Análise: Arcana of Paradise -The Tower- (Switch): crianças, sobrevivência e uma torre misteriosa

Novo jogo da publisher Shueisha Games traz uma proposta instigante de roguelike deckbuilder.

em 26/04/2023
Arcana of Paradise -The Tower-
é um roguelike deckbuilder desenvolvido pela Tasto Alpha em parceria com a Shueisha Games. Apostando na aura de mistério de uma torre que alcança os céus, o jogo nos coloca no controle de um grupo de crianças que sonha em chegar à superfície e precisará se esforçar para sobreviver aos seus perigos.

A torre e seus mistérios

Em Arcana of Paradise, acompanhamos um grupo de crianças que vive no topo de uma misteriosa torre. Profecias falam de um paraíso na superfície, então elas decidem explorar o lugar na expectativa de um dia chegar lá.

Porém, de forma mais prática, elas também precisam sobreviver e alimentar seus companheiros. Isso se reflete no jogo na busca por pão, que também é uma moeda importante para desbloquear novas funcionalidades para a torre.

Gastando um pouco desse suprimento que é necessário para manter as crianças vivas, você pode desbloquear, por exemplo, uma fonte de água, uma fornalha que fornece um pouco de pão (mas menos do que o necessário para a equipe grande) e algumas cartas adicionais que podem aparecer dentro da torre.

Como o pão é um recurso bem limitado, o jogador é forçado a gerenciar bem os seus gastos. Não é razoável simplesmente gastar todo o seu pão em novos recursos, já que as crianças precisam dele para sobreviver. O ideal é sempre manter um estoque de suprimentos razoável antes de gastar com o desbloqueio de novas funcionalidades, explorando a torre para coletar mais comida com o balde que permite o retorno automático ao topo.

Tentar entender os mistérios da torre e mergulhar mais fundo é bem instigante. Os elementos estéticos gráficos e sonoros reforçam bem essa ambientação, dando um tom melancólico para a aventura e um toque de aventura para a exploração da torre em si. Destaco em especial o som do topo da torre, que usa um coro que soa religioso em seu uso de vozes femininas bem suaves acompanhadas do som de cordas.

Cartas na manga

Após um trecho inicial, as crianças de Arcana of Paradise começam a se tornar guerreiras, podendo assumir a postura de lutador físico ou mágico. Somente aquelas que passaram pelo rito de passagem podem entrar na torre, pois o lugar é bastante perigoso.

Cabe ao jogador escolher duas crianças e guiar esse par na exploração. Cada personagem possui cartas associadas à sua postura de guerreiro, como ataques elementais para os magos, espadas, escudos e punhos cerrados para lutadores. É com elas que são montados os baralhos iniciais, mas outras cartas podem ser adquiridas durante a exploração.

Uma vez dentro da torre, os personagens precisam utilizar suas cartas como recursos para exploração e batalha. Cada andar é dividido em múltiplas interações, sendo necessário entender o que fazer em situações como “preciso liberar um objeto gigantesco que está no caminho” ou “uma criatura está com fome e quer que você a ajude a preparar uma carne”.

Além dessas interações pontuais, temos batalhas contra criaturas hostis que dependem do uso do baralho como recursos de combate. O detalhe aqui é que isso ocorre em tempo real, sendo bastante importante o cuidado com o timing.

Por exemplo, usar uma carta de escudo no momento certo deixa o seu inimigo atordoado e sem ação durante um tempo. Da mesma forma, os golpes podem ser encadeados para extrair mais dano, inimigos podem entrar em instância de contra-ataque e há outras situações específicas que o jogador pode explorar com o timing correto. Os efeitos das cartas também podem mudar se elas estiverem invertidas, brincando com o conceito do tarô.

Uma aventura repetitiva

Arcana of Paradise é um roguelike, então a exploração da torre possui algumas variações e a jornada começa desde o topo. Porém, ao contrário do que costuma ser esperado do gênero, a diversidade de possibilidades para cada andar é muito pequena.

Essa é a principal falha do jogo, e, infelizmente, é um problema bem grave para o seu gênero. Isso enfraquece a experiência, deixando-a rapidamente repetitiva. Essa monotonia também acaba indo contra a sensação de mistério desejada pelo jogo, reduzindo um dos seus principais apelos.
Outro problema é o menu no topo da torre, cuja movimentação é um pouco inconveniente. O jogador deve mover um cursor para interagir com as crianças e objetos de lá, mas, em vez de uma tela contínua, as áreas são totalmente separadas e se aproximar de uma borda leva à outra área. Isso pode atrapalhar na hora de interagir com algum item próximo da transição de telas e, além disso, o título não aproveita a tela de toque do Switch, que facilitaria esse processo.

Porém, um valor positivo do jogo é que ele está traduzido em português. Alguns termos menores são mantidos em inglês, mas, de forma geral, a tradução é competente e bem-vinda tendo em mente a importância do entendimento textual para a exploração.

Um roguelike deckbuilder diferente

Arcana of Paradise -The Tower- explora o conceito de baralho de interações para criar uma proposta bem interessante de roguelike deckbuilder. Embora a pouca variedade de situações pese consideravelmente contra a experiência, ainda é um jogo bem curioso e que vale a pena experimentar.

Prós

  • Curiosa implementação de baralho como forma de resolver desafios lógicos e batalhas;
  • Elemento de tempo real e a possibilidade de inversão da posição adicionam um elemento dinâmico para o uso das cartas;
  • Gerenciamento de recursos bem projetado para forçar o jogador a ter cautela em seu progresso;
  • Ambientação misteriosa envolvente;
  • Tradução para o português.

Contras

  • Pouca variedade de situações faz com que a exploração rapidamente fique repetitiva;
  • A movimentação no menu do topo da torre acaba sendo inconveniente.

Arcana of Paradise -The Tower- — Switch/PC — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Shueisha Games

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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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