagonista se mostram rígidos e lentos, causando uma certa estranheza que se intensifica quando os desafios exigem precisão. Por conseguinte, torna-se necessário um tempo de habituação aos recursos do jogo.

Enquanto isso, outros dois potenciais problemas chamaram a minha atenção, mas que não estão necessariamente no gameplay em si. Primeiro, é preciso apontar que Kraino Origins é uma aventura breve: com cerca de duas horas e meia, pode-se completar os oito estágios da campanha, o que é frustrante.

Em seguida, temos a adversidade de que, após o fim da jornada, nota-se claramente que o jogo não traz, essencialmente, nada de novo em suas premissas. De fato, em muitos momentos há até uma certa falta de originalidade nas propostas do jogo, que não agrega e nem revoluciona nada em seu gênero, baseando-se apenas na premissa de ser um título retrô.

Assim, a verdade é que Kraino Origins é uma aventura recomendada para aqueles que procuram uma escolha segura de aventura de plataforma com raízes clássicas. Nesse sentido, por executar bem as suas premissas, o jogo pode encantar com os seus desafios simples e efetivos, mas não espere por nada além disso.

Vestido para matar (o mal, claro)

Em suma, Kraino Origins é um novo platformer com premissas retrô que se junta à biblioteca do Switch. Enquanto a sua pixel art proporciona cenários bonitos, os seus desafios garantem uma jogatina muito intensa, fazendo com que a aventura, mesmo que curta, tenha um charme tão elegante quanto Kraino, que veste um estiloso terno e um belo chapéu roxo.



Prós

  • As fases contam com desafios de plataforma clássicos;
  • Batalhas contra chefões e uso de habilidades divertidas;
  • A estética da aventura é agraciada por uma bela pixel art e personagens curiosos;
  • Os desafios extras e demais coletáveis aumentam o fator replay;
  • Para os fãs de platformers, há uma diversão simples, efetiva e certeira.

Contras

  • No início, a movimentação rígida de Kraino pode causar estranheza;
  • A campanha principal é curta, além de não desenvolver a trama da obra;
  • Não traz nada de novo, deixando a desejar em termos de originalidade.
Kraino Origins — Switch/iOS/PC — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Diogo Mendes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Elden Pixels

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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